Do submarino Titan ao seu bolso: lições financeiras de uma aventura extrema

O caso do submarino Titan gerou grande repercussão no mundo inteiro. Para além da implosão que popularizou algumas leis da física, o caso que envolveu cinco homens bilionários em um passeio de risco extremo incentiva a discussão sobre algumas decisões financeiras: Se eu fosse bilionário, faria esse passeio? Qual era a expectativa deles com isso?

Usando analogias com o caso do submarino, destaco três lições sobre educação financeira que podem auxiliar a tomar decisões mais coerentes.

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A pressão no fundo do mar e a inflação

A inflação representa o aumento generalizado dos preços que exerce significativa pressão sob o seu orçamento. Mesmo que você mantenha seu consumo estável, com a inflação os preços seguirão aumentando.

Para evitar a implosão orçamentária, duas medidas devem ser tomadas:

1) Submergir adequadamente o seu padrão de vida para um grau abaixo do que a sua renda permite. Em águas não tão profundas, a pressão é menor.

2) Se quiser maior profundidade, precisará reforçar sua cabine com recursos extras. Algumas possibilidades de aumentar sua renda são freelancer nas horas vagas, vender roupas e objetos sem uso, aumentar conhecimentos sobre investimentos financeiros que rendam mais.

O joystick e o cartão de crédito

Tal como o joystick, por meio do qual você controla os movimentos do seu avatar, o cartão de crédito é apenas um instrumento de pagamento que lhe dá controle sobre o seu consumo.

Os comandos do joystick permitem inúmeras jogadas, porém essas são restritas a uma fase específica do jogo.

No contexto do cartão de crédito, por mais que a operadora defina um limite de crédito, é você quem deve estabelecer um teto de gastos que respeite as suas reais condições de pagamento. Além disso, o fato de concentrar todos os pagamentos em uma melhor data previamente escolhida simplifica em muito a gestão da partida.

Seja por meio do joystick ou do cartão de crédito, são as suas decisões que farão com que o objetivo seja atingido ou não. Um joystick que não conecta o avatar à realidade do seu comandante certamente levará ao game over!

Ser bilionário e ser excêntrico

O sinônimo de dinheiro deveria ser liberdade, pois esse é o principal benefício de ter muito dinheiro: ser livre para fazer escolhas. Inclusive as mais excêntricas como pagar cerca de R$ 1 milhão por um passeio marítimo de oito dias, a quatro quilômetros de profundidade, em uma cápsula controlada por um joystick, para ter uma imagem pouco nítida de um navio afundado há mais de cem anos.

Stockton Rush, fundador da OceanGate e piloto do submarino Titan, o empresário paquistanês Shahzada Dawood e seu filho Suleman, Hamish Harding, dono de algumas empresas de investimentos e explorador britânico, e Paul-Henry Nargeolet, ex-comandante da Marinha francesa e especialista número 1 no mundo sobre o naufrágio do Titanic comprovam um importante viés da educação financeira: eles acreditavam plenamente que tudo daria certo, ao ponto de assinarem o termo de responsabilidade quanto ao risco e embarcarem no Titan.

Seja pelo excesso de otimismo, pela fortuna ou pelo elevado senso de autoconfiança, eles se negaram a reconhecer a existência de um problema ou risco e mergulharam.

Eu, na minha expectativa de ser bilionária, com certeza seria do time de Chris Brown, o magnata do marketing digital que, mesmo sendo amigo pessoal de Rush, desistiu do passeio ao ver a embarcação. Um homem que, a despeito da quantidade de dinheiro que tem, mantém o seu radar ligado e os pés firmes no chão.