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Tem pressa em ficar rico? Três erros que castigam quando a Bolsa desaba

João José de Oliveira

Do UOL, em São Paulo

08/04/2020 04h00

O investidor que estava desconfortável com o baixo rendimento dos fundos de renda fixa procurou na Bolsa um oásis de ganhos rápidos e fáceis. Em 2019, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, teve alta de 32%. Mas então a pandemia de coronavírus provocou uma instabilidade que sacudiu os mercados em todo o mundo. E deixou em pânico os investidores novatos.

Quem colocou na Bolsa mais dinheiro do que o recomendado descobriu que parte desses recursos deveria estar em renda fixa, com resgate imediato.

Se alguém teve a urgência de sacar dinheiro da Bolsa justamente no momento em que o mercado estava desabando, é porque aquele dinheiro não deveria estar lá.
Alvaro Bandeira, economista-chefe do banco digital Modalmais

O sócio fundador da plataforma de comparação de investimentos Yubb, Bernardo Pascowitch, disse que ouviu diversos relatos de investidores atônitos durante esses dias de volatilidade de mercado. Veja abaixo alguns dos maiores pecados de quem acaba sendo pego no contrapé no mundo dos investimentos.

1. Ter pressa para ficar rico

Não existe fórmula milagrosa. "Vi casos de gente que tomou dinheiro emprestado no banco ou vendeu o carro para aplicar na Bolsa, esperando ficar rico em seis meses. Isso não faz sentido", afirmou Pascowitch. "No mundo dos investimentos, a pressa para ficar rico é um fator que pode se tornar um obstáculo na sua vida financeira".

2. Pensar no curto prazo

Gestores de recursos dizem que um investimento feito pelo cidadão comum deve ser visto como patrimônio —e ninguém sai se desfazendo de patrimônio de uma hora para outra, ao sabor do sobe-e-desce dos mercados. Ganhar dinheiro no curto prazo, comprando e vendendo ativos, como ações ou contratos futuros, é para profissionais, que passam o dia inteiro fazendo isso e, claro, aprenderam regras para atuar.

"O brasileiro tem o costume de ser muito imediatista. Quer investir o dinheiro em aplicações com resgate rápido e já usar aquela quantia para aproveitar a vida", afirmou Pascowitch. "A vida financeira exige disciplina para poupar e uma definição clara sobre quais são os objetivos de vida para o longo prazo".

3. Achar que os riscos não existem

Profissionais de mercado alertam que todos os investimentos têm risco —todos, sem exceção. Uns mais, outros menos.

Por exemplo, mesmo o dinheiro que está na caderneta de poupança apresenta o risco de o Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que cobre perdas de até R$ 250 mil, deixar de existir ou quebrar. É claro que, nesse caso, o risco é mínimo.

É muito maior o risco de comprar uma ação na Bolsa. Os papéis das companhias aéreas, por exemplo, chegaram a cair 30% em um dia.

"Se você pensar nas pessoas que caem em golpes e perdem tudo, normalmente é porque acreditaram em algum conto furado de investimento de alto rendimento, em curto prazo e sem risco. Isso não existe", afirmou Pascowitch.

Cheque seu perfil de investidor

É fundamental, portanto, que o investidor descubra quanto risco ele pode assumir, consultando um profissional qualificado, por exemplo. Uma pessoa que depende do seu salário, tem filhos ou outros dependentes e gasta 80% de sua renda com as despesas do dia a dia não pode aplicar mais de 20% de sua poupança em ações. Mesmo que já tenha uma reserva de emergência separada.

Já um profissional que consome no mês menos de metade do seu rendimento, tem uma reserva de emergência que cobre todas as despesas por um ano e não tem dependentes pode assumir mais riscos na Bolsa. Caso o mercado entre em forte queda, ele poderá esperar um momento melhor para sacar a aplicação.

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