Quer uma horta, mas falta espaço? Empresa vende jardim em lata por R$ 29,90
Cultivar sua própria horta, ter um tempero sempre fresquinho ali mesmo na cozinha. O hobby da jardinagem ganhou muitos adeptos, mas nem todo mundo tem a sorte de viver com espaço e quintal. Foi pensando nisso que o designer Carlos Pinho, 40, decidiu vender jardins na lata ou, como ele diz, jardinagem pocket (jardim de bolso).
Em 2016, criou a Maria Sem Vergonha, em Santana do Paranaíba (40 km a oeste de São Paulo). A empresa vende kits com terra, pedrisco, semente e um manual de como fazer, tudo dentro de latinhas enfeitadas. A proposta, segundo Pinho, é unir jardinagem e decoração.
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O investimento inicial foi de R$ 20 mil, e as vendas começaram em uma loja colaborativa em Santo André (24 km ao sul de São Paulo). O grande impulso veio ao tornar-se fornecedor da rede de pet shops Cobasi.
Foi assim que, em dezembro do ano passado, deixei de ser vendedor e me tornei fornecedor.
Carlos Pinho, criador da Maria Sem Vergonha
O faturamento médio mensal é de R$ 50 mil, e a expectativa é fechar este ano com faturamento de R$ 600 mil. O lucro não foi informado, mas Pinho diz que "tudo que sobra do faturamento após o pagamento de despesas e impostos é reinvestido na empresa".
Tomate-cereja, pé de ovo, girassol e alecrim
São 16 opções de sementes, de temperos a flores. O campeão de vendas é o tomate-cereja e o mais exótico, o pé de ovo, planta nativa da Índia cujos frutos lembram ovos. Há ainda girassol, trevo da sorte, alecrim e hortelã. "Compramos as sementes de produtores brasileiros, tudo orgânico e sem defensivos agrícolas."
Cada lata uma custa R$ 29,90 para o consumidor final, independentemente do tipo de planta escolhida. A Maria Sem Vergonha não vende diretamente ao consumidor --as vendas são todas feitas por meio da Cobasi.
A embalagem tem 10 cm de altura e 10 cm de diâmetro, tamanho semelhante ao de uma lata de achocolatado ou de leite em pó. O design foi premiado pela Associação Brasileira de Embalagem.
Produção saltou de 150 para 3.000 latas
Atualmente, a Maria Sem Vergonha fornece, em média, 3.000 latas por mês à Cobasi. Foi um salto para quem vendia, em média, 150 latinhas ao mês na loja colaborativa.
A empresa também faz parcerias com empresas, que usam as latinhas em ações de recursos humanos ou oferecem como brindes.
Quando passou a fornecer para a rede de pet shops, Pinho vendeu 30% do negócio a um sócio --ele não revela quem é, nem o valor investido. "O empresário que me fornecia os rótulos viu que a Maria Sem Vergonha tinha potencial de prosperar e se ofereceu para entrar como sócio. O novo investimento veio daí", diz Pinho.
Hoje, a empresa tem seis empregados e funciona em um galpão no Centro Empresarial de Santana do Paranaíba, onde são feitas a produção e a estocagem dos produtos.
Cliente pediu pé de maconha
Pinho diz que um dos pedidos mais estranhos que recebeu foi de um senhor, durante uma feira, que perguntou se ele vendia maconha. "Ele deixou a esposa se distanciar um pouco e me perguntou. Respondi que não, já que a venda é proibida no Brasil". Ele diz que não faz parte de seus planos vender a erva.
Nós estamos vivendo um período tão careta, com as pessoas com opiniões tão reacionárias, que não pretendo entrar nessa seara. Se fosse no mercado norte-americano, por exemplo, seria diferente. Mas por aqui, nem pensar.
Carlos Pinho, criador da Maria Sem Vergonha
Está nos planos para 2018 entrar no mercado de licenciamento com uma marca infantil. "Queremos focar em educação ambiental e ter uma marca conhecida ao lado facilita bastante."
Apelo infantil pode ajudar na expansão
Para Maria Augusta Miglino, consultora do Sebrae-SP, usar a jardinagem com apelo educacional pode ser um bom caminho para ampliar o negócio sem ficar refém das grandes redes. Ela também cita o crescimento do público interessado em cultivar plantas, especialmente nas grandes cidades.
Dados do Ibraflor (Instituto Brasileiro de Floricultura) projetam um crescimento de 7% no faturamento do setor para este ano em relação a 2016, passando de R$ 6,65 bilhões para R$ 7,2 bilhões.
As pessoas querem se aproximar mais de uma vida natural, e a jardinagem é um bom começo. Nós percebemos aqui no Sebrae uma expansão de fornecedores voltados para o 'faça você mesmo', e isso é um bom sinal para quem atua nesse segmento.
Maria Augusta Miglino, consultora do Sebrae-SP
Por outro lado, segundo ela, a empresa deve ficar atenta à escala, pois atender a grandes redes requer uma logística que nem todo pequeno empreendedor tem. "Com o crescimento, vêm os custos. Para atender à demanda crescente, ele precisará contratar mão de obra, ter espaço para armazenar estoque, e tudo isso eleva bastante o custo fixo", diz.
Outro desafio é a margem de lucro, já que, ao fornecer para grandes empresas, é o comprador quem normalmente estipula o preço. Segundo Maria Augusta, esse é um problema que todo pequeno empresário enfrenta quando entra no grande varejo: a escala precisa aumentar para que ele ganhe na quantidade o que perdeu na margem de lucro.
"Alguns empreendedores acabam se arrependendo porque percebem que trabalham muito mais para ter um lucro não tão grande", afirma.
Onde encontrar:
Maria Ser Vergonha - www.mariasemvergonhaeco.com.br
Cobasi - http://www.cobasi.com.br/casa-e-jardim/jardim/jardim-na-lata?PS=20
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