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Perdas em investimentos mostram que é preciso aplicar na renda fixa também

João José Oliveira

Do UOL, em São Paulo

09/04/2020 04h00

A Bolsa desabou em meio às medidas de combate à pandemia de coronavírus, e brasileiros que desembarcaram no mercado de ações recentemente estão aprendendo da pior forma possível que esse tipo de aplicação é arriscado. A pergunta que muitos deles fazem é: se a Bolsa é tão arriscada, o que devo fazer?

Para Sandra Blanco, consultora de investimentos da plataforma financeira Órama, ninguém deveria colocar tudo na Bolsa nem tudo na renda fixa, e a renda fixa deve ser parte dos investimentos de uma família. "O investidor deve entender que uma carteira de investimentos deve ter diversos ativos. Não se deve colocar todos os ovos em uma única cesta", afirmou.

Dentro do universo de produtos de renda fixa, existem os que são mais indicados para a chamada reserva de emergência, de curto prazo, e aqueles podem estar na cesta dos investimentos de longo prazo.

Renda fixa para curto prazo

O dinheiro aplicado para o curto prazo (até um ano) é aquele que pode ser sacado a qualquer momento sem perda de rendimento, afirmou o gestor da Guide Investimentos, Erick Scott Hood.

É o caso dos títulos do Tesouro Selic, dos fundos DI e dos CDBs pós-fixados. Mais do que dar rendimento, o objetivo das aplicações nesses produtos é proteger seu dinheiro e poder sacá-lo rapidamente se necessário.

O investidor deve ficar atento a alguns detalhes. No caso dos fundos DI, verifique a taxa de administração cobrada pelo gestor. Ela não deve ser superior a 0,3%, para não corroer o rendimento, que já é baixo.

No caso dos CDBs, atenção com o prazo de resgate. "Não pode ter liquidez acima de três dias", disse o chefe de análise da Toro Investimentos, Rafael Panonko.

Renda fixa para longo prazo

Sim, produtos de renda fixa também devem fazer parte do cardápio de investimentos de longo prazo. Quanto mais cuidadoso o investidor, maior deve ser a fatia desse tipo de aplicação na sua carteira.

Os produtos para o longo prazo podem ter liquidez menor e grau de risco maior que os da reserva de emergência.

Igor Ghellardi Cruvinel, sócio-diretor da empresa de serviços financeiros Doc Concierge, sugere, por exemplo, títulos privados, como CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) e debêntures de empresas com boa classificação de risco. De modo simples, quando uma pessoa investe em debêntures, é como se ela emprestasse dinheiro à empresa.

A gestora da Órama, Sandra Blanco, também recomenda títulos emitidos por empresas. "Há fundos de investimentos que oferecem títulos de empresas com boa classificação de risco", diz ela.

Márcia Guerra, gerente de investimentos da cooperativa de crédito Sicredi, destaca que colocar crédito privado na carteira é uma opção que vale para um horizonte de resgate acima de três anos.

O fundador da plataforma App Renda Fixa, Francis Wagner, sugere títulos públicos de longo prazo atrelados à inflação, os populares títulos do Tesouro IPCA+, que remuneram o investidor a uma taxa prefixada acrescida da variação da inflação no período. Isso garante que o patrimônio não seja corroído pela inflação.

Wagner destaca que o investidor deve evitar resgatar o investimento antes do vencimento, para não ter a rentabilidade do título prejudicada, pois o Tesouro só garante a taxa contratada no vencimento do papel.

Quanto investir em renda fixa para longo prazo?

Quem é jovem, depende menos da renda mensal e não tem dependentes pode investir uma fatia maior da sua carteira em Bolsa ou outro ativo de risco, de 20% a 50%.

Para o investidor mais velho, que consome praticamente toda a renda mensal com despesas do dia a dia e têm dependentes, como filhos, a regra é inversa, e a renda fixa ganha mais importância. Para esse perfil, a renda fixa deve ocupar de 60% a 90% da carteira.

Afinal, será maior a possibilidade que de que esse investidor tenha que sacar o dinheiro. Nesse caso, os produtos de renda fixa são os que oferecem maior liquidez e menor volatilidade.

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