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ANÁLISE

Uber parece ter entrado em uma nova fase; qual o impacto nas ações?

Neil Hall/Illustration/Reuters
Imagem: Neil Hall/Illustration/Reuters

Rafael Bevilacqua

03/08/2022 09h23

A Uber (NYSE: UBER), empresa norte-americana de tecnologia com foco em transporte privado urbano, divulgou seus resultados referentes ao segundo trimestre de 2022 na terça-feira (2), com números acima das expectativas e que podem representar uma mudança de fase para a companhia.

Confira a seguir o comentário de Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe e sócio-fundador da casa de análise Levante Ideias de Investimento, sobre o tema. Todos os dias, Bevilacqua traz notícias e avaliações de empresas de capital aberto para você tomar as melhores decisões de investimento. Este conteúdo é acessível para os assinantes do UOL. O UOL tem uma área exclusiva para quem quer investir seu dinheiro de maneira segura e lucrar mais do que com a poupança. Conheça!

A receita líquida da Uber no trimestre totalizou US$ 8,07 bilhões, muito acima do consenso de US$ 7,39 bilhões. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado somou US$ 364 milhões, também superando a mediana das projeções, de US$ 265 milhões.

Com a reabertura de escritórios, fábricas e comércios, o volume de corridas no aplicativo superou os patamares pré-pandemia, com 122 milhões de usuários mensais. Assim como a demanda por corridas, o número de motoristas e entregadores cadastrados nas plataformas da Uber também cresceu, chegando a quase cinco milhões no final do trimestre.

Apesar de todos esses dados que reforçam a perspectiva otimista para o futuro da companhia, o indicador que realmente fez com que esse resultado fosse especial foi outro: o fluxo de caixa. A Uber terminou o trimestre com um fluxo de caixa positivo em US$ 382 milhões - a primeira vez na história da companhia em que esse indicador não ficou no vermelho.

O resultado do fluxo de caixa é a diferença entre os valores recebidos e os gastos realizados por uma companhia em um determinado período. Essa mudança, caso o fluxo de caixa positivo seja mantido ao longo dos próximos trimestres, pode representar uma nova fase na história da Uber, na qual ela passará a ser uma empresa capaz de gerar caixa recorrentemente, podendo se converter em uma companhia lucrativa eventualmente.

Contudo, apesar das boas notícias, a empresa teve prejuízo líquido de US$ 2,6 bilhões no trimestre, impactada principalmente por uma perda líquida de US$ 1,7 bilhão relacionada a investimentos realizados pela companhia no mercado de ações.

A Uber é uma empresa de crescimento, ou seja, seu valor está atrelado ao seu potencial futuro, e não à sua capacidade de gerar lucro no presente. Dessa forma, o resultado do segundo trimestre é visto como positivo, apesar do prejuízo bilionário.

Para o terceiro trimestre deste ano, a companhia projeta movimentar entre US$ 29 bilhões e US$ 30 bilhões em corridas, gerando um Ebitda ajustado de até US$ 470 milhões.

Com os resultados melhores do que o esperado, as ações da Uber devem reagir positivamente no curto prazo. No longo prazo, porém, a situação é mais complicada, e o desempenho desses ativos dependerá da capacidade da Uber de rentabilizar sua gigantesca base de clientes.

As ações da Uber fecharam em alta de 18,90% na terça-feira, cotadas a US$ 29,25.

Este material foi elaborado exclusivamente pela Levante Ideias e pelo estrategista-chefe e sócio-fundador Rafael Bevilacqua (sem qualquer participação do Grupo UOL) e tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta de valor mobiliário ou promessa de retorno financeiro e/ou isenção de risco . Os valores mobiliários discutidos neste material podem não ser adequados para todos os perfis de investidores que, antes de qualquer decisão, deverão realizar o processo de suitability para a identificação dos produtos adequados ao seu perfil de risco. Os investidores que desejem adquirir ou negociar os valores mobiliários cobertos por este material devem obter informações pertinentes para formar a sua própria decisão de investimento. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, podendo resultar em significativas perdas patrimoniais. Os desempenhos anteriores não são indicativos de resultados futuros.