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ANÁLISE

Queridinha na Bolsa, Vale enfrenta crise global. Devo investir?

29/06/2022 11h00

O conturbado cenário macroeconômico global afeta os preços das commodities metálicas como o minério de ferro. O preço dessas matérias-primas, que vinha batendo recordes no ano passado, está sofrendo pesadas baixas, principalmente por causa da crise na China.

Como a brasileira Vale deve ser impactada nesse momento? A empresa está forte o suficiente para enfrentar essas turbulências e entregar um bom retorno a seus investidores? Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe e sócio-fundador da Levante Ideias de Investimentos, analisa o contexto global e quais as perspectivas para a mineradora a seguir.

Quem é a Vale

A Vale, maior produtora global de minério de ferro fino, pelotas e níquel, posiciona-se entre as principais mineradoras do mundo.

A companhia possui volume de produção robusto, minério de boa qualidade e pouca necessidade de investimentos que, combinados com seu baixo nível de endividamento, possibilitam uma farta distribuição de dividendos.

Dentre os principais compradores de minério da Vale, estão os Estados Unidos, Alemanha, França, Inglaterra, Oriente Médio, África, Oceania, China, Coreia do Sul e Japão.

Já seus maiores acionistas são a Previ, Mitsui&Co, BlackRock e Capital World Investors.

China: covid-19 e crise da construção civil

O preço do minério de ferro vinha quebrando recordes em 2021, com a commodity chegando a ser cotada a US$ 237 por tonelada nos portos chineses no ápice de sua valorização. Nesse período, companhias do setor de mineração e siderurgia apresentaram resultados excelentes, chamando a atenção dos investidores.

Só que, desde setembro, o minério passou a sofrer quedas abruptas, encerrando 2021 na marca dos US$ 100 por tonelada.

Atualmente, a China é, de longe, a principal compradora de minério de ferro do mercado global. A maior parte adquirida, vale contar, é direcionada para a produção de aço que alimenta o gigantesco setor de construção civil chinês.

Contudo, a crise no setor imobiliário do país provocou uma redução abrupta da demanda por aço, o que consequentemente derrubou o preço do minério. Além disso, restrições à produção siderúrgica impostas pelo governo chinês também contribuíram para diminuir a demanda por minério.

Em adição a esses fatores, foi instaurada uma política de tolerância zero contra a covid-19 na China, o que levou a lockdowns rigorosos em alguns dos principais centros industriais e comerciais do país mais populoso do mundo, afetando todos os setores da economia chinesa.

Economia global está parando

Nas últimas semanas, tem se falado muito sobre o risco de recessão global, especialmente em meio à alta dos juros nos Estados Unidos, a maior economia do planeta.

O risco de recessão tem provocado uma desvalorização das commodities metálicas e energéticas, produtos que subiram muito de preço desde o início da reabertura econômica passado o período mais crítico da pandemia.

O motivo para isso é simples: com a atividade econômica fraca, a demanda por tais insumos tende a diminuir, principalmente no caso das commodities metálicas, cujos derivados como o aço e o alumínio são muito utilizados pela indústria e pela construção civil.

Assim, a perspectiva de recessão econômica contribuiu para acentuar as perdas do minério de ferro, o carro-chefe da Vale.

Ações acompanham comportamento do minério

Por se tratar de uma empresa que atua na exploração do minério de ferro, observa-se uma forte correlação entre a cotação do minério de ferro no mercado internacional e o preço das ações da Vale.

Assim, quando o minério apresenta uma forte desvalorização, a tendência é que as ações da companhia também caiam de preço na Bolsa, enquanto durante períodos de forte alta do minério, as ações costumam apresentar desempenho positivo.

Em 2021, durante a valorização estratosférica do minério de ferro, a Vale atingiu patamares recordes de preço, superando a marca dos R$ 100 por ação. Já a queda do minério de ferro ao longo deste ano resultou em uma desvalorização do papel VALE3, cotado a R$ 78,05 em 27 de junho de 2022.

O que esperar das ações da Vale?

Embora atue em um setor cíclico, a Vale vem tentando se transformar em uma companhia capaz de obter bons resultados financeiros recorrentemente, reduzindo seu endividamento e aumentando sua geração de caixa, o que permite o pagamento de bons dividendos aos acionistas mais frequentemente.

É importante ressaltar que empresas do setor de mineração têm dificuldade em reinvestir lucros na expansão de suas operações, o que significa que a maior parte do valor gerado pela Vale tende a ser distribuído na forma de proventos. Dessa forma, enquanto o minério de ferro se mantiver acima de US$ 100 a tonelada, a Vale deve pagar bons dividendos aos seus acionistas.

Como a situação na China segue incerta, é difícil fazer projeções para o preço do minério no médio prazo, mas a demanda pela commodity tem se mostrado resiliente, mesmo diante da crise do setor imobiliário chinês e dos lockdowns em importantes centros industriais do país.

No curto prazo, as ações da Vale devem acompanhar as oscilações do preço do minério nos portos e nas Bolsas da China. Mesmo assim, a mineradora deve reportar resultados sólidos nos próximos trimestres.

Além disso, a própria Vale tem conduzido uma série de programas de recompra de ações, sinalizando que sua diretoria acredita que o atual patamar de preço dos ativos é bastante atrativo, tendo em vista os resultados projetados.

A Vale é uma companhia com fundamentos sólidos e potencial para seguir pagando proventos generosos aos investidores. Com endividamento sob controle, a mineradora lidera o segmento de minério de alta qualidade, estando muito bem posicionada no mercado internacional.

Acesse aqui o relatório completo da Levante sobre a Vale.

Carteiras conforme o perfil

Para quem ainda não pegou as recomendações de investimentos, elas estão a seguir:

- Carteira para quem não aceita risco algum

- Carteira para quem tem perfil mais conservador, mas aceita um pouquinho de risco

- Carteira para quem é mais moderado

- Carteira para quem aceita mais risco

- Carteira para quem aceita alto risco

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Este material foi elaborado exclusivamente pela Levante Ideias e pelo analista Felipe Bevilacqua (sem qualquer participação do Grupo UOL) e tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta de valor mobiliário ou promessa de retorno financeiro e/ou isenção de risco . Os valores mobiliários discutidos neste material podem não ser adequados para todos os perfis de investidores que, antes de qualquer decisão, deverão realizar o processo de suitability para a identificação dos produtos adequados ao seu perfil de risco. Os investidores que desejem adquirir ou negociar os valores mobiliários cobertos por este material devem obter informações pertinentes para formar a sua própria decisão de investimento. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, podendo resultar em significativas perdas patrimoniais. Os desempenhos anteriores não são indicativos de resultados futuros.