Mourão critica Pedro Guimarães por acusações de assédio: 'Falhou feio'
O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, criticou hoje o ex-presidente da Caixa Econômica Federal Pedro Guimarães pelas denúncias de assédio sexual. Mourão disse que, "nessa parte moral", o ex-chefe do banco estatal "falhou feio". Já o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem evitado falar sobre o assunto.
Guimarães pediu demissão na última quarta-feira (29) após funcionárias da Caixa relatarem episódios de abuso praticados por ele. O MPF investiga o caso.
"Qualquer tipo de assédio que é feito por um superior sob um subordinado é uma das piores coisas que podem acontecer. Não concordo em hipótese alguma", afirmou Mourão, ao falar com jornalistas hoje ao chegar ao Palácio do Planalto.
Em termos operacionais, o trabalho do Pedro foi muito bom, a Caixa avançou bastante nesses anos, mas, lamentavelmente, nessa parte moral, falhou e falhou feio. General Hamilton Mourão, vice-presidente da República
Desde a queda de Guimarães, Bolsonaro tem se esquivado sobre o tema. Ontem, um apoiador, em conversa com o presidente, elogiou a Caixa Econômica Federal. O chefe do Executivo prestou atenção no que foi dito sobre o banco, mas não teceu nenhum comentário, nem para corroborar com o que dizia o homem, nem para repreender o comportamento de Pedro Guimarães.
Em sua tradicional transmissão ao vivo semanal nas redes sociais ontem, Bolsonaro preferiu atacar o PT e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu adversário na disputa presidencial. A live também foi mais curta do que o habitual e teve cerca de 30 minutos.
A queda de Guimarães
Os casos relatados por funcionárias da Caixa contra Pedro Guimarães incluem toques íntimos não autorizados, abordagens inadequadas e convites incompatíveis à relação de trabalho. As denúncias estão sendo investigadas pelo Ministério Público Federal. O TCU (Tribunal de Contas da União) também pediu a órgãos de controle a abertura de investigação.
Após as denúncias, Guimarães afirmou durante um evento da Caixa que tem "uma vida inteira pautada pela ética" e orgulho de como se portou ao longo da vida. O ex-presidente da Caixa é casado com Manuella Guimarães, filha do delator da Lava Jato Léo Pinheiro. Ele tem 57 anos e tem dois filhos. É formado em Economia pela PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) e possui três cursos em nível de mestrado, sendo um na Universidade de Rochester, nos Estados Unidos. Antes de assumir a Caixa, passou pelos bancos BTG Pactual e Plural.
Especialista em privatizações, Guimarães assumiu o comando da Caixa em janeiro de 2019 após ser indicado ao cargo pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, ainda no início da gestão Bolsonaro. Desde então, Guimarães se afastou do chefe da pasta e virou um dos nomes mais próximos de Jair Bolsonaro (PL), participando várias vezes da live semanal do presidente.
Em abril, Guimarães disse que se mudaria para a África caso Bolsonaro não seja reeleito este ano, mostrou a coluna de Bela Megale, do jornal O Globo. De acordo com a colunista, a fala teria ocorrido durante um jantar promovido pelo grupo Esfera Brasil.
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