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Dólar sobe 1,4%, a R$ 3,705, e se distancia do câmbio ideal; Bolsa cai 2,2%

Do UOL, em São Paulo

29/10/2018 17h07Atualizada em 29/10/2018 17h33

No primeiro dia útil após a eleição de Jair Bolsonaro (PSL) como presidente, o dólar comercial fechou esta segunda-feira (29) em alta de 1,39%, cotado a R$ 3,705 na venda, após duas quedas seguidas. Com isso, a moeda segue acima da cotação considerada “ideal” para o equilíbrio da economia, que é de R$ 3,20 a R$ 3,30, segundo a FGV.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para turistas, o valor sempre é maior.

O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou em baixa de 2,24%, a 83.796,71 pontos, após duas altas consecutivas. Na última sexta-feira (26), o dólar fechou em queda, vendido a R$ 3,655, o menor valor em cinco meses, e a Bolsa subiu 1,95%, a 85.719,87 pontos.

Pesaram no desempenho da Bolsa nesta sessão as fortes quedas das ações da mineradora Vale (-4,5%), da Petrobras (-4,28%), do Bradesco (-1,88%), do Itaú Unibanco (-1,84%) e do Banco do Brasil (-1,3%).

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No começo dos negócios, os investidores receberam com otimismo a eleição de Jair Bolsonaro para a Presidência do Brasil, em meio a apostas de que a sua equipe econômica adotará uma agenda positiva para o país. O movimento perdeu o fôlego, porém, com investidores aproveitando o preço mais baixo do dólar para irem às compras.

A Bolsa, por sua vez, chegou a subir 3,1%, a 88.377,16 pontos, superando sua maior pontuação histórica, de 88.317,83 pontos, apurada em fevereiro, mas inverteu o sentido à tarde, com o mercado à espera de mais detalhes sobre os planos do presidente eleito para a economia.

De acordo com estrategistas e gestores, os desafios do próximo governo são grandes, mas avaliam que o presidente eleito deve ter o benefício da dúvida em um primeiro momento, diante das expectativas de um governo a favor de reformas e liberal.

Guedes aponta controle de gastos

Já anunciado como ministro do governo Bolsonaro, o economista Paulo Guedes afirmou na noite deste domingo (28) que é "factível" zerar o déficit fiscal em 2019, além de colocar a reforma da Previdência como prioridade.

"Nós vamos tentar. É factível, claro que é factível. Controle de gastos", declarou ao ser questionado se dava para resolver o problema no primeiro ano da gestão.

Exterior também influencia

O cenário externo também influenciou os mercados nesta segunda-feira. No geral, seguiam as preocupações com a guerra comercial e seus efeitos sobre o crescimento, sobretudo da China, e sobre Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia), orçamento italiano e alta de juros nos Estados Unidos.

"A longa lista de problemas lá fora volta a ganhar destaque e pode inibir a queda (do dólar ante o real) daqui em diante", disse o diretor da corretora Mirae, Pablo Spyer.

Dólar “ideal” considera equilíbrio da economia

O dólar "ideal" deveria estar hoje entre R$ 3,20 e R$ 3,30, segundo Emerson Marçal, coordenador do Centro de Economia Aplicada da Fundação Getulio Vargas (Cemap/FGV), que realiza trimestralmente um estudo sobre a taxa de equilíbrio do câmbio.

A taxa de equilíbrio é uma cotação que não seja nem muito alta nem muito baixa, para não prejudicar nenhum setor. Os exportadores, por exemplo, precisam de dólar mais alto para os produtos brasileiros custarem menos no exterior. Por outro lado, se o dólar disparar, os produtos importados ficam muito caros e isso aumenta a inflação no Brasil.

Esse "dólar ideal" é calculado periodicamente e busca um equilíbrio nas contas externas. Essas contas incluem balança comercial (exportações e importações), trocas de serviços (como seguros internacionais e gastos de brasileiros em viagens ao exterior), remessas de lucros e dividendos, pagamentos da dívida externa e os investimentos estrangeiros no país.

(Com Reuters)

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