Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), 77,7% dos brasileiros estavam endividados em abril de 2022. Esse é o maior número da série histórica, iniciada em 2010. É como se quase 8 em cada 10 pessoas que estão lendo este texto estivessem endividadas. É muita gente!
A dívida do cartão de crédito é a "mais-mais": mais comum e mais cara. Conforme o Banco Central, o juro médio total cobrado no rotativo do cartão em fevereiro de 2022 foi de 355,2% ao ano e nos parcelamentos, de 174,3%. Juro alto desse jeito já é complicado, mas enquanto a pessoa consegue pagar as parcelas, aceita-se.
O problema se agrava quando a pessoa não consegue quitar tais parcelas. Aí vira inadimplente. De acordo com a Confederação Nacional do Comércio (CNC), cerca de 28,6% das famílias brasileiras estão com contas em atraso.
Mas o cartão de crédito é apenas um dos principais motivos de endividamento. Entram na lista ainda os juros bancários do cheque especial e de outras instituições financeiras, além das contas do dia a dia.
Por tudo isso, este texto traz uma sugestão de passo a passo para começar a organizar suas dívidas e colocar suas finanças nos trilhos.
Passo 1: Organização
Liste todas as dívidas que você tem hoje. Indique a origem, taxa de juros cobrada, dia de vencimento das parcelas, quantidades e valor de parcelas pagas, em atraso e a vencer. Na intenção de ajudar um pouquinho mais, segue um modelo de tabela para cópia.
- Origem da dívida
- Dia de vencimento das parcelas
- Taxa de juros
Parcelas (divida em total, pagas, em atraso e a vencer)
- Quantidade
- Valor em R$
Com essas informações, você conseguirá estabelecer prioridades e necessidades, perceber o que já foi pago, identificar o problema atual e prever o compromisso futuro. Para além de um retrato da situação, esta tabela irá indicar argumentos importantes na hora de uma renegociação.
Passo 2: Administração
O próximo passo é entender quanto do orçamento mensal familiar é possível reservar para quitar essas dívidas do passado, de modo que não comprometa as necessidades atuais.
Comece somando os custos de suas necessidades básicas, como comida, gás, luz, moradia, e alguma outra conta específica. Não se esqueça de incluir nessas necessidades algum valor, por menor que seja, como reserva para o futuro. Isso é essencial para o processo de reeducação financeira, além de servir como um incentivo ao esforço atual.
Feito isso, calcule o que sobra da sua renda após diminuir os custos das necessidades básicas. Esse será o valor mensal disponível para a renegociação.
É claro que ficar só com as necessidades básicas é difícil e irá exigir um esforço ainda maior. Então, seguem algumas ideias de como economizar ou gerar renda extra:
- Se costuma ir de carro para o trabalho, cadastre-se como motorista de aplicativo e vá para o trabalho ou volte para casa trabalhando. Ou divida esse custo com alguém que faça um trajeto semelhante ao seu. Economize.
- Se tem um pet e precisa passear com ele todos os dias, que tal levar mais um ou dois com você e ser pago por isso?
- Tem alguma habilidade ou hobby que você possa explorar financeiramente nos períodos de folga? Pense em algo como ensinar a andar de bicicleta ou vender roupas de crochê na feira do condomínio.
Entenda que não é para viver desse valor, mas para gerar a renda extra necessária.
Passo 3: Renegociação
Com prioridades definidas e ciente do valor mensal disponível que não comprometa as necessidades atuais, comece a buscar a renegociação das dívidas mais caras, ou seja, as de taxa de juros mais alta. Os argumentos que podem ser usados incluem parcelas já pagas, juros menores praticados no mercado e capacidade de pagamento.
Aqui a recomendação é expandir a quantidade de parcelas de modo que seu valor diminua. E, sempre que sobrar algum dinheiro, antecipe as últimas parcelas do contrato, pois assim o desconto do juros será maior.
Lembre que dívidas são custos do passado que não foram pagos. Quem está pagando dívidas tem custo dobrado: os de hoje e os de ontem. Por isso, cuide para não repetir o problema. Enquadre suas finanças e controle seu consumo, criando alguma leveza com aquela reserva financeira recomendada.
Acredite, é possível. Só quem já passou por isso sabe.
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