Bolsa cai 13% após suspender negociações; dólar sobe e beira R$ 5,06
A Bolsa de Valores brasileira começou a semana com perdas de mais de 12% e interrompeu os negócios. Foi a quinta suspensão em oito dias, desde 9 de março. Os mercados mundiais operam em forte queda, mesmo após vários bancos centrais anunciarem medidas para tentar conter os impactos do coronavírus na economia. O dólar encostava em R$ 5,06.
O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, acionou o "circuit breaker" pouco depois da abertura, quando registrava queda de 12,53%, a 72.321,99 pontos. O mecanismo interrompe automaticamente os negócios por meia hora quando a queda supera 10%. Por volta das 16h40, a Bolsa despencava 13,19%, a 71.773,02 pontos. Para que ocorra uma nova parada hoje, a queda precisa atingir 15%. No mesmo horário, o dólar comercial subia 5,07%, a R$ 5,057 na venda.
O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto. Nesta segunda, chega a R$ 5,20 em corretoras de São Paulo.
Bancos centrais tentam conter crise
Bancos centrais das principais economias estão adotando medidas para estimular os mercados, que se deterioram em meio à pandemia.
Por exemplo, o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) cortou ontem os juros em um ponto percentual, para perto de zero, em uma decisão emergencial. O banco também prometeu centenas de bilhões de dólares em compras de ativos.
Apesar dos esforços, as Bolsas da Europa despencavam na manhã de hoje ao menor nível desde 2012, enquanto as asiáticas fecharam em queda de mais de 2%.
Hoje os mercados internacionais deveriam repercutir positivamente as ações adotadas neste final de semana pelos bancos centrais. Entretanto, nem mesmo as ações emergenciais estão sendo capazes de conter o pânico que se assola sobre os mercados nesta manhã.
Ricardo Gomes da Silva, da Correparti Corretora
Segundo analistas, a decisão dramática e inédita do Fed, apesar de buscar estimular os mercados, apenas destaca o quanto o coronavírus está afetando a economia global, forçando o banco a colocar em ação suas ferramentas disponíveis.
"As sequelas da Covid-19 já se fazem presentes na economia global e devem se ampliar ainda mais nas economias da zona do euro, dos EUA e aqui no Brasil, com risco de estarmos próximos de uma recessão global", destacou a equipe da Mirae Asset, em relatório a clientes.
Expectativa de corte de juros no Brasil
As medidas dos principais bancos centrais pelo mundo geram expectativa de que o BC brasileiro antecipe um corte na taxa básica de juros (Selic), que hoje está em 4,25%. O Copom (Comitê de Política Monetária), responsável pela decisão, tem reunião marcada para esta terça e quarta-feira.
Analistas do mercado esperam a Selic em 4% e reduziram a estimativa de crescimento em 2020 em 0,31 ponto percentual, a 1,68%.
Governo anuncia novas medidas de emergência
O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou nesta segunda-feira, em reunião extraordinária, medidas para facilitar a renegociação de dívidas, numa resposta aos impactos do coronavírus sobre a economia brasileira. O governo também flexibilizou os requerimentos de capitais dos bancos nos próximos seis meses.
A expectativa é que as medidas aumentem o fluxo de capital na economia brasileira e sirvam de incentivo para minimizar a crise.
(Com Reuters)
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