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OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

4 dicas para proteger seu dinheiro numa crise como a da invasão da Ucrânia

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Imagem: Reprodução

25/02/2022 04h00

A guerra na Ucrânia começou ontem com mais de 50 mortos somente nas primeiras horas do conflito, segundo autoridades locais.

Em meio à tragédia humana que esse conflito representa, é importante não fecharmos os olhos para o que acontece também com a nossa vida financeira.

Quanto mais graves os conflitos internacionais, maior é a tendência de o dólar subir. Isso afeta o custo de vida simplesmente de todas as pessoas.

Na coluna de hoje, eu explico o que costumo fazer para que meu patrimônio não fique tão à mercê de conflitos como esse.

1. Evitar qualquer tentação especulativa

Algumas pessoas me fazem perguntas como: "Então eu devo comprar dólar?", "É hora de dolarizar meus investimentos?" ou "Devo comprar ações ou vender?".

Perguntas como essas pressupõem que é possível prever os movimentos do dólar e que, portanto, devemos nos antecipar ao que vai ocorrer.

Mas o fato é que os movimentos de nações em guerra são imprevisíveis, a não ser, talvez, para o próprio Vladimir Putin.

Portanto, qualquer tentativa de prever o que vai ocorrer - com o conflito ou com o dólar - não é mais do que um chute.

2. Ficar sem fazer nada também é ruim

Às vezes as pessoas pensam: "Só tenho investimentos conservadores, então não estou exposto a esse tipo de risco".

Na verdade, todos nós estamos expostos às consequências financeiras de um conflito como o da Rússia contra a Ucrânia.

A alta do dólar eleva os preços de produtos como carne, café, combustíveis e outros.

Se você investe em Tesouro Selic, por exemplo, é possível que a inflação suba mais rápido do que a sua rentabilidade.

3. "Dolarizar" parte do patrimônio

Não sei se você já ouviu a expressão "dolarizar o patrimônio". Ela se refere ao ato de investir em ativos sensíveis à variação do dólar.

Assim, se ocorrer uma crise que provoque uma alta significativa da moeda americana, parte do seu patrimônio vai se valorizar, enquanto a outra parte (a que não foi dolarizada) vai se desvalorizar.

Porém, não vejo vantagem em comprar dólares diretamente ou mesmo em investir em fundos cambiais. Esse tipo de solução é interessante para quem tem previsão de gastos significativos em dólar a curto ou médio prazo. Por exemplo, se você paga os estudos do seu filho no exterior.

Investindo em dólar ou em um fundo cambial, quando a moeda americana cair, suas aplicações vão cair também. É como se o seu patrimônio virasse uma gangorra. Quando a parte dolarizada sobe, a parte em reais cai, e vice-versa, sem muita perspectiva de longo prazo.

Para dolarizar a carteira pensando em longo prazo, é preciso se expor não só à moeda americana, mas, sim, à economia internacional.

4. Expor investimentos à economia americana

O quarto item é, na verdade, um desdobramento do terceiro, pois é a explicação de como eu dolarizei minha carteira.

Em vez de simplesmente me expor estritamente ao dólar, escolhi me expor a empresas globais.

No caso meu caso, conforme contei em uma coluna anterior, escolhi investir especificamente no Google, por ser uma empresa que, a meu ver, tem uma capacidade comprovada de inovar constantemente.

Mas é possível investir em ativos que representam um grande número de empresas. Dessa forma, você consegue diluir o seu risco. Se somente o Google entrar em crise, o impacto no seu patrimônio não será grande, pois ele estará atrelado a diversas outras empresas também.

Alguns exemplos de ativos que representam um grande número de empresas americanas são o IVVB11, o SPXI11 e o SPXB11.

Também é possível investir em empresas europeias pelo EURP11 ou em companhias de todos os continentes pelo WRLD11.

  • Veja as últimas informações sobre a guerra na Ucrânia e mais no UOL News com Fabíola Cidral:

Quando dolarizar?

Acima, afirmei que não dá para adivinhar quando o dólar vai cair ou subir. Por isso, entendo que não existe um momento em que se possa dizer, com certeza, que é hora de dolarizar.

Minha estratégia, então, é ir aos poucos. Alguns meses atrás eu comprei GOGL34, o papel que representa o Google na bolsa brasileira.

Vale dizer que as opções que os ativos que eu citei aqui são opções bastante práticas para dolarizar a carteira, porque são negociados na B3. Mas hoje é possível também abrir conta nos EUA, enviar uma remessa e comprar ações diretamente na bolsa americana, para quem preferir.

Atenção aos riscos, sempre

Ao dolarizar os investimentos, usando qualquer um desses ativos que eu citei, você está entrando em renda variável. Portanto, seu patrimônio vai necessariamente variar para cima e para baixo diversas vezes.

Se você não tiver plena consciência disso, as chances são grandes de você ficar tentado a vender se a aplicação começar a cair muito. Isso significaria perder dinheiro.

Antes de comprar qualquer um desses papéis, pense se, de fato, você acredita que eles tendem a crescer a longo prazo.

Alguma dúvida?

Tendo alguma dúvida sobre o texto de hoje ou sobre investimentos em geral, mande sua pergunta no meu grupo do Telegram. Sua questão poderá ser respondida nesta coluna futuramente.

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