Vendia alface aos 9, foi largado pelos pais e hoje faz R$ 57 mi com colchão
O primeiro contato que Ricardo Eloi, 37, teve com dinheiro e empreendedorismo foi aos nove anos, quando saía com seu carrinho de madeira para vender as alfaces plantadas por um tio, em Espírito Santo do Pinhal, no interior de São Paulo. O objetivo das vendas era comprar iogurte e biscoitos recheados de chocolate, seus doces preferidos.
Dois anos depois, ele passou por um grande trauma que mudaria sua vida para sempre e abafaria qualquer vestígio de espírito empreendedor por muito tempo: sua mãe o abandonou, e o pai, que sofria de alcoolismo, o expulsou de casa. Ricardo viveu em um orfanato por três meses, até ser acolhido por sua tia paterna.
Entrega de frango e uma família
Com o passar do tempo, aos 19 anos, conseguiu um emprego fixo em um abatedouro de frango, em Santo André, na Grande São Paulo. Ricardo fazia a entrega das aves. Pronto! Tinha um emprego de verdade e se sentia realizado.
Eu só queria ter uma família e uma casa, o que toda pessoa simples pensa. Meus amigos viviam me dizendo que eu tinha muito carisma e não podia me contentar com pouco, que eu tinha que querer algo mais, mas eu não via dessa forma.
Da entrega de frangos, ele passou por mais alguns empregos até chegar ao mundo das vendas. Começou com cervejas e, tempos depois, estava vendendo colchões terapêuticos por R$ 4.000.
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Tinha ideias, mas o chefe não aceitava
A princípio, Ricardo duvidou que conseguiria vender colchões por esse valor, mas depois conheceu o produto, entendeu a procura e começou a gostar do que fazia. Ele viu que havia possibilidade de crescimento real, se o negócio fosse divulgado de outras formas.
Foi ali que seu espírito empreendedor despertou novamente. Começou a compartilhar ideias com seu chefe sobre novos meios de prospectar vendas, mas nenhuma era aceita.
Prestes a ter seu primeiro filho, Ricardo ganhava 5% sobre as vendas, o que representava uma média de R$ 11 mil por mês. Ele pensou que poderia ter muito mais e oferecer uma vida mais confortável ao filho se tivesse sua própria empresa de venda de colchões.
Resolveu abrir a própria empresa
Foi aí que decidiu sair e colocar suas ideias em prática. Abriu a Sono Quality em Santo André (SP).
Eu tinha muita convicção, pesquisei o mercado, outros fabricantes, apostei minhas fichas e deu certo.
Ricardo colocou todas as ideias no papel, mas não sabia como tirá-las de lá. Em uma manhã de domingo, chamou um ex-colega de trabalho para ajudá-lo a concretizar aqueles pensamentos. Hoje, é o seu vice-presidente.
Era um mercado pouco explorado e resolvi mudar o jeito de comercializar para chegar a mais clientes. Fiz uma propaganda para rádio e fechei três meses de contrato com a rádio ABC.
De acordo com ele, a primeira ação rendeu 28 ligações, 22 visitas e 14 vendas. Daí em diante, só cresceu. Atualmente, a Sono Quality investe mais de R$ 20 milhões por ano em propagandas audiovisuais.
Sem mais biscoitos e iogurtes
Hoje, quando Ricardo olha em volta, vê uma empresa que faturou R$ 57,4 milhões em 2017 e tem mais de 200 colaboradores diretos, que dependem daquilo para o sustento de suas famílias.
Muita coisa mudou na vida de Ricardo nesses quase 20 anos. Entretanto, uma ainda permanece: os biscoitos e iogurtes, sua primeira motivação para empreender, ainda lhe são proibitivos. "Desenvolvi diabetes", lamenta.
Não basta ter uma boa ideia
Como aconteceu com o Ricardo, ideias inovadoras e que tenham potencial para se tornar empreendimentos podem surgir a qualquer momento. Isso é muito comum, de acordo com o consultor do Sebrae-SP Luiz Navarro.
Existem dois perfis que buscam orientação no órgão com frequência: o potencial empreendedor que quer validar uma ideia e não sabe por onde começar, e a pessoa que está desempregada ou quer ter um negócio próprio, mas precisa de dicas para ter o primeiro "insight".
"Nos dois casos, orientamos que se faça o preenchimento do plano de negócios, que vai dar um panorama do mercado em que vai atuar, identificar o cliente, entender a atuação de concorrentes e fornecedores, e estudar a parte financeira", afirma. Além disso, não basta ter uma boa ideia, é preciso ter um comportamento empreendedor, e isso não é facilmente identificável, segundo Navarro.
"É preciso ter uma boa rede de contatos e convencer o mercado de que o produto ou serviço realmente vale a pena. É fundamental encontrar diferenciais. Hoje as pessoas buscam comodidade, flexibilidade e aquilo em que elas enxerguem realmente valor para poder investir", diz.
Onde encontrar:
Sono Quality: http://sonoqualitycolchoes.com.br/
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