Logo Pagbenk Seu dinheiro rende mais
Topo

Mercado tem reação branda após atos golpistas; por que não se abalou?

Anaís Motta e Karin Salomão

Do UOL, em São Paulo

09/01/2023 13h01

A Bolsa e o dólar não tiveram grandes abalos após os atos golpistas. Analistas consultados pelo UOL dizem que a situação afasta investidores estrangeiros, mas o impacto deve ser de curto prazo e nada deve mudar na política brasileira.

Por que o mercado não se abalou?

  • A reação está mais branda porque a resposta dos Três Poderes foi dura e sinérgica, diz Mauricio Valadares, sócio e CIO da Nau Capital.
  • Luis Novaes e Régis Chinchila, da equipe de análise da Terra Investimentos, concordam: as contramedidas do governo podem ter aliviado as preocupações quanto a novos acontecimentos como o de ontem.
  • O ocorrido é bastante grave, mas o mercado opera sempre à frente, e espera que a normalidade volte, diz Valadares.
  • Para os investidores, os atos golpistas não devem trazer nenhuma mudança para o governo.
  • "O mercado entende que o que aconteceu ontem, apesar de trágico, feio e humilhante para a história da República, não faz preço [não altera o mercado na Bolsa]", diz Matheus Spiess, analista da Empiricus. "Não vai ter ruptura institucional, não vai ter golpe", afirma.
  • Apesar de ter sido grande, foi também um ato isolado, diz Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos.
  • Para Ilan Arbetman, analista de research da Ativa Investimentos, a percepção de risco do país foi afetada, mas não interfere na capacidade de crescimento das empresas da Bolsa brasileira.
  • Os atos de vandalismo não foram estimulados por nenhuma frente política e não representam risco institucional significativo, diz Gabriel Araujo Gracia, Guide Investimentos.
  • Por outro lado, Spiess diz que os atos terão efeitos na governabilidade do presidente Lula para os próximos anos.

Como fica o risco Brasil e o investimento estrangeiro?

  • As invasões e os atos de vandalismo foram machete em diversos jornais em todo o mundo. Isso mancha a imagem do Brasil para os investidores estrangeiros e aumenta o risco de colocar o dinheiro na Bolsa brasileira, dizem analistas.
  • Até então, os investidores estrangeiros estavam mais otimistas com o Brasil do que os investidores nacionais, colocando mais dinheiro na Bolsa.
  • Agora, o mercado acredita que o otimismo pode ser reduzido, diz Nenad Dinic, estrategista de equity da Julius Baer.
  • Já Cohen discorda. Segundo ele, o investidor estrangeiro colocou R$ 100 bilhões no Brasil em 2022 e o real foi uma das moedas que mais se valorizou. "Na minha visão, por enquanto não muda nada", diz.
  • A possibilidade de recessão global e a dificuldade da China em retomar a sua economia continuam afetando os mercados em todo o mundo, inclusive o Brasil, destacam os especialistas.

O que o mercado espera para os próximos dias?

  • "Serão dias tensos nos mercados e na nação até que o Planalto restabeleça a ordem e que os militares se posicionem de vez", diz o economista André Perfeito.

Enquanto não descartamos a possibilidade de que mais protestos violentos possam afetar o mercado no curto prazo, o foco dos investidores continuam sendo as questões macroeconômicas.
Nenad Dinic, estrategista da Julius Baer

Que consequências os analistas esperam para a política e a economia?

  • O atual governo terá um enorme desafio em caminhar por quatro anos diante de uma sociedade totalmente dividida, o que aumenta a instabilidade e a incerteza, diz Dan Kawa, CIO da TAG Investimentos.
  • A situação de conflito pode fortalecer a ala mais à esquerda do governo, estimulando gastos públicos em excesso.