Dólar tem forte alta e fecha a R$ 5,321, maior valor em cinco meses
O dólar comercial teve forte alta hoje, subindo 1,65%, e encerrou cotado a R$ 5,321 —esse é o maior valor de fechamento da moeda em cinco meses, desde 4 de fevereiro (R$ 5,322). Com o resultado, o dólar acumulou valorização de 1,3% na semana, o quinto avanço semanal seguido.
A alta de hoje foi puxada por fatores externos e também pela aprovação no Senado ontem da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) dos auxílios, que estabelece um estado de emergência para ampliar e criar novos auxílios sociais. O custo do pacote, que ficará fora do teto de gastos, chega a R$ 41,2 bilhões e valerá até 31 de dezembro deste ano em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) tentará a reeleição. Além da PEC, também puxou o dólar uma tendência global de avanço da moeda.
No mercado externo, a perspectiva de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), seguirá com posicionamento agressivo no combate à inflação, com aumento dos juros, se renovou esta semana.
O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), subiu 0,42%, após três quedas seguidas, mas fechou abaixo dos 100 mil pontos, encerrando aos 98.953,90. Na semana, a Bolsa ganhou 0,29%.
O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.
PEC gasta R$ 41,2 bi com auxílios
A PEC aprovada ontem cria o vale-caminhoneiro de R$ 1.000, aumenta o vale-gás para R$ 120 e o Auxílio Brasil para R$ 600, além de dar outros benefícios.
A votação da proposta, que ainda deve passar pela Câmara dos Deputados, ocorreu a cerca de 100 dias das eleições de outubro e é apontada por críticos como eleitoreira, o que preocupa investidores.
"Os rumos da situação fiscal no Brasil, adicionados ao cenário internacional mais desafiador, têm mantido o dólar mais alto, a curva de juros pressionada e a bolsa com dinâmica negativa", escreveu Dan Kawa, diretor de investimentos da TAG.
Apesar de serem polêmicas, as medidas foram aprovadas quase por unanimidade pelos senadores — apenas José Serra (PSDB-SP) foi contrário à proposta nos dois turnos de votação. Ele afirmou que a PEC é eleitoreira e compromete as contas públicas do país. Advogados ouvidos pelo UOL afirmam que os senadores agiram de olho nas eleições de outubro.
Oposição diz que não pode ser contra auxílios
Para o presidente do PDT, Carlos Lupi, a PEC é oportunismo eleitoral, mas não havia como votar contra, conforme relatou o colunista do UOL Chico Alves.
"É uma questão de oportunismo eleitoral. Por que só agora? Não votamos contra porque a proposta atende aos mais necessitados. Nossa oposição é a Bolsonaro, não aos pobres", afirma Lupi.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, diz que fica "difícil votar contra os benefícios quando o povo está sofrendo". "Criticamos a PEC porque ela é de emergência eleitoral, isso sim. Se tivessem preocupação com o povo, já teriam tomado medidas antes", afirma a presidente do PT na coluna de Alves.
Gleisi diz continuar a considerar "um horror" a proposta, mas que diante da crise qualquer coisa ajuda. "Para quem está sem dinheiro, R$ 200 a mais de auxílio já é alguma coisa, mas do ponto de vista estrutural não resolve, não é sustentável", diz a deputada.
Preocupações com a economia global
A alta do dólar no mundo foi generalizada, superando 1% também em países como Austrália, Chile e Colômbia.
Por trás dessa movimentação estava o receio de que a determinação dos principais bancos centrais do mundo no combate à alta dos preços prejudicará demais a atividade global, podendo empurrá-la para uma recessão. Um sinal desses temores era o forte declínio dos rendimentos da dívida soberana dos EUA, que costumam cair em momentos de demanda por segurança.
"A inflação será muito mais resiliente, forçando o Fed a manter as condições financeiras apertadas [juros altos] por um período longo, mesmo com a economia desacelerando forte", disse em postagem no Twitter Marcos Mollica, gestor no Opportunity.
"Esta vai ser a ruptura com a dinâmica da última década, em que o Fed recuava no aperto diante de qualquer soluço da economia. Quando o mercado entrar nesta página, teremos mais pressão sobre as bolsas e dólar forte."
*Com Reuters
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