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Onda de ETFs do exterior deve chegar ao Brasil. Veja vantagens e cuidados

João José Oliveira

do UOL, em São Paulo

29/09/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Novas regras da CVM permitem maior oferta de ETFs estrangeiros no Brasil
  • Profissionais de mercado dizem que novos ETFs serão lançados no país
  • Veja dicas e recomendações de especialistas para investir em ETFs

Uma onda de novos ETFs (sigla em Inglês para Exchange Traded Funds) está prestes a chegar ao mercado brasileiro depois que a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) flexibilizou as regras para esse investimento, dizem profissionais de mercado. Agora, produtos que existem lá fora poderão ser oferecidos a qualquer investidor brasileiro, incluindo o pequeno aplicador.

A CVM, órgão responsável pelo mercado de capitais no Brasil, passou a permitir que ETFs que existem no exterior possam ser oferecidos a investidores no Brasil também. A maior parte desses produtos que existem lá fora só podia ser comprado por brasileiros classificados como investidor qualificado - aquele com mais de R$ 1 milhão para investir. Agora, o acesso foi ampliado mesmo ao pequeno poupador.

Da mesma forma que ações de empresas estrangeiras podem ser compradas no Brasil por meio dos BDRs, também os ETFs estrangeiros poderão ser negociados na Bolsa brasileira B3.

ETFs estrangeiros no Brasil

"Com essa mudança, passamos a ter um caminho aberto para a listagem de novos ETFs aqui no Brasil", afirmou a especialista em investimentos globais da casa de análise Spiti, Francine Balbina.

Há ETFs negociados no Brasil, mas em pequeno número em relação ao tamanho do mercado global. Para comparar, no mundo há mais de 7.000 ETFs. Na B3, há apenas 23 ETFs, sendo 17 de renda variável e seis de renda fixa.

O líder mundial em ETFs é a BlackRock, firma americana também maior gestora de recursos do planeta, com mais de US$ 7,5 trilhões (R$ 41 trilhões) sob gestão. A companhia oferece lá fora ampla lista de mais de 700 ETFs dos mais diferentes tipos.

Temos uma oportunidade enorme, e estamos bastante atentos. Estamos vendo o que podemos oferecer para efetivamente complementar uma estratégia de portfólio do investidor brasileiro.
Carlos Takahashi, presidente da BlackRock no Brasil

Índice de índices

O ETF é um fundo de investimento negociado na Bolsa como se fosse uma ação. A grande maioria deles acompanha um índice de mercado, como um índice de ações —Ibovespa, no Brasil, ou o S&P500, da Bolsa de Nova York, por exemplo—, índices de títulos ou mesmo índices de moedas.

Assim, ao comprar um ETF, a pessoa está investindo de uma única vez em uma cesta de ativos. Por exemplo: o BOVA11, ETF da BlackRock negociado na Bolsa brasileira, reproduz o Ibovespa. Assim, ao adquiri-lo, o investidor está aplicando o dinheiro nas mais de 50 ações que formam esse índice.

Diversidade

Com as novas regras, as instituições financeiras poderão oferecer aqui ETFs estrangeiros de índices de outras Bolsas de outros países.

Quando esses produtos começarem a ser oferecidos no Brasil, o aplicador poderá comprar ETFs que acompanham, por exemplo, índices de ações apenas de tecnologia, nos Estados Unidos, ou índices que acompanham apenas empresas chinesas, ou ainda ETFs que seguem índices do mercado de metais, como ouro e prata.

"O ETF permite que o investidor faça, com pouco dinheiro, uma diversificação de carteira tanto em termos tipos de ativos como em termos geográficos", afirma o sócio diretor do banco digital Modalmais Ronaldo Guimarães. Segundo ele, a procura por esse produto na plataforma da instituição tem crescido desde 2019.

Vantagens de ETFs

  • Diversidade: É possível aplicar em diversos ativos de uma única vez, por meio do ETF. Ao diversificar a aplicação, o risco do investidor diminui porque o dinheiro está distribuído em vários ativos.
  • Simplicidade: Como é negociado em Bolsa, o ETF tem um modelo de transação semelhante ao desse mercado. Para começar a investir, basta abrir conta na corretora e começar a dar as ordens de compra e venda.
  • Transparência: Como os ETFs seguem índices de mercado, o investidor tem uma noção clara de como sua aplicação está se saindo porque tem referências para comparar. Um ETF que segue o índice Nasdaq, da Bolsa eletrônica americana, por exemplo, tem um comportamento semelhante a esse indicador, que é conhecido e tem desempenho verificado a qualquer momento.
  • Custos: Em sua maioria, como seguem índices, os ETFs não têm complexidade para o gestor de recursos. Por isso, a taxa cobrada do aplicador é baixa, na casa de 0,3%. Isso é menos, por exemplo, que a taxa de administração de muitos fundos de ações passivos, que seguem o Ibovespa.
  • Aplicação mínima: Com o ETF, o investidor consegue dividir um pequeno capital inicial em pequenas frações de vários ativos. Se um pequeno aplicador aqui no Brasil quiser investir na nossa Bolsa local em empresas de tecnologia americana, por exemplo, ele pode comprar também BDRs, mas esses papéis chegam a custar quase R$ 8.000 para apenas um deles. Ao adquirir um ETF, o investidor consegue comprar frações de diversas ações desse setor lá na Bolsa americana com menos dinheiro.

O ETF estrangeiro é uma forma de dolarizar parte do portfólio sem enviar dinheiro para fora nem ficar exposto à legislação de outro país.
José Raymundo de Faria Junior, planejador financeiro da Planejar

Cuidados com os ETFs

Gestores de recursos dizem que os ETFs devem ser vistos como uma forma de diversificar o investimento, mas com a mesma moderação e atenção necessárias a investimentos em ações. É uma aplicação de longo prazo e que tem volatilidade. Veja algumas dicas de profissionais de mercado.

Evitar ETF complexo: Para começar, a melhor opção é buscar ETFs que seguem índices de mercados mais conhecidos. Isso porque há ETFs que seguem negócios sofisticados, incluindo produtos alavancados - em que o aplicador pode até perder o dinheiro inicial aplicado.

"O investidor que está começando deve focar nos ETFs relacionados a ativos mais conhecidos e evitar ativos mais complexos", diz Ronaldo Guimarães, do Modalmais.

Custos: Uma das vantagens do ETF é ser um produto acessível e de baixo custo para o aplicador. Por isso, o investidor deve ficar atento à taxa cobrada.

"Assim como lá fora, as taxas dos ETFs aqui também são muito baixas, na casa de 0,25% a 0,3%. Uma taxa de meio por cento já começa a ficar salgada", diz José Raymundo de Faria Junior, da Planejar.

Liquidez: Como ações negociadas em Bolsa, os ETFs mais interessantes são também aqueles que têm maior liquidez, ou seja, maior facilidade para serem vendidos ou comprados a qualquer momento. Atenção com produtos que têm poucos negócios.

Segundo a B3, em agosto os ETFs tiveram uma média diária de negócios entre quatro transações, o menos líquido (XBOV11), e 36 mil negócios, o mais negociado (BOVA11).

Para profissionais de mercado, o aumento das negociações de ETFs no Brasil vai permitir ganhos de escala e, por tabela, redução de taxas cobradas dos aplicadores.

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