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Com juro baixo, investidor tem de arriscar na Bolsa para buscar ganho maior

Téo Takar

Do UOL, em São Paulo

12/12/2018 18h32

A decisão do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) desta quarta-feira (12) de manter a taxa básica de juros (Selic) em 6,5% ao ano reforçou a expectativa dos analistas de que os juros continuarão em patamares baixos ao longo de 2019, o que exigirá dos investidores um maior esforço para obter rendimentos maiores em suas aplicações no ano que vem.

"O investidor terá que diversificar seus recursos, buscar ativos de maior risco, como ações, se quiser ganhar mais. Não dá para ficar acomodado na renda fixa", disse Daniela Casabona, assessora financeira da FB Wealth.

"As pessoas terão que se mover em direção à renda variável. É o que vemos em mercados de países desenvolvidos, como Estados Unidos e Europa, onde os juros são bem mais baixos do que no Brasil", afirmou Rodrigo Wainberg, analista da Suno Research.

10% em renda variável

A principal aposta dos especialistas para 2019 é a Bolsa de Valores. A retomada do crescimento da economia deverá impulsionar os lucros das empresas, o que fará as ações delas subirem, prevê Gilberto Abreu, diretor de investimentos do Santander. 

"Esperamos um avanço entre 2,5% e 3% do PIB em 2019. Isso vai se traduzir em melhores resultados para as companhias listadas na Bolsa", disse Abreu.

Daniela sugere que o investidor aplique cerca de 10% do total de recursos disponíveis para investimento em produtos de renda variável, como fundos de ações. "É claro que esse percentual pode variar um pouco, dependendo do perfil do investidor, se ele é mais ou menos conservador, e do volume de recursos de que ele dispõe."

Fundos ajudam quem não tem experiência na Bolsa

Para a especialista, os fundos são um bom caminho de investimento para quem não está acostumado a comprar e vender ações direto na Bolsa. "Você deixa a gestão do dinheiro a cargo de um profissional."

Abreu, do Santander, indica que o investidor escolha entre fundos multimercados e fundos de ações. O tipo de fundo deve estar de acordo com o menor ou maior apetite por risco de cada investidor.

Busque empresa que pague dividendos

Já para quem tem mais experiência no mercado financeiro, Wainberg, da Suno Research, indica a compra de ações de empresas consideradas boas pagadoras de dividendos. 

"Em geral, são papéis que oferecem um retorno entre 6% e 8% ao ano apenas com a distribuição do lucro das empresas. Ou seja, você já tem um ganho equivalente a uma aplicação de renda fixa, sem considerar o potencial de valorização das ações."

Entre as ações que se encaixam nesse perfil, o analista da Suno recomenda empresas de geração e transmissão de energia e também do setor financeiro, como bancos e seguradoras.

Fundos imobiliários devem render bem em 2019

Outra sugestão para quem busca diversificar investimentos são os fundos imobiliários. "É um investimento que deve ter bom desempenho no ano que vem por causa da recuperação da economia", disse Wainberg.

De forma geral, os fundos imobiliários possuem suas cotas negociadas na Bolsa, como ocorre com as ações de empresas. Além de tirar proveito da valorização das cotas, o investidor conta ainda com o pagamento mensal de rendimentos. 

"O brasileiro tem uma maior familiaridade com investimento em imóveis. O fundo imobiliário permite tirar proveito desse tipo de investimento, como o rendimento mensal de aluguéis, mas sem o problema da liquidez. Você consegue vender as cotas do fundo no mercado com facilidade", disse o especialista da Suno. 

"Outra vantagem é que o fundo imobiliário é bem menos volátil [os preços oscilam menos] do que o mercado de ações. Para quem está começando no mundo da renda variável, é um produto mais indicado", afirmou Wainberg.

Não abandone a renda fixa

Apesar dos juros mais baixos, o investidor não precisa nem deve abandonar totalmente a renda fixa. "O Tesouro Direto ainda é um bom negócio, especialmente para o pequeno investidor que ainda está na fase inicial de acumulação de patrimônio", afirmou Daniela, da FB Wealth.

"O ideal é escolher um título com vencimento não muito longo, para que a pessoa possa manter o investimento até o final e não fique sujeito às variações de preço do mercado caso saque antes da hora", disse ela.

Abreu, do Santander, sugere a compra do Tesouro Prefixado (antiga LTN) com vencimento em 2025. O papel está oferecendo nesta quarta-feira um rendimento de 9,71% ao ano. "É um papel com boa liquidez [permite saque de um dia para outro], baixo risco e rentabilidade razoável para o período."

CDBs de bancos médios rendem mais de 10% ao ano

Outra opção de renda fixa que ainda apresenta boas taxas são os CDBs emitidos por bancos médios. Papéis desse tipo com vencimento entre cinco e seis anos estão pagando rendimento acima de 10% ao ano, de acordo com o buscador de investimentos Yubb.

Os CDBs também apresentam baixo risco para o investidor porque contam com a proteção do FGC (Fundo Garantidor de Créditos) contra eventual calote da instituição. Nesse caso, o investidor deve ficar atento à liquidez, uma vez que esses papéis normalmente são resgatáveis apenas no vencimento.

COE de dólar para se prevenir de guerra comercial

Como nem sempre tudo ocorre conforme previsto, o investidor também deve ter uma parcela do seu patrimônio aplicada em produtos que funcionem como proteção. De forma geral, o dólar exerce essa função de contrabalançar a carteira de investimentos.

"Não podemos ignorar o momento de instabilidade do cenário internacional", disse Abreu. Ele lembrou a possibilidade de uma guerra comercial entre Estados Unidos e China, o que pode afetar o mercado financeiro nos próximos meses.

O diretor de investimentos do Santander recomenda que cerca de 5% do patrimônio do investidor seja direcionado para um COE (Certificado de Operação Estruturada) atrelado à variação do dólar. Esse tipo de investimento está disponível nos principais bancos e corretoras.

"É um produto melhor do que um fundo cambial porque permite aproveitar uma eventual alta do dólar, caso o cenário piore. Mas, se tudo continuar tranquilo e o dólar cair, o cliente não perde dinheiro porque o COE possui capital protegido. No fundo cambial, ele está sujeito a perdas", disse Abreu.

Fuja de "furadas" como fundo DI e CDB de banco grande

Tão importante quanto procurar investimentos que sejam mais rentáveis é evitar aqueles que são verdadeiras "furadas", disse Daniela, da FB Wealth. 

"Fuja dos fundos DI que pagam menos de 90% do CDI (5,75% ao ano) e ainda cobram taxas de administração altas, acima de 1% ao ano. O mesmo vale para CDBs de grandes bancos que pagam menos de 90% do CDI, pois eles perdem até da poupança", afirmou a especialista.

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