Mercado tem reação branda após atos golpistas; por que não se abalou?
A Bolsa e o dólar não tiveram grandes abalos após os atos golpistas. Analistas consultados pelo UOL dizem que a situação afasta investidores estrangeiros, mas o impacto deve ser de curto prazo e nada deve mudar na política brasileira.
Por que o mercado não se abalou?
- A reação está mais branda porque a resposta dos Três Poderes foi dura e sinérgica, diz Mauricio Valadares, sócio e CIO da Nau Capital.
- Luis Novaes e Régis Chinchila, da equipe de análise da Terra Investimentos, concordam: as contramedidas do governo podem ter aliviado as preocupações quanto a novos acontecimentos como o de ontem.
- O ocorrido é bastante grave, mas o mercado opera sempre à frente, e espera que a normalidade volte, diz Valadares.
- Para os investidores, os atos golpistas não devem trazer nenhuma mudança para o governo.
- "O mercado entende que o que aconteceu ontem, apesar de trágico, feio e humilhante para a história da República, não faz preço [não altera o mercado na Bolsa]", diz Matheus Spiess, analista da Empiricus. "Não vai ter ruptura institucional, não vai ter golpe", afirma.
- Apesar de ter sido grande, foi também um ato isolado, diz Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos.
- Para Ilan Arbetman, analista de research da Ativa Investimentos, a percepção de risco do país foi afetada, mas não interfere na capacidade de crescimento das empresas da Bolsa brasileira.
- Os atos de vandalismo não foram estimulados por nenhuma frente política e não representam risco institucional significativo, diz Gabriel Araujo Gracia, Guide Investimentos.
- Por outro lado, Spiess diz que os atos terão efeitos na governabilidade do presidente Lula para os próximos anos.
Como fica o risco Brasil e o investimento estrangeiro?
- As invasões e os atos de vandalismo foram machete em diversos jornais em todo o mundo. Isso mancha a imagem do Brasil para os investidores estrangeiros e aumenta o risco de colocar o dinheiro na Bolsa brasileira, dizem analistas.
- Até então, os investidores estrangeiros estavam mais otimistas com o Brasil do que os investidores nacionais, colocando mais dinheiro na Bolsa.
- Agora, o mercado acredita que o otimismo pode ser reduzido, diz Nenad Dinic, estrategista de equity da Julius Baer.
- Já Cohen discorda. Segundo ele, o investidor estrangeiro colocou R$ 100 bilhões no Brasil em 2022 e o real foi uma das moedas que mais se valorizou. "Na minha visão, por enquanto não muda nada", diz.
- A possibilidade de recessão global e a dificuldade da China em retomar a sua economia continuam afetando os mercados em todo o mundo, inclusive o Brasil, destacam os especialistas.
O que o mercado espera para os próximos dias?
- "Serão dias tensos nos mercados e na nação até que o Planalto restabeleça a ordem e que os militares se posicionem de vez", diz o economista André Perfeito.
Enquanto não descartamos a possibilidade de que mais protestos violentos possam afetar o mercado no curto prazo, o foco dos investidores continuam sendo as questões macroeconômicas.
Nenad Dinic, estrategista da Julius Baer
Que consequências os analistas esperam para a política e a economia?
- O atual governo terá um enorme desafio em caminhar por quatro anos diante de uma sociedade totalmente dividida, o que aumenta a instabilidade e a incerteza, diz Dan Kawa, CIO da TAG Investimentos.
- A situação de conflito pode fortalecer a ala mais à esquerda do governo, estimulando gastos públicos em excesso.
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