Ainda sensibilizada pelo Dia dos Namorados, fico a pensar na citação de Eça de Queiroz sobre "um amor e uma cabana". De verdade, o amor é um grande mistério e, por vezes, o coração age de uma forma que a razão não entende.
Segundo a Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen), em 2021 os cartórios brasileiros registraram um número próximo a 424 mil casamentos, um aumento de cerca de 27% em relação a 2020.
Em pesquisa realizada pelo site www.casamentos.com.br, os principais motivos que levaram os noivos ao enlace partem dos mais românticos, como ver o rosto de quem você ama todas as manhãs e envelhecer juntos, indo até os mais práticos como formalizar um compromisso, dividir as despesas e ter um aliado para alcançar objetivos.
Contudo, quem é ou já foi casado sabe como um coração apaixonado pode ser um tanto míope. E, quando a rotina se estabelece, as lentes mostram os detalhes. Entre janeiro e dezembro de 2021 houve 80.573 divórcios, algo em torno de 19% do total de casamentos do mesmo período. Para 46% desses novos solteiros, o motivo da separação envolveu questões financeiras.
Ninguém inicia um relacionamento pensando em separação. Mas em um momento de fragilidade financeira como este de pós-pandemia, questionamos até nossa existência, o que dirá as nossas relações. Por isso, a comunicação clara e direta é tão importante.
Quando um contrato de casamento é realizado, estabelece-se um elo de confiança entre as partes. Qualquer assunto que fragilize essa confiança gera a sensação de traição, abrindo a porta para outros problemas.
No âmbito financeiro, mais do que alinhar expectativas e objetivos, a intimidade do casal precisa ter espaço para a franqueza e maturidade na definição das responsabilidades.
Uma situação bem comum, que é indício de que a comunicação está falha, é a ocultação de gastos, ou seja, quando uma das pessoas do casal esconde o gasto ou compra do outro. É compreensível que a intenção seja evitar discussões, mas o que acaba acontecendo é que a descoberta da dívida escondida representa uma quebra de confiança e isolamento.
Então, sendo o amor um grande mistério, o contrato de relacionamento precisa ser o mais explícito possível. Para ajudar, compartilho algumas "cláusulas" que contribuem para o sucesso deste contrato no capítulo "Finanças do casal":
1) Definir as prioridades de gastos do casal
Conversem sobre o assunto. Identifiquem objetivos do casal, alinhem expectativas, falem abertamente a respeito das finanças.
2) Estabelecer a renda do casal
Alguns casais optam por manter contas conjuntas; outros por contas independentes. Não há um jeito certo ou errado, mas a criação de um sistema que não gere brigas.
3) Ter transparência na divisão de contas
Criem um orçamento que especifique quanto será a contribuição de cada um para as despesas comuns, mantendo algum grau de liberdade para gastos pessoais individuais.
4) Gerenciar o dinheiro
Instituir alguma rotina de administração das finanças que respeite o jeito de cada um, nem excessivo que gere discórdia nem relapso que inviabilize a organização.
5) Cuidar os gastos no cartão de crédito
Presentes materiais podem aliviar as tensões temporariamente. Entretanto, a segurança financeira assegura o equilíbrio da relação. Não negligenciem outros fatores que também colaboraram para a felicidade do casal, como atenção, carinho, cuidado com o outro e muito diálogo.
6) Reconhecer que o dinheiro interfere no relacionamento
Assumir que a questão financeira interfere emocionalmente na relação do casal e que a melhor forma de lidar com isso é o diálogo aberto.
Em qualquer âmbito, o segredo do sucesso de um relacionamento é a comunicação. Mas falar sobre dinheiro ainda é um tabu para a maioria das pessoas. Então, enquanto não conseguir falar sobre dinheiro com seu parceiro de forma franca e madura, não decida casar.
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