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"Perdi autoestima em relação abusiva e agora dou curso para se vestir bem"

Dany Padilla superou a autoestima baixa e criou a Escola de Estilo - Divulgação
Dany Padilla superou a autoestima baixa e criou a Escola de Estilo Imagem: Divulgação

Larissa Coldibeli

Colaboração para o UOL, em São Paulo

26/06/2017 04h00

Dany Padilla, 48, achou que tinha encontrado seu príncipe encantado e viveria um conto de fadas. Mudou-se com ele para os Estados Unidos, mas em pouco tempo ele se mostrou ciumento e controlador. Com a autoestima abalada, decidiu se separar, voltou para o Brasil e passou a trabalhar com moda no Rio de Janeiro. Virou consultora de estilo e dá cursos online para quem quer seguir a mesma profissão.

Confira o depoimento dela:

“Em 2007, eu estava em um momento sem perspectiva. Morava com minha avó e estudava para concurso público. Estava solteira, divorciada e carente, acreditando em um príncipe encantado para me resgatar. Um cara veio conversar comigo na praia e me encantei pela história dele: apesar de ser de uma das famílias mais tradicionais do Rio, tinha se mudado para os Estados Unidos para batalhar sua própria vida. Isso me encantou, ele se interessou por mim. Nós nos envolvemos e, em alguns dias, ele voltaria para a Califórnia, onde morava, e me convidou para ir junto. Apaixonada e num momento de loucura, topei e me mudei para os Estados Unidos apenas três semanas após nos conhecermos.

No início, tudo era maravilhoso: ele me pediu em casamento na Disney, deu um anel da Tiffany’s e foi lindo -era o príncipe que aparentemente sonhei a vida inteira. Mas, três meses depois, as coisas começaram a ficar esquisitas. Ele começou a surtar por qualquer motivo: minha mãe ligava ou amigos me procuravam e ele reclamava, dizia que outros homens me olhavam. Tudo era motivo para briga, até o cheiro de alho quando eu cozinhava. Eu não podia mais sair de casa, pois era estressante pisar em ovos: não frequentava academia e comer fora só em horários em que os restaurantes estavam vazios. Ele não gostava que outros homens olhassem para mim, e eu até comecei a engordar, perdendo a minha vaidade.

Minha válvula de escape era comprar roupas, que eu fazia isso sabendo que não poderia usá-las para sair. E usava a mesada que minha avó me dava, porque, apesar de ele ter uma excelente situação financeira, economizava dinheiro e não queria gastar com 'bobagens', como dizia. Engordei 12 quilos e perdi a autoestima. Eu estava muito triste e não me dava conta do quanto estava infeliz e presa na minha gaiola dourada.

Como sempre fui muito ativa, comecei a montar looks por passatempo, o que foi o precursor do meu primeiro negócio, o software Com Qual Roupa!?.

No final de 2008, voltei para o Brasil para visitar minha família e me senti tão acolhida, que percebi que não podia continuar naquela vida. Não voltei, apesar da insistência dele. Eu precisava me amar mais. Fiquei quatro meses com a minha mãe, sem sair de casa. Era difícil ver a liberdade. Perdi peso neste tempo e decidi que precisava dar um rumo à minha vida. Fiz um curso de consultoria de imagem.

Na mesma época, minha avó morreu e, alguns meses depois, recebi uma herança dela, que usei para começar meu primeiro negócio, o Com Qual Roupa!?, software que organizava guarda-roupa e montava looks de forma virtual. Deu supercerto, consegui investidores para fazer com que ele evoluísse para uma rede social de moda. Mas entrei num momento espiritual e passei a achá-lo fútil. Meus sócios investidores não entendiam de moda e decidi sair do negócio em 2013.

Passei a estudar empreendedorismo, comecei a dar palestras e cursos de moda presenciais. Nessa época, conheci meu atual marido, que era fotógrafo de eventos de moda. Mas só fomos nos encontrar realmente no aplicativo Tinder, quando descobri que ele já era apaixonado por mim!

Em janeiro do ano passado quebrei o pé e tive que parar com as palestras. Eu e meu atual marido tivemos, então, a ideia da Escola de Estilo, um curso online com videoaulas para formar ‘personal stylists’. Em menos de um ano, formei 170 profissionais e pretendo chegar a 500 até o fim do ano. Criei um método que, em apenas dois meses, transforma pessoas que nunca estudaram moda em consultores de estilo.

Nas escolas tradicionais, dizem que se você tem um tipo de corpo, não pode usar determinados tipos de roupas. Eu uso essas peças erradas como base para mostrar como combinar com as peças certas e, assim, destacar os atributos que favorecem e neutralizar aqueles que devem ser disfarçados. Tenho clientes de todos os tipos: desde a mulher que ficou viúva e está meio perdida, quem tem depressão e até quem está iniciando uma loja virtual de moda.

A minha missão é empoderar mulheres. Uma pessoa empoderada é capaz de mudar sua vida pessoal e profissional, porque tudo está na nossa cabeça. Quando você se sente mal, a vida vai mal. Eu sei o que é se sentir feia e gorda, sei como é ter alguém que deixa você ainda pior e quero ajudar as pessoas que se sentem assim.

***
O curso da Escola de Estilo custa R$ 1.752 (12 parcelas de R$ 146) ou R$ 1.497 à vista. São oito módulos.

Moda não exige formação e sim atualização

Segundo Bernardo Medina, consultor do Sebrae e sócio da Medina Lopes Consultoria, formação específica não é pré-requisito em muitos ramos, e moda é um deles. “O indispensável em qualquer negócio é que o empresário tenha atitudes realmente empreendedoras: planejar, correr riscos, ser persistente diante das dificuldades, mostrar confiança para si e para os outros e trabalhar muito bem sua rede de contatos.”

Porém, ele diz que um grande desafio no segmento de moda é a velocidade das mudanças. “Há sempre novas estampas, novos tecidos, novos desenhos, novas tendências. O empreendedor de moda busca informações constantemente e aprende rápido a partir delas, o que geralmente compensa a falta de formação técnica na área de moda.”

Onde encontrar:

Escola de Estilo: www.escoladeestilo.com.br

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