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Americano fundador da Catho fatura com palmilhas ortopédicas no Brasil

Larissa Coldibeli

Colaboração para o UOL, em São Paulo

26/01/2017 04h00

Necessidade pessoal é o que guiou o americano Thomas Case, 79, na criação de seus negócios. Em 1977, a dificuldade na busca por um emprego o motivou a criar a Catho, que viraria um dos maiores sites de empregos do Brasil, vendido em 2006. Em 2009, dores nos pés o motivaram a criar seu atual negócio, a Pés Sem Dor, de palmilhas ortopédicas sob medida feitas com tecnologia 3D.

São 16 pontos de vendas no Brasil. A meta é dobrar de tamanho em 2017 e chegar a 100 unidades em dez anos. O faturamento médio mensal da rede é de R$ 600 mil, segundo o empresário. O lucro não foi divulgado. A empresa atua por meio de franquias, com investimento inicial de cerca de R$ 20 mil (incluindo custos de instalação, taxa de franquia e capital de giro), segundo o empresário. Os demais dados da franquia não foram revelados.

A empresa promete acabar com dores nos pés causados por problemas como calos, joanetes, pés cavos ou chatos e até pelo uso prolongado de salto alto. O preço médio é de R$ 720 o par, que pode ser parcelado em até 12 vezes.

Os clientes estão dispostos a pagar R$ 60 por mês para acabar com as dores. São pessoas que voltam a praticar atividade física, a dançar e a fazer outras atividades com o uso das palmilhas. Nós garantimos o fim das dores em até 90 dias ou o dinheiro de volta.

Segundo o empresário, nos últimos três meses, 94% dos clientes ficaram satisfeitos com o produto e os 6% restantes receberam seu dinheiro de volta. "É uma questão de biomecânica. A palmilha endireita o esqueleto e redistribui a pressão sobre a planta do pé", afirma Case, que é formado em engenharia mecânica, com doutorado em administração pela Universidade de Michigan (EUA).

Palmilha feita com scanner e impressora 3D

Um scanner 3D faz o mapeamento da sola dos pés, e um programa de computador aplica as correções necessárias com o acompanhamento de um fisioterapeuta. O desenho é enviado para uma impressora 3D, que, em duas horas, imprime um par de palmilhas em material flexível. A tecnologia é importada da China e da Alemanha.

O empresário explica que a mesma palmilha não pode ser usada em diferentes tipos de calçados. "Em geral, os clientes precisam de dois pares. A palmilha que se usa em uma sapatilha não serve para um tênis, por exemplo. Também há uma palmilha específica para uso com salto alto, mais fina."

A avaliação é grátis nos pontos de venda da empresa --que lembram mais um consultório médico do que uma loja e ficam em edifícios comerciais. Segundo Case, a maioria dos clientes chega à Pés Sem Dor por indicação médica. "Mais de 520 médicos indicam nosso trabalho. Além da avaliação com os aparelhos, nossos fisioterapeutas consideram também os hábitos do cliente", afirma.

A ideia de criar a empresa surgiu quando ele próprio passou a usar palmilhas ortopédicas por indicação de seu personal trainer. "Ele vendia uns dez pares por mês de palmilhas feitas artesanalmente, sem estrutura nenhuma. Pensei: vou investir nesse negócio, mas colocar tecnologia."

Está no Brasil há mais de 40 anos

Naturalizado brasileiro, Case está no Brasil desde 1976, quando veio implantar uma empresa de silos para armazenamento de cereais em Londrina (PR), e se apaixonou pelo país. Foi demitido pouco tempo depois, e a dificuldade na busca por outro emprego o motivou a criar a Catho, em 1977. "Era tudo off-line, criávamos cadastro de empresas e mandávamos cartas com o currículo dos candidatos."

A empresa foi se desenvolvendo com atividades como recrutamento e seleção, treinamentos e seminários. Em 1995, passou para o online com a disseminação da internet.

Durante 30 anos, vivi da Catho. Vendi em 2006 porque já estava velho, não tinha sucessor e ofereceram um bom dinheiro. Ainda trabalhei lá por mais dois anos, mas já não tinha a mesma motivação.

Com a Pés Sem Dor, ele afirma trabalhar cerca de 12 horas por dia e diz que não pretende parar tão cedo. "É um trabalho muito gratificante devolver qualidade de vida para as pessoas", afirma.

Concorrentes podem copiar a tecnologia

Para Alberto Ajzental, professor de empreendedorismo e estratégia de negócios da FGV (Fundação Getúlio Vargas), o negócio dá uma aplicação útil à impressão 3D. Porém, a tecnologia, por não ser própria, também pode ser comprada por concorrentes.

"Crescer por franquias é uma boa estratégia, pois facilita o controle da operação e permite expandir rápido, para ocupar o mercado. Ele precisa investir na marca para ficar conhecido, pois a barreira de entrada neste negócio é pequena."

Onde encontrar:

Pés Sem Dor: www.pessemdor.com.br