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Ele não conseguia pedir hambúrguer, criou app de entrega e fatura R$ 13 mi

Miguel Neto criou o aplicativo quero Delivery na cidade de Lagarto (SE) - Divulgação
Miguel Neto criou o aplicativo quero Delivery na cidade de Lagarto (SE) Imagem: Divulgação

Claudia Varella

Colaboração para o UOL, em São Paulo

25/12/2021 04h00

Miguel Neto, 26, teve a ideia de criar o aplicativo quero Delivery, em 2017, depois de ter dificuldade de pedir hambúrguer em Tobias Barreto (SE), cidade em que morava, porque o dono do trailer de lanche nunca atendia as ligações. Hoje, o quero Delivery está presente em 180 cidades de 14 estados. Em 2020, o faturamento foi de R$ 13 milhões. O lucro não foi divulgado.

Segundo Neto, existiam outras lanchonetes na cidade, mas ele gostava mesmo era do lanche daquele trailer de rua. Mas o dono do trailer tinha dificuldades para atender as ligações devido ao alto fluxo de pessoas ligando, diz ele.

"Minha ideia era criar um app que pudesse atender localmente, mas também cidades do interior de vários estados que costumam ser mal atendidas ou ter um serviço de entregas bem limitado", declarou ele, que trabalhava com informática desde os 16 anos.

Para criar o app, Neto chamou o amigo Danilo Souza, 26, programador, para ser seu sócio. O investimento inicial foi de R$ 10 mil, aporte feito por um investidor-anjo.

A empresa tem sede em Lagarto (SE), cidade com 106 mil habitantes (o dobro da população de Tobias Barreto) e com o comércio maior, o que pesou na decisão de abrir o negócio ali. Neto continua morando em Tobias Barreto.

App funciona como um marketplace

A quero Delivery, que entrou em operação em 2018, funciona como um marketplace, onde o parceiro usa toda a estrutura de tecnologia da empresa para vender seus produtos pelo app. Na grande maioria dos pedidos, a entrega fica por conta do estabelecimento.

A empresa cobra um percentual em cima das vendas realizadas na plataforma. Em média, é de 8% (mas depende do tamanho da cidade e do ramo do estabelecimento).

"A vantagem para o parceiro é que ele não precisa ter uma estrutura robusta e tecnológica para vender", explicou Neto.

Há a opção de os parceiros contratarem o serviço de entrega da quero Delivery. Para isso, a empresa cobra uma taxa do lojista que custa a partir de R$ 3 por entrega. O serviço ainda não está presente em todas as cidades atendidas pelo aplicativo.

A taxa de entrega para o consumidor é definida pelos estabelecimentos que, regularmente, têm frete grátis a partir de algum valor ou de eventuais promoções.

Foco em cidades do interior

O aplicativo quero Delivery tem foco nos pequenos negócios das cidades do interior.

Priorizamos os negócios que estão começando ou têm pouca experiência, mas com grande potencial de crescimento.
Miguel Neto, um dos sócios do quero Delivery

O aplicativo quero Delivery tem foco nos pequenos negócios das cidades do interior - Divulgação - Divulgação
O app quero Delivery tem foco nos pequenos negócios de cidades do interior
Imagem: Divulgação

A empresa tem hoje cerca de 1,3 milhão de usuários cadastrados e mais de 15 mil parceiros, em 180 cidades de 14 estados. Em São Paulo, o app está presente nas cidades de Itanhaém, Mococa, Leme, Pirassununga, Guaratinguetá, Itapevi, Louveira, Vinhedo, Lorena e Salto de Pirapora.

Segundo Neto, a vantagem sobre plataformas tradicionais de delivery (como iFood, Rappi e Uber Eats) é a interação entre o aplicativo e os parceiros. "A quero atua muito próximo aos lojistas, para desenvolver ações de marketing e fazer promoções em conjunto. Você não encontra essa interação entre aplicativo e parceiros nas plataformas de delivery gigantes do mercado", declarou Neto.

Entre os parceiros, estão lanchonetes, restaurantes, supermercados, farmácias, lojas de roupas, livrarias, pets shops e outros. O volume médio de pedidos na plataforma é de 1,1 milhão por mês.

Segundo ele, a previsão média é faturar cerca de R$ 20 milhões este ano e ampliar o número de pequenos negócios para cerca de 20 mil.

Empresa deve conhecer "seu quintal" para definir taxas

Eder Max de Oliveira, consultor de negócios do Sebrae-SP, diz que uma "sacada boa" do empreendedor Miguel Neto foi ter criado a empresa "em cima de um problema do cliente".

"Quando você resolve um problema do cliente e dá comodidade a ele, sua marca ganha em proposta de valor. E foi isso que o quero Delivery fez, mostrando que fala a língua da sua clientela", afirmou.

Outro ponto forte do aplicativo, segundo o consultor, foi começar os clientes aos poucos -no caso, em cidades pequenas do interior.

Não adianta começar querendo atender todo mundo. O público nunca será todo mundo. É muito mais fácil fazer sucesso num pequeno nicho, no primeiro momento, do que atender todo mundo.
Eder Max de Oliveira, consultor de negócios do Sebrae-SP

Oliveira diz, no entanto, que a empresa deve sempre fazer ações para incentivar o uso do aplicativo pelo consumidor. "É preciso incentivar as pessoas a conhecer e a utilizar o aplicativo", disse.

Outro ponto a ser considerado são os custos da empresa, com as taxas para parceiros e clientes. "Dependendo do ticket médio, o frete grátis pode não compensar. É preciso conhecer o tamanho do seu quintal. Ou seja, entender a geografia local antes de definir taxas e estratégias de marketing", explicou.

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