Bolsa salta 2,33% e tem maior alta em 7 meses; dólar cai 2,23%, a R$ 5,262
Puxado por um exterior positivo, o Ibovespa registrou forte alta de 2,33% na sessão de hoje, terminando o dia aos 120.210,75 pontos. É a maior valorização diária em quase sete meses, desde 28 de janeiro, quando o principal índice da Bolsa de Valores brasileira subiu 2,59%, aos 118.883,25 pontos.
No sentido oposto, o dólar comercial despencou 2,23% nesta terça-feira (24), encerrando o dia cotado a R$ 5,262 na venda — a maior queda diária desde 31 de março, sessão em que a moeda americana registrou desvalorização de 2,31% frente ao real.
Mesmo com o desempenho de hoje, o Ibovespa segue com balanço negativo em agosto, tendo acumulado perdas de 1,31% até então. O dólar, em contrapartida, subiu 1% no mês.
O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.
Commodities ajudam...
O bom resultado do Ibovespa hoje foi sustentado pelo forte avanço das commodities no exterior ainda que riscos domésticos — como o equilíbrio das contas públicas e a tensão político-institucional, por exemplo — sigam presentes no radar dos investidores.
A cotação do minério de ferro, que ontem havia recuado, fechou em alta de 6,89% no porto de Qindao, na China, com perspectivas de retomada mais forte da economia local. O avanço desses preços também influenciou a forte queda do dólar em relação a moedas de países emergentes, como o real.
Segundo Alexandre Netto, chefe de câmbio da Acqua-Vero Investimentos, o desempenho da moeda brasileira hoje é, além de reflexo de um ambiente internacional mais inclinado ao risco, um "sinal de fluxo" — refletindo movimentos de internalização de recursos por parte de exportadores.
À medida que [o dólar] sobe, o exportador aproveita alguns momentos para internalizar recursos. (...) Além disso, também recebemos fluxo de investidores estrangeiros fazendo 'carry trade', aplicando na renda fixa em meio ao aumento de juros pelo Banco Central.
Alexandre Netto, da Acqua-Vero Investimentos
... mas política preocupa
Mesmo com o exterior positivo, o mercado seguiu atento ao noticiário de Brasília. Hoje, o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), "acalmou" os investidores ao dizer que não haverá calote no pagamento de precatórios, tampouco uma solução que inclua o rompimento do teto de gastos.
Alejandro Ortiz, economista da Guide Investimentos, explicou à Reuters que a fala de Lira é um sinal positivo em meio ao persistente receio sobre a saúde das contas públicas, embora não signifique uma mudança concreta no cenário fiscal.
(Com Estadão Conteúdo e Reuters)
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