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Vendia roupa em greves da faculdade e hoje faz R$ 1 mi vestindo sertanejos

Paulo Gratão

Colaboração para o UOL, em São Paulo

24/10/2018 04h00

Luã Vignoli, 26, trancou a faculdade de engenharia ambiental para vender camisetas. Hoje, cantores sertanejos vestem as peças de sua marca, TFlow, em shows e nas redes sociais e o ajudaram a faturar R$ 1 milhão em 2017. Com a abertura para franquias, ele estima multiplicar esse resultado e chegar a R$ 12 milhões neste ano.

A primeira experiência de Vignoli com vendas aconteceu ainda aos 16 anos, quando trabalhava no estoque de uma loja de calçados em São José do Rio Preto (SP). Para dar conta da demanda de Natal, o gerente o colocou para atender na frente de loja, obrigando-o a vencer a timidez.

Dois anos depois, Vignoli foi aprovado em uma faculdade federal em Campo Mourão (PR) e precisou largar o emprego. Durante os três anos e meio em que morou na cidade paranaense, ele enfrentou duas greves de professores que lhe renderam mais do que dias de recesso: trouxeram oportunidades.

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Vendia durante as greves

Logo na primeira paralisação, Vignoli começou a vender camisetas da loja de um amigo pela internet. Ele investiu R$ 1.500 e faturou R$ 4.000. Quando a greve terminou, precisou voltar para a faculdade a contragosto e largar o negócio embrionário.

Na segunda greve, o empreendedor decidiu dar um passo além: foi até os fornecedores do colega, em São Paulo, comprou as peças e vendeu por conta própria. “Comecei a revender para amigos e novamente voltei frustrado para a faculdade, quando a greve terminou, pois estava gostando demais de fazer aquilo”, relembra.

Sogro emprestou dinheiro para o início do negócio

Durante as férias de final de ano, em um almoço de família, o sogro de Vignoli ofereceu o capital de R$ 12 mil para que o jovem iniciasse sua empreitada. “Testei, se desse certo eu continuaria, se desse errado, voltaria para a faculdade”, disse.

Ele trancou o curso e começou a vender as camisetas dentro da loja de artigos religiosos do sogro. Logo na primeira leva, conseguiu faturar o dobro do que comprou. “Eu me mudei para um ponto pequeno e comecei minha lojinha chamada Golden Eleven”, disse. Com a propaganda boca a boca, o negócio foi crescendo e logo precisou mudar para um ponto maior.

Para divulgar o negócio, Vignoli entrou em contato com artistas e enviou as peças. Com a divulgação nas redes sociais, a procura começou a crescer mais ainda. Depois de um tempo, investiu R$ 250 mil e conseguiu captar mais R$ 250 mil de um cliente, Fernando Russo, que entrou como sócio. Assim nascia a TFlow.

Trouxe empresário de franquia grande para ajudar na expansão

No final do ano passado, Vignoli decidiu expandir o negócio por meio de franquias. Ele trouxe o empresário Bruno Zanetti, que tem experiência em outras redes, como a iGUi Piscinas.

Apesar de o modelo operado pelo empreendedor ser uma loja tradicional, as franquias oferecem formatos compactos. A opção ouro, por exemplo, é uma mala que se torna uma arara (com roupas penduradas), focada em venda direta.

“A ideia é levar para o cliente só as roupas que já tenham o tamanho e o gosto dele, otimizando o estoque e a abordagem”, disse. A loja, segundo ele, será franqueada a partir do próximo ano, com linhas de produtos exclusivas.

Confira os dados da franquia fornecidos pela empresa:

  • Investimento inicial: ouro (mala), R$ 14,7 mil; rubi (quiosque), R$ 90 mil; loja (ainda não disponível), estimativa de R$ 130 mil
  • Faturamento médio mensal: ouro, R$ 10 mil a R$ 15 mil; rubi, R$ 40 a R$ 50 mil; loja (projeção de R$ 90 mil)
  • Lucro médio mensal: ouro, 30% a 40%; rubi, 20%; loja, projeção de 20%
  • Retorno de investimento: ouro, três a quatro meses; rubi, 16 meses; loja, projeção de 24 meses

Visibilidade é boa, mas moda pode desvalorizar rápido

Dentro do sistema de franquias, o segmento de moda faturou R$ 9,1 bilhões no primeiro semestre deste ano, um crescimento de 1,9% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF), abaixo da média do setor de franquias, que registrou crescimento de 6,8%.

“É um dos itens que o consumidor corta primeiro. Em compensação, o brasileiro gosta de experimentar coisas novas, customizar, e ele pode ter aí uma oportunidade”, disse a sócia-diretora da consultoria ba}Stockler Angelina Stockler.

A divulgação com artistas é um passo acertado, na visão de Angelina, mas que requer ainda mais cuidado na gestão das franquias menores, da demanda e do perfil de cada região.

“Esse tipo de produto vale ouro ou não vale nada. É produto de moda e pode desvalorizar do dia para noite. Dinheiro parado em mercadoria pode ser um dinheiro perdido”, afirmou ela.

Onde encontrar:

TFlow - https://tflow.com.br/loja/