Ex-pedreiro vira milionário com construção de imóveis de luxo nos EUA
Em 1994, aos 19 anos, Douglas Strabelli, 47, foi tentar a vida na Espanha. Trabalhou como pedreiro e teve uma pequena construtora em Madri. Migrou para os EUA em 2001 e recomeçou em um canteiro de obras. Hoje, fatura US$ 50 milhões construindo imóveis de luxo em Nova York, Miami e Orlando.
De pedreiro a dono de construtora
Ele nasceu em Maringá (PR), em família de classe média. Seu pai, Antonino Strabelli, era funcionário público, e sua mãe, Áurea Strabelli, cabeleireira. Aos 18 anos, mudou-se para São Paulo. Na capital paulista, abriu uma empresa que comprava carros batidos em leilões e os reformava, para revender.
Em 1994, ele foi tentar a vida na Espanha. "O plano inicial era mudar de vida e ir para os EUA, mas como não consegui visto decidi mudar para Madri, onde minha prima morava", diz. Ele foi com visto de turista e lá solicitou o green card espanhol para poder trabalhar.
Sem formação profissional, Strabelli foi trabalhar como pedreiro em um canteiro de obras. Ele ganhava cerca de 5.000 pesetas (moeda corrente na Espanha, na época) por dia, o equivalente a cerca de US$ 50 por dia. Após um ano, ele virou chefe geral da empresa. "Sempre fui curioso, fazia mais do que era solicitado, sempre me aperfeiçoando", afirma.
Ele sugeriu ser sócio da empresa, sem sucesso. "Quando me tornei chefe, achei que não tinha mais para onde crescer e, então, sugeri ao meu patrão que me desse parte da sociedade ou eu sairia em busca de novos desafios. Ele relutou, sugeriu dobrar meu salário, mas fui firme e decidi sair e montar minha própria empresa", afirma.
Strabelli abriu em 1996 uma pequena construtora: a Proyecto 3. O futebol o ajudou a montar equipe de funcionários. "A primeira obra que peguei foi a pintura de um apartamento enorme de um iraniano. Eu não tinha pessoal para isso, mas, como sempre joguei futebol, conhecia muita gente. Montei uma equipe rapidamente e demos conta do trabalho. Um tempo depois eu estava com 50 colaboradores", diz. Passou a empresa e a carteira de clientes para os funcionários, antes de migrar para os EUA.
Migração para os EUA
Strabelli migrou para os EUA três meses após o atentado de 11 de setembro de 2001.
Plano inicial era abrir um restaurante espanhol em Nova York. O restaurante seria aberto em sociedade com um amigo americano (casado com uma brasileira), mas Strabelli diz ter desistido de entrar no negócio, quando começou a entender melhor o segmento. "Vi que não era para mim", afirma.
Foi trabalhar na construtora Sagewood Restoration, cujo dono era um brasileiro. "Queria entender como funcionava o mercado de construção civil americano. Pedi para trabalhar, mesmo sem ganhar nada no primeiro mês. Só queria aprender", diz ele. Ele começou como motorista e foi passando pelos setores da empresa (demolição, carpintaria, pintura, etc.).
Conseguiu o green card em dez anos. Ele chegou com visto de turista, mas aplicou para o visto de trabalho ao entrar na construtora. "Com a tarjeta de residência espanhola, equivalente ao green card espanhol, foi bem fácil conseguir o visto americano. Com o visto de trabalho, qualquer estrangeiro pode montar uma empresa, basta solicitar um tax id [documento que regulariza sua situação na Receita]. Eu estava legal, só não tinha recebido o green card, mas, mesmo assim, tinha o direito, como qualquer pessoa que tem o visto de trabalho, de abrir uma empresa americana", diz.
Tornou-se sócio da empresa. "Trabalhei muito na empresa até me tornar chefe em 2002. Quando isso aconteceu, me ofereci para ser sócio, e o dono da empresa topou", conta.
O pulo do gato foi focar no nicho de imóveis de alto padrão. Strabelli diz que a construtora começou a fazer reformas de imóveis de luxo da comunidade brasileira localizados na 5ª Avenida e na Madison Avenida, áreas nobres de Nova York. "Tivemos uma aceitação muito grande em termos de qualidade em comparação a outros construtores. Daí um projeto foi abrindo portas para outros clientes", afirma.
Reforma de casa no Queens, em NY, foi o primeiro empreendimento da empresa. Em 2006 a Sagewood comprou o imóvel por US$ 330 mil, investiu US$ 140 mil em melhorias e o vendeu, três anos depois, por US$ 750 mil.
O primeiro cliente de alto padrão veio por meio da parceria com a arquiteta brasileira. Cristiana Mascarenhas atua nos EUA desde 1991 e é parceira da empresa até hoje. Outro parceiro é o arquiteto Christopher Coy, fundador da Barnes Coy Architects.
Construtora foi dividida entre os sócios. "Em 2006, o sócio brasileiro teve uma questão pessoal e não queria mais fazer obras grandes. Então, fizemos um acordo de nos separar. Eu fiquei com o nome da empresa e focado nessas grandes obras em Nova York, e ele seguiu no nicho dos pequenos empreendimentos", diz Strabelli. Após o fim da sociedade, Strabelli mudou o nome da construtora para Sagewood Construction —e depois evoluiu para o nome atual: Sagewood Corporation.
Empresa ampliou leque de clientes para a Flórida. Em 2013, a empresa começou a construir na Flórida. "Já no primeiro ano, além de construir para terceiros, fizemos incorporação com investidores próprios. Na época da pandemia, a demanda no mercado de luxo aumentou muito na Flórida", diz.
Clientes são grandes empresários brasileiros do eixo Rio-São Paulo, Minas Gerais e Paraná. Há também investidores americanos e da América Latina e empresários colombianos, chilenos e argentinos.
Planos de escritórios em SP e no Rio
A Sagewood Corporation (incorporadora e construtora) tem mais de 360 projetos no portfólio. Todos os projetos são nos EUA, principalmente nas cidades de Nova York, Miami e Orlando.
Empresa tem projetos residenciais e comerciais. Por exemplo, a empresa construiu os restaurantes Sant Ambroeus e Fasano (em NY) e Kosushi Miami (em Miami) e lojas da marca Thom Browne (em NY).
O faturamento da empresa foi de US$ 50 milhões em 2022. O lucro foi de US$ 15 milhões. São cerca de 1.200 colaboradores. A grande maioria são indiretos, ou seja, contratados por projeto.
Strabelli já abriu um escritório em Recife (PE) e, até meados de 2024, abrirá em São Paulo e no Rio. A empresa tem hoje três sócios. São eles: Strabelli, Rodrigo Castro, 35, e Joana Sampaio, 38.
Nós utilizamos a construtora como uma ferramenta da incorporadora, já que ela ajuda a controlar a parte mais difícil, que é o custo. Dentro de um projeto novo de incorporação, a construção geralmente é 80% do custo do projeto.
Douglas Strabelli, dono da Sagewood Corporation
Mais informações:
Sagewood Corporation - https://www.sagewoodcorporation.com/
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