Começou limpando telefone no Banerj; hoje fatura R$ 11 mi com telefonia
Quando foi contratado como estagiário de telecomunicações do extinto Banerj (Banco do Estado do Rio de Janeiro), em 1993, Paulo Chabbouh tinha 16 anos e não imaginava qual seria sua real atribuição na estatal: limpar aparelhos telefônicos. Foram dois anos circulando pelas agências do Banerj em São Paulo de ônibus.
Usava uma maleta para ferramentas, que continha mais produtos de limpeza do que itens para conserto.
Paulo Chabbouh, sócio da L5
Na época, ganhava uma bolsa-auxílio, cujo valor era equivalente a um salário-mínimo atual, de R$ 937. Para complementar a renda, vendia livros didáticos e brinquedos educativos de porta em porta em escolas da capital paulista.
Doze anos depois, em 2005, ele criou a L5 Networks, empresa de telefonia por internet. No ano passado, faturou R$ 11 milhões. O lucro não foi divulgado. A previsão para 2017 é chegar a um faturamento de R$ 15 milhões. "Neste ano, mesmo diante da crise no país, crescemos 40%", afirma.
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Trabalho de conclusão de curso virou negócio
Chabbouh trabalhou na Alcatel e, depois, na Allnet, também do ramo de telecomunicações. Além do curso técnico em eletrônica, fez faculdade de engenharia de software. A grande mudança em sua vida profissional começou nos anos 2000, com a ideia de um software de telefonia, que apresentou em seu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso).
Sem conseguir implantar a ferramenta onde trabalhava na época, ele decidiu desligar-se da companhia para investir em sua criação: o Callbox.
"Ele é como um PABX, mas totalmente virtual, funcionando por meio de software. Com esse sistema, eu consigo falar com qualquer pessoa pelo meu ramal, mas a partir do meu celular e pagando ligação de telefone fixo", relata.
Quando a L5 foi criada, em setembro de 2005, por Chabbouh, 40, e o sócio Rogério Cansoni, 45, o investimento inicial foi quase zero, segundo eles.
Não tínhamos nada. Um amigo nosso emprestou uma sala e uma mesa. Eu e meu sócio tínhamos um notebook. E assim começamos a trabalhar no desenvolvimento da ferramenta.
Paulo Chabbouh, sócio da L5
Hoje, a empresa ocupa dois andares do mesmo prédio, no Brooklin, na zona sul de São Paulo, e tem 40 funcionários. A carteira de clientes é composta por cerca de 4.000 empresas, de pequeno, médio e grande portes. "Temos clientes com 12 ramais e outros com 2.000."
Sistema com 12 ramais custa R$ 1.990
Segundo o empresário, o mecanismo do Callbox permite que as chamadas sejam feitas por um programa de computador semelhante ao Skype, por aplicativo de celular ou aparelho telefônico comum conectado à nuvem.
"A vantagem é que as ligações são feitas a partir do ramal e direcionadas a ele, possibilitando o atendimento em qualquer lugar", afirma. Todos os funcionários têm um aplicativo no celular, por meio do qual fazem e recebem ligações como se estivessem no ramal da empresa, mesmo que estejam fora do escritório ou até em outra cidade.
A instalação desse sistema de telefonia é mais rápida, simples e barata em relação a um PABX convencional, segundo o empresário.
A implantação de um sistema com 12 ramais custa ao cliente R$ 1.990, além de um valor mensal (R$ 890) para manutenção e suporte. Em um sistema com mil ramais, a implantação sai por R$ 34 mil. O pagamento mensal, neste caso, é de R$ 8.000.
Para efeito de comparação, uma central de PABX da Intelbras com 12 ramais analógicos é vendida no mercado por R$ 2.810,95, cerca de 41% a mais do que o sistema da L5 com a mesma quantidade de ramais. Além de comprar o aparelho, o cliente paga pela instalação.
Não basta ter uma boa ideia, diz especialista
O caso de Chabbouh deixa claro o quanto uma boa ideia pode ser vital para o surgimento de um negócio, diz o professor Rodrigo Prando, pesquisador na área de empreendedorismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Para ele, no entanto, nem sempre a criatividade resulta em sucesso nos negócios.
Todo inovador tem que ter um espírito empreendedor. Inovação é efetivamente trazer algo de novo, mas esse novo não pode ser somente no nível da ideia. É preciso concretizá-la em negócio.
Rodrigo Prando, pesquisador de empreendedorismo
Prando dá duas orientações aos que julgam ter ideias inovadoras. A primeira é fazer uma ampla pesquisa de mercado para checar se realmente se trata de uma inovação. "Passada essa etapa, é necessário estudar sobre a abertura de um negócio ou procurar ajuda de instituições especializadas, como o Sebrae. É preciso ter habilidades de gestor para que o negócio não vá à falência depois de poucos meses funcionando."
Onde encontrar:
L5 Networks - http://www.l5.com.br/
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