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Era paramédica, hoje aluga bode para carpir terreno e fatura US$ 25 mil/mês

Lucas Gabriel Marins

Colaboração para o UOL, em Curitiba

16/03/2018 04h00Atualizada em 19/03/2018 15h13

A norte-americana Tammy Dunakin, 57, trabalhou por 20 anos como paramédica. Cansada da rotina estressante, ela decidiu mudar de vida. Só não sabia como.

Até que um dia, no começo dos anos 2000, chegou à sua fazenda em Vashon Island, no estado de Washington (EUA), e viu seus dois bodes comendo capim.

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"Foi nesse momento que tive um clique e pensei: por que não dar um trabalho para esses dois animais?", disse ela à reportagem do UOL, por Skype.

Em janeiro de 2004, ela criou a Rent-a-Ruminant, uma start-up que aluga cabras e bodes para capinar terrenos nos EUA. Nos dois primeiros anos, manteve a empresa em paralelo ao emprego de paramédica, mas depois passou a se dedicar integralmente ao negócio próprio.

Ela dorme no trailer, para cuidar dos bichos

No começo, além dos dois bichos que tinha na fazenda, Tammy comprou mais quatro. Foi preciso um investimento inicial de US$ 600 (cerca de R$ 1.975, em valores atuais), segundo ela. Hoje, a start-up tem cerca de 180 animais e um faturamento médio mensal de US$ 25 mil (R$ 82,3 mil). 

O cliente informa o tamanho do terreno e envia fotos, e a empresária calcula quantos animais precisa levar. Ela cobra US$ 780 (cerca de R$ 2.500) por 24 horas de trabalho. O contrato mínimo é de três dias de trabalho. O máximo, de um mês. 

Além disso, também cobra uma taxa de deslocamento, que custa entre US$ 350 (R$ 1.150) e US$ 450 (R$ 1.480).

Para garantir a segurança dos bichos, a ex-paramédica dorme por perto, em um trailer, acompanhada de seus dois cachorros.

Quatro meses de férias por ano

Antes de levar os animais ao local de trabalho, Tammy faz uma análise do terreno. Verifica se há objetos que podem machucá-los, possíveis predadores ou plantas tóxicas.

Após a vistoria no espaço, os animais são levados até o local de trabalho em dois caminhões. Às vezes, é preciso fazer duas viagens para carregar todos.

Os bodes e cabras ficam no terreno e comem capim à vontade. Também dormem quando têm vontade. Tammy diz que respeita muito os horários e o tempo deles, e que não sacrifica os mais velhos, por exemplo, que já não conseguem mais trabalhar. "Esses ficam na fazenda, curtindo a aposentadoria", diz ela. 

Os animais trabalham oito meses por ano e descansam entre dezembro e março, período de inverno nos Estados Unidos.

Nos dias de serviço, os clientes são responsáveis por alimentar os bodes e cabras. No período de "férias", Tammy gasta cerca de US$ 16 mil (R$ 52,7 mil) para alimentá-los.

É possível abrir franquia no Brasil

A start-up só atende em Washington, mas há franqueados em outras quatro localidades nos EUA: dois no Texas, um no Tennessee, outro na Carolina do Norte e o último em Virginia.

Ainda não existem franqueados em outros países, mas, segundo Tammy, é possível virar parceiro dela. Confira abaixo os números informados pela franquia:

  • Investimento inicial: de US$ 20 mil (R$ 65,8 mil) (custos de instalação + taxa de franquia + capital de giro + website e marketing)
  • Faturamento médio mensal: de US$ 10 mil (R$ 32,9 mil) a US$ 20 mil (R$ 65,8 mil) nos Estados Unidos
  • Royalties: 8% do faturamento
  • Lucro médio mensal: de 30% a 40% do faturamento
  • Retorno do investimento: de 6 meses a 24 meses, nos Estados Unidos.

Além do investimento inicial na franquia, o interessado também precisa passar por um treinamento de 10 a 16 horas com a proprietária. A passagem para o país fica a cargo do franqueado.

Situação é comum no Brasil, mas não virou negócio

Para a consultora do Sebrae-PR Maria Isabel Guimarães, no Brasil é comum produtores rurais cederem ruminantes para outros proprietários cortarem a grama. "Só que isso nunca foi transformado em um negócio, muito menos com franquias. Aí está o diferente do negócio", diz.

Ela afirma, no entanto, que se algum brasileiro quiser fazer algo parecido, é preciso antes checar a condição das estradas em sua região, pois isso pode prejudicar os animais durante o transporte. "As estradas no Brasil não são tão boas quanto nos Estados Unidos, e isso poderia prejudicar os animais", afirma.

Para a veterinária Cristina Soto Mayor, outra questão a ser considerado é a alimentação. Um ruminante adulto, segundo ela, come de 1% a 2% de seu peso por dia --uma cabra de 50 kg, portanto, comeria 500 gramas. "Mas, às vezes, o animal não consegue encontrar essa quantia apenas no pasto. É preciso, portanto, fazer a suplementação, e isso pode acarretar mais gastos", declara.

Onde encontrar:

Rent-a-Ruminant - http://www.rentaruminant.com/

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