Estudo: brasileiro conhece Bolsa, mas fica na poupança ou não investe nada
As ações são o segundo tipo de investimento mais conhecido pelo brasileiro. Só perdem para a poupança. Mas, na hora de aplicar o dinheiro, a história é outra.
Boa parte da população opta pela segurança da caderneta, enquanto a possibilidade de obter ganhos maiores com participações no lucro de empresas aparece apenas no quinto lugar entre as preferências para investir.
Pesquisa encomendada pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) mostra que há um abismo entre o conhecimento de finanças do brasileiro e seu apetite por investimentos de risco. E pior: mais da metade das pessoas não investe em nada.
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Maioria dos brasileiros não investe em nada
Mais da metade da população (57%) das classes A, B e C não investe em nenhum tipo de aplicação nem na poupança. E pior: 44% sequer pretendem começar a poupar neste ano.
Quando o assunto é guardar dinheiro, as pessoas têm medo de encarar a situação.
Ana Claudia Leoni, superintendente de Educação da Anbima
"Investimento é como medicina. Você precisa ter uma noção básica, identificar eventuais sintomas de doenças para poder buscar ajuda especializada", disse. A superintendente da Anbima recomenda que as pessoas que ainda não investem procurem informações básicas sobre educação financeira para traçar objetivos de vida de curto, médio e longo prazos.
As pessoas não precisam ser especialistas em finanças, mas precisam, ao menos, ser especialistas sobre elas mesmas, se conhecerem para poder definir quais são seus objetivos.
Ana Claudia Leoni, da Anbima
Bolsa e ações presentes no noticiário
Na avaliação da Anbima, o suposto conhecimento do brasileiro sobre ações está ligado ao fato de que elas estão muito presentes no noticiário.
"Todo mundo já ouviu falar de Petrobras ou de Vale. Além disso, toda noite o cidadão liga a televisão e vê o apresentador falando que o índice Bovespa subiu ou caiu tanto. Ele sabe que aquele índice representa um conjunto de ações", afirmou Ana Claudia Leoni.
As ações foram citadas espontaneamente como um tipo de investimento por 11% dos entrevistados, perdendo apenas para a poupança, que teve 32% das respostas espontâneas.
Na sequência aparecem fundos de investimento (9%), títulos públicos via Tesouro Direto (8%), títulos privados (7%), imóveis (6%), previdência privada (3%), títulos de capitalização (3%) e moedas digitais (2%). Foram entrevistadas 3.374 pessoas em todo Brasil, das classes A, B e C.
É interessante observar que o conceito de investimento do brasileiro é bastante amplo. Engloba imóveis, por exemplo, e não se restringe apenas aos produtos financeiros oferecidos no mercado.
Ana Claudia Leoni, da Anbima
Medo de perder dinheiro fala mais alto
Segundo Ana Claudia, apesar de demonstrarem conhecimento sobre as ações, as pessoas têm medo de perder dinheiro.
"A pessoa aplica 100 em ações hoje e amanhã elas sobem para 120. Mas, se depois de amanhã, a ações caírem para 110, a pessoa fica incomodada com a perda daqueles 10, apesar de o saldo do investimento estar positivo em 10. Infelizmente, a mente humana prega algumas peças", disse ela.
A especialista afirmou que o lado emocional costuma falar mais alto em momentos de pressão e nervosismo no mercado financeiro, levando até investidores experientes a tomar atitudes erradas.
O efeito-manada é muito perigoso, tanto na entrada [aplicação] quanto na saída [saque] do investimento. As pessoas podem ser influenciadas por esses movimentos e acabarem tomando decisões erradas, que não estão de acordo com seus objetivos.
Ana Claudia Leoni, da Anbima
Brasileiro troca rendimento maior por segurança
O conhecimento do brasileiro sobre investimento não está diretamente relacionado ao seu apetite ao risco. Quase metade (42%) dos entrevistados na pesquisa da Anbima declarou que não pretende trocar a poupança por outro investimento neste ano.
Na sequência, as possíveis opções de troca seriam os planos de previdência (4%) e o Tesouro Direto (3%). Apenas 2% se mostraram dispostos a começar a investir em ações.
De maneira geral, as pessoas não estão preocupadas com a rentabilidade do investimento. Elas querem apenas guardar o dinheiro de forma segura e poder contar com ele quando precisarem.
Ana Claudia Leoni, da Anbima
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