IPCA
0,83 Mar.2024
Topo

Herdeira de granja gigante tem empresa que faz ovo vegano em pó com ervilha

Amanda Pinto é fundadora do N.ovo, que produz alimentos à base de plantas, incluindo ovos veganos em pó - Divulgação
Amanda Pinto é fundadora do N.ovo, que produz alimentos à base de plantas, incluindo ovos veganos em pó Imagem: Divulgação

Claudia Varella

Colaboração para o UOL, em São Paulo

03/05/2021 04h00

Amanda Pinto, 30, fundou em outubro do ano passada, em São Paulo, a startup N.ovo, que produz alimentos à base de plantas, incluindo ovos veganos em pó. O interesse em alimentação vem de família. Ela é filha de Leandro Pinto, fundador do Grupo Mantiqueira, uma das maiores produtoras de ovos do país.

A empreendedora criou a startup enquanto trabalhava na empresa da família, como gerente de inovação e marketing, e lançou no mercado ovos veganos em pó. "Claro que no início não foi fácil falar disso dentro do Grupo Mantiqueira, que tem 11,5 milhões de galinhas e é líder no segmento da avicultura na América do Sul. Mas a empresa entendeu a proposta de produzir alimentos à base de plantas", declara Amanda.

Ovos e maioneses veganos

Hoje à frente da sua própria empresa, ela ampliou o portfólio da marca e até já ganhou prêmios.

A N.ovo tem três produtos:

  • N.ovo Receitas: ovo vegano em pó para substituir o tradicional em receitas (bolos, massas, etc.). É feito à base de ervilha e linhaça. Preço: R$ 14,90 (quantidade equivalente a 12 ovos).
  • N.ovo Mexido: ovo vegano em pó para substituir o tradicional no preparo de ovos mexidos e omeletes. É feito à base de soja e ervilha. Será lançado na versão varejo neste semestre. Preço não divulgado.
  • Linha de maioneses: produto feito à base de milho, batata e óleo de girassol. São quatro sabores: tradicional, lemon pepper, ervas finas e trufada. Preço: de R$ 11,90 a R$ 12,90.

Os produtos são vendidos no site da empresa, em supermercados e lojas especializadas. A N.ovo surgiu dentro do Grupo Mantiqueira. A empresa não revela o investimento inicial.

O N.ovo Mexido é um ovo vegano em pó para substituir o tradicional no preparo de omeletes - Divulgação - Divulgação
O N.ovo Mexido é um ovo vegano em pó para substituir o tradicional no preparo de omeletes
Imagem: Divulgação

Inspiração na Califórnia

Desde 2017, venho buscando a melhor forma de produzir alimentos para um mundo com uma população cada vez maior e diversos desafios em relação à sustentabilidade. Até que conheci na Califórnia os alimentos à base de plantas
Amanda Pinto

Para chegar às fórmulas dos alimentos, ela fez algumas viagens para conhecer as principais startups dedicadas à pesquisa e desenvolvimento de alimentos no Vale do Silício, na Califórnia (EUA).

É possível reduzir o consumo de produtos com proteína animal, substituindo-os por alimentos à base de plantas, sem perda do sabor e da qualidade. Todo mundo ganha com isso: o consumidor, os animais e o planeta.
Amanda Pinto

Os alimentos à base de plantas nos levam a uma reflexão sobre consciência alimentar. Nosso objetivo é solucionar um dos maiores problemas globais da humanidade: o futuro da alimentação do planeta.
Amanda Pinto

Outras empresas estão investindo em alimentação vegana. Uma delas é a Zona Cerealista Online, que criou uma marca de ovos veganos: a Ovegg. Lançado em abril, o primeiro produto é o Omelete Vegano, feito à base de ervilha e grão-de-bico. O produto é vendido no site da empresa. Preço: R$ 14,99.

Desafio é conquistar o consumidor

Alice Rosado, analista de negócios do Sebrae-SP e responsável por projetos de agronegócio e inovação, diz que Amanda Pinto, do N.ovo, é uma "empreendedora visionária". "Ela conseguiu sensibilizar uma empresa tradicional [Grupo Mantiqueira] a adotar boas práticas e criar produtos aliando tecnologia e sustentabilidade", diz.

Para Alice, os produtos do N.ovo não são concorrentes dos do Grupo Mantiqueira. "São complementares, pois suprem necessidades que o Grupo Mantiqueira não consegue atingir: produtos para veganos, pessoas com restrição alimentar e as que optam por consumir esse tipo de alimento."

Alice diz, no entanto, que a startup precisa agora sensibilizar o mercado consumidor. "O consumidor tende a ficar com o pé atrás com essas novidades. É preciso quebrar essa barreira para ganhar a confiança do mercado, tanto no varejo quanto no atacado. Isso pode levar um tempo considerável. O desafio da empresa é ganhar escala de venda."