Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Estes 18 fundos imobiliários deram mais dinheiro que a taxa básica de juros
Você sabe como obter um rendimento superior à taxa básica de juros (a Selic), que hoje está em 13,25% ao ano?
Uma das formas é comprando cotas de fundos de investimento imobiliário (FIIs). Existem hoje, no Brasil, 18 ativos desse tipo que, se continuarem no ritmo atual de distribuição de dividendos, terão um retorno superior à Selic nos próximos 12 meses.
Na coluna de hoje, você vai saber quais são esses fundos e quais deles eu tenho na minha carteira pessoal de investimentos. Além disso, eu aponto também as "pegadinhas" que existem por trás de alguns FIIs que parecem muito bons, mas não são tudo isso.
O levantamento considerou apenas os fundos mais negociados do país (com volume acima de R$ 1 milhão por dia).
Lista completa
Veja abaixo a lista dos 18 FIIs com retorno em dividendos acima da taxa Selic.
- URPR11: +19,23%
- VGHF11: +17,03%
- HABT11: +16,93%
- HCTR11: +16,83%
- VGIP11: +16,27%
- ARCT11: +16,21%
- DEVA11: +16,06%
- KNIP11: +15,93%
- KNHY11: +15,35%
- KNSC11: +15,29%
- RECR11: +15,01%
- VCJR11: +14,65%
- RZAK11: +14,44%
- VRTA11: 14,27%
- IRDM11: +14,05%
- CPTS11: +13,88%
- CVBI11: +13,88%
- BBPO11: +13,57%
Destaques
Dos FIIs listados acima, selecionei três para comentar.
URPR11: +19,23%
Quem acompanha a minha coluna vai se lembrar que eu já falei sobre esse fundo diversas vezes. Pudera: ele sempre está entre os mais rentáveis do país. O fundo Urca Prime Renda, negociado na Bolsa pelo código URPR11, está com um retorno em dividendos de 19,23%.
Isso significa que, investindo R$ 100 mil nesse papel hoje, você ganhará R$ 19.230 ao longo dos próximos 12 meses, se ele continuar pagando proventos no mesmo ritmo do último ano. Ou seja, você teria uma renda aproximada de R$ 1.600 por mês.
Reforço, como sempre, que esse retorno (bem como o de qualquer outro fundo aqui citado) não é garantido. Ele só ocorrerá se o FII mantiver o seu ritmo atual de remuneração do cotista.
Um ponto de atenção em relação ao URPR11 é que a sua distribuição de dividendos é bastante instável. Por exemplo, em março do ano passado, ele pagou aos investidores R$ 2,87 por cota. No mês seguinte, o valor caiu cerca de 60%, para R$ 1,18 por cota. Trinta dias depois, subiu 76%, para 2,06%.
Se for investir nesse ativo, esteja ciente de que a cada mês você terá uma surpresa (boa ou nem tanto) ao receber os seus proventos. Já tive esse ativo na carteira. Não tenho mais porque, por motivos pessoais, precisei reduzir minha exposição a risco.
KNIP11: +15,93%
O KNIP11 é um fundo de papel, ou seja, que investe em recebíveis imobiliários. Ao comprar este ativo, você passa a receber, mensalmente, o pagamento de parcelas de financiamento de imóveis.
Ele é um dos principais ativos da minha carteira pessoal de investimentos, pelos motivos que explico abaixo. Em primeiro lugar, é um fundo que procura investir em papéis de baixo risco, por isso me sinto confortável ao concentrar nele uma boa parte do meu patrimônio.
Vale dizer, também, que o KNIP11 é o maior fundo imobiliário do país, com cerca de R$ 7 bilhões em patrimônio, e é também o mais negociado, com um volume diário de R$ 12,2 milhões. Pelo menos 40 FIIs possuem cotas do KNIPP11. Isso mostra como o mercado, em geral, confia nesse fundo.
Também contou para a minha decisão de investimento o fato de ele ser gerido pela Kinea Investimentos, que pertence ao Itaú Unibanco, maior conglomerado financeiro do país. Trata-se, portanto, de uma instituição tradicional e com credibilidade.
Outro fator importante é o histórico do preço da cota e da distribuição de proventos. Não é comum, nesse fundo, haver grandes variações nesses dois indicadores de um mês para o outro, o que o torna um ativo relativamente previsível, em comparação com outros fundos com retorno semelhante.
Mas veja que isso não é uma recomendação de compra nem de venda. Eu apenas acho didático explicar a forma como tomo a minha decisão de investimento. A responsabilidade pela escolha final é de cada investidor.
BBPO11: +13,57%
O BBPO11 é um fundo que detém imóveis usados como agências do Banco do Brasil. Já tive esse fundo na minha carteira e me arrependi. Devo confessar que foi um erro de cálculo da minha parte.
A princípio, ser dono de imóveis que são alugados para o maior banco estatal do país pode parecer muito seguro. Afinal, o BB reporta lucros bilionários todo trimestre; não há por que imagina que ele possa ficar inadimplente nos seus contratos como locatário.
De fato, o problema desse fundo não é inadimplência do BB. O problema é que as agências bancárias são espaços físicos cada vez menos necessários. Quantas vezes por ano você foi a uma agência, nos últimos 12 meses? Eu acredito que não fui nenhuma vez.
Eu acreditava que, pelo fato de o BB ser estatal, ele iria demorar para fechar suas agências. Sabia que um dia isso iria acontecer, mas não esperava que fosse tão cedo. Em agosto do ano passado, o fundo anunciou que, dos seus 64 imóveis, seis não tiveram seus contratos de locação renovados. Com isso, a distribuição de proventos caiu 24%.
Naquele momento, percebi que não valia a pena continuar especulando no mercado de agências bancárias. Vendi minhas cotas e assumi o prejuízo.
Atenção ao comparar com a Selic
A comparação entre a taxa Selic e o retorno em dividendos dos fundos imobiliários, embora seja interessante, não é muito justa.
Primeiro porque os proventos dos FIIs são isentos de Imposto de Renda, enquanto que o principal título atrelado à Selic (o chamado Tesouro Selic) não é. Portanto, o fundo imobiliário já leva uma vantagem aqui.
Em segundo lugar, mas não menos importante, os proventos não são a única forma de ganhar dinheiro com FIIs. É possível obter lucro se o preço da cota subir. Por exemplo, se investiu em um fundo quando ele custava R$ 100, e vendeu quando estava a R$ 120, você teve um ganho de capital, além do dinheiro que recebeu na forma de proventos.
Riscos
É sempre bom lembrar que os fundos imobiliários são ativos de renda variável e têm mais riscos do que investimentos de renda fixa como Tesouro Direto, CDBs e outros.
Sempre existe chance de o fundo reduzir a quantia de proventos distribuídos, às vezes de forma significativa, como ocorreu com o BBPO11.
Além disso, o preço da cota pode variar para baixo. Acima, dei um exemplo em que um investidor compra uma cota a R$ 100 e vende a R$ 120. Mas pode ocorrer também de comprar pelo mesmo valor e depois o preço cair para, digamos, R$ 80. Nesse caso, se o investidor precisar vender o ativo, terá um prejuízo.
Alguma dúvida?
Ficou alguma dúvida sobre este texto ou sobre investimentos em geral? Mande a sua pergunta pela minha conta no Instagram. Sua questão poderá ser respondida nesta coluna em breve.
Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.
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