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Herdeiro da 1ª fábrica de chocolate do país, de 1891, agora tem franquia

Christian Neugebauer trabalhou na fábrica da família desde jovem e agora tem franquia - Divulgação
Christian Neugebauer trabalhou na fábrica da família desde jovem e agora tem franquia Imagem: Divulgação

Paulo Gratão

Colaboração para o UOL, em São Paulo

30/03/2018 04h00

A operação da Chocolateria Brasileira está sob novo comando: Christian Neugebauer, 31, comprou a rede de chocolates finos por R$ 10 milhões e entrou em um mercado  concorrido: franquias de lojas de chocolate. Sua estratégia é a venda direta.

O sobrenome do empresário revela a sua relação com o doce. Seus antepassados foram os imigrantes alemães que criaram a primeira fábrica de chocolate em território nacional, no longínquo 1891, dois anos depois da Proclamação da República. A empresa permaneceu sob controle dos Neugebauer por mais de 90 anos. Em 1982 foi vendida para um grupo argentino.

Atualmente, a Neugebauer pertence ao Grupo Vonpar, engarrafador da Coca-Cola. Devido à força da marca, a fábrica manteve o mesmo nome, mesmo com a troca dos controladores. Entre os produtos famosos criados pela empresa estão o bombom Amor Carioca, a linha de chocolates bib’s e a barrinha Stikadinho.

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Desde os 14 anos de idade, Christian estava imerso nesse universo, pois o pai o levava para a fábrica. Ele atuou em diversas áreas operacionais, desde linha de produção até o desenvolvimento. Depois migrou para a área comercial e terminou sua participação como membro do conselho familiar, onde permaneceu até 2015, quando um grupo internacional comprou participação majoritária na companhia.

O cacau chama

Durante o período em que esteve no conselho da Harald, Christian participou de projetos que o colocaram em contato com diversos fornecedores, entre eles, a rede de franquias Chocolateria Brasileira, do interior de São Paulo.

Quando o jovem Neugebauer saiu da empresa da família, decidiu que faria um intercâmbio. Com as malas praticamente prontas para a viagem, o casal detentor da pequena empresa o procurou para convencê-lo a investir no negócio.

Ele resolveu fazer o aporte financeiro na rede. A ideia era não ficar à frente do negócio, apenas acompanhar à distância. “Depois de seis meses, vi que começou a não performar conforme o plano de negócios, e entendi que precisava ficar mais perto do dia a dia”, explica.

Ele, então, voltou para o Brasil, estudou o mercado, entendeu como funcionava a produção e percebeu que as lojas estavam bem perto da falência. O chocolate que corria em suas veias falou mais alto e Christian resolveu assumir a operação. “Apesar de ter nascido no meio do chocolate, era tudo muito novo para mim. Antes eram toneladas, agora trabalho com gramas”, afirma.

Empresa tem dez lojas

A fábrica da Chocolateria Brasileira fica em Marília (SP), produz todos os produtos da marca e tem distribuição ramificada para todo o país.

Atualmente, há dez lojas, sendo oito franquias, nos estados do Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo, Goiás e Distrito Federal. Quatro novas unidades já estão no cronograma para os próximos meses. A expectativa é fechar o ano com 30 lojas.

No ano passado, o faturamento global da marca foi de R$ 6 milhões e o previsto para 2018 são R$ 8 milhões.

Existem quatro modelos de franquia da Chocolateria Brasileira e os investimentos vão de R$ 3 mil a R$ 195 mil. O mais em conta é a subfranquia, que atua como braço de venda dos franqueados – uma espécie de venda direta -, e o com valor mais elevado é uma loja tradicional. Existem quiosques de três, seis e nove metros quadrados, com investimentos e mix de produtos variados. Nenhum desses valores contempla capital de giro.

Tradição da família pode ajudar, diz consultor

A dificuldade que Christian encontrou na transição da indústria para o varejo é comum, na visão do presidente da Cherto Consultoria, Marcelo Cherto. Muitos profissionais da indústria fizeram a transição para o varejo e tiveram bons resultados, mas é preciso separar a atuação.

“Uma coisa é fábrica, outra é varejo e outra é franquia. Os modelos podem coexistir, mas cada um requer um negócio separado, com capacitação diferente. São animais diferentes que podem conviver no mesmo zoológico, mas em jaulas separadas”, explica.

Quando passa do processo industrial para o varejo, é preciso se preocupar com a produção, mas também com treinamento de vendas, manutenção do ambiente, entre outros aspectos que antes não faziam parte da rotina. Com a entrada de franqueados, novas preocupações passam a compor a cartela do empreendedor, como padronização, manuais e suporte.

Na visão do consultor, a Chocolateria Brasileira entra em um segmento extremamente competitivo, com grandes players como concorrentes. “Precisa buscar um nicho para se diferenciar em meio a tanta gente”, aconselha.

No entanto, o especialista acrescenta que o ponto que conta a favor da marca de Christian é ter uma narrativa verdadeira para apresentar o negócio, uma vez que sua família lida com chocolate há gerações. “De fato, a marca tem uma tradição, e o storytelling tem uma força muito grande”, afirma.

Onde encontrar:

Chocolateria Brasileira - www.chocolateriabrasileira.com.br/

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