Dono de mercado troca arroz e feijão por imóveis em clube de permuta
Dono de quatro supermercados em Montes Claros (MG), o empresário Ivo Moura, 35, troca vale-compras dos seus estabelecimentos por produtos ou serviços de outras empresas. Ele diz que já adquiriu câmeras e sistema de monitoramento para suas lojas, anúncios em jornal e rádio locais, serviços de gráfica e panfletagem, projeto de arquiteto e serviços de advogado e até apartamentos com as trocas.
Há menos de dois anos, Moura faz parte do Clube de Permuta, que reúne empresários de vários ramos em sete cidades para fazer trocas multilaterais.
O clube é uma franquia que pretende ter 25 unidades pelo Brasil até o final de 2018. Por enquanto, está disponível nas cidades de Belo Horizonte (MG), Montes Claros (MG), Juiz de Fora (MG), Araxá (MG), Vitória (ES), Piracicaba (SP) e Brasília (DF).
Veja os dados da franquia, fornecidos pela empresa:
- Investimento inicial: a partir de R$ 100 mil (custos de instalação e taxa de franquia), que aumenta de acordo com o porte da cidade
- Faturamento médio mensal: R$ 15 mil, que varia de acordo com o volume movimentado nas transações entre os associados
- Lucro médio mensal: 30% (R$ 4.500)
- Retorno do investimento: entre 18 e 24 meses
Como funciona
O franqueado é responsável por montar um grupo de empresas associadas de vários ramos. As empresas oferecem seus produtos e serviços numa plataforma online. O que é vendido entre os associados do clube é pago em permutas, não em dinheiro.
Quando um associado vende para outro associado, ele recebe em créditos mais um bônus de 10% sobre a venda. Esses créditos são trocados por produtos ou serviços em empresas de outros associados do clube. O que for vendido fora do clube é negócio de cada empresa.
Por exemplo, um supermercado vende R$ 10 mil em alimentos para um restaurante que faz parte do grupo. Em vez de receber em dinheiro, ganha esse valor em créditos. E pode comprar um apartamento de uma construtora que faça parte do grupo, usando os R$ 10 mil para pagar parcelas do imóvel.
Quem compra paga uma taxa de 10% do valor da transação como comissão para o clube. Há ainda uma anuidade de R$ 2.250.
“As taxas não são baratas, mas o clube me traz novos clientes, empresários que passam a consumir no meu supermercado e que oferecem os vouchers para os seus funcionários. Quando eu vendo para um associado, o dinheiro não entra, mas quando eu consumo (de outro associado), ele também não sai do caixa. Tem que ter equilíbrio, exige gestão”, afirma o dono do Carlim Supermercados.
Além do site para as transações, o clube realiza encontros mensais entre os donos de empresas, como almoços e happy hours, para fomentar negócios.
O clube foi fundado por Leonardo Bortoletto, 39, a partir de uma necessidade pessoal. “Eu tinha uma empresa de tecnologia que trabalhava muito com permuta bilateral. Mas, às vezes, eu prestava um serviço de R$ 200 mil e só conseguia consumir R$ 100 mil do cliente, ficava com muito crédito a receber. Cheguei a ter R$ 2 milhões parados em permuta. A permuta multilateral resolve esse problema do saldo”, diz.
A empresa foi criada em Belo Horizonte há cinco anos, com 12 associados. Hoje, essa unidade, que é operada pelo fundador, possui 163 associados. Nas sete cidades em que está presente, o clube soma 409 empresas associadas.
Questão contábil é ponto delicado
Para Alberto Ajzental, professor de estratégia de negócios da FGV (Fundação Getúlio Vargas), a proposta do clube é interessante, pois pode ampliar os negócios dos participantes. Mas, antes de entrar, o empresário precisa avaliar se as ofertas das outras empresas são interessantes para ele.
Outro ponto importante, segundo Ajzental, é a parte contábil. "As empresas precisam checar com seus contadores como essas trocas serão declaradas, para não correr risco junto aos órgãos públicos", afirma.
Onde encontrar:
Clube de Permuta: www.clubedepermuta.com.br
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