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Dólar cai a R$ 4,667, menor valor em 2 anos; Bolsa emenda 3ª alta semanal

Yuriko Nakao/Reuters
Imagem: Yuriko Nakao/Reuters

Do UOL, em São Paulo

01/04/2022 17h23

O dólar comercial fechou em queda de 1,97% nesta sexta-feira (1º), cotado a R$ 4,667 na venda, no segundo recuo seguido. É o menor valor do dólar em mais de dois anos, desde 10 de março de 2020 (R$ 4,647). É a quinta desvalorização semanal (-1,69%).

O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), encerrou em alta de 1,31%, aos 121.570,15 pontos —maior pontuação de fechamento desde 13 de agosto de 2021 (121.193,75 pontos). É a terceira alta semanal seguida, de 2,09%.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.

Fluxo de investimentos estrangeiros

Investidores têm apontado um fluxo constante de recursos estrangeiros para o Brasil como o responsável pela desvalorização do dólar no ano. A disparada das commodities desde o início da guerra na Ucrânia tem favorecido o país, bem como outras nações exportadoras desse tipo de produto, enquanto o patamar elevado da Selic serve como impulso adicional para o real.

Juros mais altos por aqui tendem a atrair investimentos de agentes financeiros que buscam retornos elevados na renda fixa. Enquanto no Brasil a Selic está em 11,75% ao ano, os custos dos empréstimos em muitas economias desenvolvidas estão em patamares próximos de zero ou até mesmo em terreno negativo.

"O fluxo continua a imperar no cenário local, mantendo a perspectiva, ao menos no curto prazo, de manutenção da valorização do real frente ao dólar", disse em nota Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.

Dados de emprego nos EUA

O mercado hoje reagiu à divulgação de dados de emprego nos Estados Unidos, enquanto mantinha a guerra da Ucrânia no radar.

O aguardado relatório de emprego do Departamento de Trabalho dos EUA apontou abertura de 431 mil vagas de trabalho fora do setor agrícola em março, abaixo da expectativa do mercado de 490 mil, embora o número do mês anterior tenha sido revisado para cima em 72 mil postos. A taxa de desemprego caiu a 3,6%, mínima desde fevereiro de 2020, de 3,8% em fevereiro e projeção de 3,7%.

O conjunto dos indicadores reitera cenário que permite ao Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) subir os juros em 0,5 ponto percentual em maio, o que já era a projeção majoritária do mercado.

"A leitura dos dados de mercado de trabalho reforça a necessidade de maiores aumentos na taxa de juros norte-americana, diante do persistente processo inflacionário, agravado pela guerra entre Rússia e Ucrânia", escreveram analistas da Genial Investimentos.

A guerra segue no radar, em novo dia de negociações entre equipes russas e ucranianas, enquanto a necessidade de pagamentos em rublos para importar gás russo não passou a valer nesta sexta-feira.

Cenário interno

No Brasil, a produção industrial acelerou 0,7% em fevereiro ante janeiro, disse o IBGE, contra estimativa de avanço de 0,3%, segundo pesquisa da Reuters com analistas.

O mercado também mantém no radar os efeitos da greve de servidores do Banco Central e a postergação em 30 dias do início da eficácia da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de 2022.

* Com informações da Reuters