Veja ações que mais ganharam no ano e as que subiram ao valor pré-crise
Resumo da notícia
- Depois de atingir o fundo do poço no final de março, a Bolsa começou a reagir
- Algumas ações quase zeraram as perdas no ano e outras até registram valorização em 2020
- Gestores de recursos dão dicas para investidor decidir se é hora ou não de aplicar em ações
O pânico dos investidores com o coronavírus fez da Bolsa uma verdadeira montanha-russa neste semestre. O Ibovespa desabou e atingiu o fundo do poço no final de março, acumulando perda de 25% neste ano. Desde então, os negócios começaram a reagir. Algumas ações quase zeraram as perdas no ano e outras até registram valorização em 2020, segundo levantamento da empresa de informações financeiras Economatica.
A empresa levou em conta todas as ações da Bolsa brasileira com volume médio diário superior a R$ 500 mil. A cotação inicial foi a do pregão antes do Carnaval, ou seja, antes da crise. Depois, considerou-se o fundo do poço, ou seja, a pior cotação. Finalmente, foi calculada a valorização dos papéis até 8 de junho.
Segundo o levantamento, desde que atingiram seu menor preço no ano:
- 107 ações subiram entre 50% e 99%
- 37 ações subiram entre 100% e 199%
- 5 ações subiram mais de 200%
Nas últimas três semanas, os mercados mostram recuperação expressiva e, no levantamento, apontamos quais são os ativos com maior recuperação entre a data de seu valor mínimo, conhecida como data de fundo, e o dia 8 de junho de 2020.
Einar Rivero, gerente comercial e de Relacionamento Institucional da Economatica
Ações que mais subiram
Veja abaixo, as dez ações que mais subiram desde o momento no qual bateram no fundo do poço.
1. Gol (Companhia aérea)
Caiu de R$ 33,82 para R$ 5,60 (18/3), depois subiu a R$ 23,99
Queda de 83,4%; depois, recuperação de 328,4%
2. Via Varejo (dona de Ponto Frio e Casas Bahia)
Caiu de R$ 16,64 para R$ 4,10 (3/4), depois subiu a R$ 15,50
Queda de 75,4%; depois, alta de 278,1%
3. PetroRio (exploração de petróleo)
Caiu de R$ 47,96 para R$ 10,35 (18/3), depois subiu a R$ 37,36
Queda de 78,4%; depois, alta de 261%
4. CVC (turismo)
Caiu de 30,88 para R$ 6,49 (18/3), depois subiu a R$ 23,04
Queda de 79%; depois, alta de 255%
5. Dommo (exploração de petróleo)
Caiu de R$ 1,54 para R$ 0,48 (23/3), depois subiu a R$ 1,55
Queda de 68,8%; depois, alta de 222,9%
6. Localweb (Internet)
Caiu de R$ 24,60 para R$ 10,20 (23/3), depois subiu para R$ 29,95
Queda de 58,5%; depois, alta de 193,6%
7. Positivo (computadores)
Caiu de R$ 6,72 para R$ 2,23 (23/3); depois subiu a R$ 6,17
Queda de 66,8%; depois, alta de 176,7%
8. Braskem (petroquímica)
Caiu de R$ 30,60 para R$ 10,07 (23/3); depois subiu a R$ 27,55.
Queda de 67,1%; depois, alta de 173,6%
9. Azul (aviação)
Caiu de R$ 55,65 para R$ 10,35 (18/3); depois subiu a R$ 27,35
Queda de 81,4%; depois, alta de 164,3%
10. BTG Pactual (banco)
Caiu de R$ 72,49 para R$ 26,11 (23/3); depois subiu a R$ 66,02
Queda de 64%; depois, alta de 152,9%
Papéis que já voltaram ao nível pré-crise
Os profissionais de mercado destacam que, após uma queda, a ação sempre tem uma tarefa mais árdua para voltar ao patamar anterior. Isso porque a variação percentual da valorização tem sempre que ser superior à variação negativa. Afinal, a recuperação vai se dar a partir de um número absoluto menor. Mesmo assim, algumas empresas conseguiram uma recuperação tão forte que já conseguiram voltar aos valores que tinham antes de a crise eclodir.
O chefe de análise da Toro Investimentos, Rafael Panoko, destaca que a forte queda das ações até meados de março deixou algumas empresas com um valor de mercado abaixo do valor patrimonial. "Isso atrai o investidor que compra ação olhando o longo prazo, especialmente considerando que algumas empresas são menos impactadas pela crise que outras", disse.
Veja os cinco destaques de empresas que conseguiram recuperar o valor que tinham antes da crise.
B2W (e-commerce):
Antes da crise: R$ 72,76
Poço: R$ 43
8 de junho: R$ 93
Localweb (Internet):
Antes da crise: R$ 24,60
Poço: R$ 10,20
8 de junho: R$ 29,95
Magazine Luiza:
Antes da crise: R$ 56,45
Poço: R$ 28,81
8 de junho: R$ 62,38
Taurus Armas:
Antes da crise: R$ 5,28
Poço: R$ 2,31
8 de junho: R$ 5,67
Dommo (Exploração de petróleo):
Antes da crise: R$ 1,54
Poço: R$ 0,48
8 de junho: R$ 1,55
Comprar ou vender?
Gestores de recursos e consultores financeiros dizem que, apesar da forte retração dos preços de algumas ações e da intensa volatilidade ainda presente no mercado, a opção de investir em Bolsa deve seguir no cardápio dos aplicadores. Um dos principais motivos é o fato de os juros estarem muito baixos no Brasil.
A queda da taxa de juros levou a uma procura maior por produtos que oferecem um maior potencial de retorno, caso da Bolsa.
Walter Poladian, planejador e sócio da plataforma financeira Fliper
Essa recomendação leva em conta, ainda, que a maior parte dos papéis continuam abaixo dos preços que tinha antes da crise. Também que a reabertura paulatina das atividades econômicas deve favorecer as empresas listadas em Bolsa.
"De maneira geral, as empresas de Bolsa são as maiores do país e em, geral, líderes em seus setores. Assim, têm maior potencial de retomar o crescimento depois que a crise passar", afirma a analista de pesquisa da XP Investimentos, Betina Roxo.
Cuidado: foco no longo prazo
Profissionais de mercado também ressaltam que comprar qualquer dessas ações deve ser um negócio de longo prazo, com um horizonte de, pelo menos, cinco anos. Afinal, afirmam, o desempenho de curto prazo da Bolsa pode até sinalizar que o pior da crise ficou para trás, mas não que novas instabilidades não venham a ocorrer. O preço dos ativos nos mercados vai depender da volta à normalidade das economias e do controle da pandemia.
Tem que olhar o longo prazo e não ficar focado no curto prazo, porque essa crise vai passar, e as oportunidades de negócios vão voltar.
Betina Roxo, analista de pesquisa da XP Investimentos
Segundo ela, o investidor deve manter o foco da aplicação no longo prazo e não tomar nenhuma decisão baseada apenas nos balanços das empresas neste ano.
Em resumo, para quem tem uma dessas ações em carteira, a recomendação para a maior parte dos gestores ouvidos é manter a posição. Para quem não tem nenhum dessas ações acima, a dica é analisar aquelas que ainda estão muito longe do valor anterior à crise e, levando em conta o setor dessa companhia, aplicar, com moderação, e olhando o longo prazo.
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