Estúdios de fotografia faturam com books sensuais para levantar autoestima
Qualquer pessoa, seja gorda, magra, alta, baixa, jovem ou mais velha pode querer ter um book sensual de si mesma. É em cima dessa visão que estúdios de fotografia encontraram oportunidades de negócio. Eles buscam realçar a sensualidade de pessoas comuns e, assim, alimentar sua autoestima. Pelo menos dois estúdios atuam no segmento em São Paulo: Naked e Nude.
Criado em 2013 pelas irmãs Michelle Moll, 34, e Mariana, 28, fotógrafa e designer gráfica, o estúdio Naked Fotografia é especializado no estilo "boudoir", nome em francês para quarto feminino, dando a ideia de uma abordagem íntima, mas não explícita. O faturamento anual é de R$ 180 mil. O lucro não foi informado. Por ensaio, cobra entre R$ 2.000 e R$ 2.800.
A dupla estima que a maioria das clientes tem formação universitária e é atuante em suas áreas, como direito, arquitetura, saúde. A maioria faz o ensaio para dar de presente ao companheiro em datas especiais, mas também há solteiras que fazem para si próprias. “Acaba sendo um presente para os dois, mas a princípio acredito que fazem para se verem bonitas e trabalhar a autoestima”, diz Michelle.
Já a Agência Nude, das fotógrafas Darcy Toledo e Jane Walter, prioriza ensaios inspirados em revistas masculinas e também temáticos, com produção de cenas ou roupas que representam fetiches. O faturamento mensal da empresa varia de R$ 7.000 a R$ 40 mil. O lucro não foi informado. E os ensaios custam de R$ 1.250 a R$ 5.250.
Trabalhos são personalizados e levam em conta hobbies
Cada trabalho é personalizado. Começa com uma reunião para descobrir os gostos, hobbies, cotidiano e o que cada cliente acredita ser sensual – ou não – e as motivações para o ensaio. “A gente busca trazer a personalidade do cliente para o ensaio, o que acha sensual, bonito, e tenta fazer com que se sinta bem à vontade”, diz Michelle, do Naked.
A produção, que conta com maquiagem e figurino, dependendo do pacote, dura cerca de duas horas. Já a sessão fotográfica tem duração de até três horas. “Tem gente que rende muito bem, tem quem fique mais tímido e recatado, ou que tem menos expressão corporal”, afirma Michelle. Mas, durante o ensaio, as irmãs trabalham para que os clientes sintam confiança em si mesmos e se soltem.
A dupla realiza de 10 a 15 ensaios por mês. A maior procura pelo serviço é feita por mulheres, em sua maioria entre 35 e 40 anos, mas a Naked faz também ensaios masculinos e às vezes até com casais. São clicadas em média 400 a 450 fotos por ensaio. Mas os books têm de 25 a 40 fotos.
Depois de escolhidas pelo cliente, Mariana cuida do tratamento das imagens, com ajuda do Photoshop. “Eu já falo na reunião: usamos Photoshop, sim, mas não vamos aumentar seu peito, diminuir seu nariz, diminuir sua bunda. Você vai ser você”, diz.
Estúdio firma contrato de confidencialidade de imagens
Estúdio e cliente assinam um contrato de confidencialidade das fotos no qual a gráfica que imprime as imagens também participa. Para evitar qualquer risco de vazamento de fotos, Michelle e Mariana procuram trabalhar off-line, com HD fora do estúdio, e seis meses após cada ensaio deletam todas as fotos.
Por causa disso, o negócio vê a divulgação como um desafio, pois não pode usar as imagens dos trabalhos nas redes sociais. Periodicamente, a dupla precisa investir em ensaios próprios para isso. “As ferramentas que todo mundo consegue usar para o próprio negócio a gente não consegue.” Além disso, correm risco de ter imagens barradas pelas políticas do Facebook. Já o Instagram é mais aberto.
Falta de compreensão do público pode restringir negócio
Segundo Gustavo Carrer, consultor do Sebrae (Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa), além da divulgação, uma dificuldade para esse tipo de negócio é conseguir deixar claro para o público que o serviço não é pornografia. “É preciso um cuidado especial em acertar a dose da comunicação, texto e abordagem, o que sai na mídia, como construir a percepção do serviço.”
Porém, ele visualiza oportunidades com o crescente aumento do papel da mulher na sociedade. “Isso dá liberdade para a mulher fazer o que quiser, e essa maior liberdade está gerando oportunidades de negócio. Existem mais mulheres com interesse e com mais recursos para isso; está mais na agenda delas se ‘autopresentear’ e não consumir tendo de prestar conta a ninguém”, diz.
Onde encontrar:
Naked Fotografia: nakedfotografia.com.br
Agência Nude: nude.art.br
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