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Bitcoin: vale a pena comprar, e quanto colocar na carteira?

Desde junho de 2019, Bitcoin já subiu 833% para superar os R$ 306 mil em negócios aqui no Brasil - Getty Images/iStockphoto
Desde junho de 2019, Bitcoin já subiu 833% para superar os R$ 306 mil em negócios aqui no Brasil Imagem: Getty Images/iStockphoto

João José Oliveira

Do UOL, em São Paulo

02/03/2021 04h00

Resumo da notícia

  • Criptomoeda subiu mais de 800% desde junho de 2019, mas com volatilidade de 69% no período
  • Bitcoin pode ser opção de diversificação de carteira, mas para investidor que já tem dinheiro na renda variável, dizem profissionais de mercado
  • Veja quanto investidor pode ter de Bitcoin numa carteira de renda variável, dependendo do perfil de risco, segundo especialistas

O Bitcoin vem quebrando recordes de cotação ano após ano. Desde junho de 2019, por exemplo, a criptomoeda já subiu 833% para superar os R$ 306 mil em negócios aqui no Brasil. Mas essa trajetória nunca foi suave. A volatilidade, que representa uma forma de medir o risco do ativo, chegou a 69% nesse mesmo período.

Para comparar com um mercado de risco mais tradicional, o de ações, o BOVA11, um ETF que reproduz o comportamento do Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa brasileira, teve ganho de 36% nessa mesma janela de tempo, mas com uma volatilidade menor, de 22%, segundo dados compilados no Mercado Bitcoin e na B3 pelo professor de finanças na Escola de Administração de Empresas da Fundação Getulio Vargas (EAESP/FGV), Alan de Genaro, pós doutorado pelo Courant Institute of Mathematical Sciences, da Universidade de Nova York.

O que os dados mostram é que mesmo após toda a montanha-russa que foi a trajetória do Ibovespa nos últimos trimestres, esse mercado ainda foi bem menos arriscado que o de Bitcoin. Nesse cenário, vale a pena comprar Bitcoin? E, se sim, quanto ter de Bitcoin na carteira?

Veja o que dizem profissionais de mercado.

Bitcoin não é para iniciantes

A primeira recomendação dos profissionais de mercado é a de que as criptomoedas devem ser consideradas como uma alternativa de investimento para o investidor que já tem uma parte da carteira em renda variável e familiaridade com esse mercado.

A pessoa entra nessa classe de ativos - que inclui ações, fundos imobiliários, ETFs, BDRs, moedas, metais, por exemplo - ciente de que a vantagem de ter maior potencial de ganhos tem como contrapartida a desvantagem de assumir maior risco de perdas.

Para investidores que ainda não têm nada ou muito pouco em renda variável, talvez valha a pena passar por um aprendizado por outros ativos, como fundos multimercados, fundos de ações, ou mesmo ações, antes de entrar em criptomoedas, que apresentam uma volatilidade muito maior, o que pode assustar um investidor iniciante e provocar perdas.
Alan De Genaro, economista e professor da FGV

Com tantas opções de renda variável, por que Bitcoin?

Segundo profissionais de mercado que consideram a criptomoeda uma alternativa válida, dois motivos justificam ter esse ativo na carteira, dentro daquela parte separada para renda variável. Veja abaixo.

Diversificação: O Bitcoin tem uma correlação diferente com a economia na comparação com outros tipos de investimento. A criptomoeda pode subir em momentos em que a Bolsa ou o dólar recuam. O Bitcoin também varia - para cima ou para baixo - independentemente do desempenho da economia, esteja o PIB crescendo ou em recessão.

O Bitcoin tem vida própria a partir do próprio mercado criptomoedas --diferente de outros ativos, que andam com algum tipo de correlação positiva ou negativa com outros mercados. Por isso, o Bitcoin ajuda a diversificar a carteira. Isso permite atenuar queda da carteira em momentos de perdas e potencializar a valorização em momentos positivos.
André Franco, analista de criptomoedas da casa de análises Empiricus

Tecnologia: O Bitcoin faz parte de uma tecnologia, a de blockchain, uma nova, mais segura e mais eficiente forma de transferir dados, que tem sido adotada por empresas e instituições financeiras. O Bitcoin é uma moeda que faz parte dessa inovação e, por isso, tem potencial para ganhar importância com o passar dos anos. Investir nessa criptomoeda é, então, um meio de colocar uma parte do patrimônio nessa inovação.

Veja aqui como comprar Bitcoin e os cuidados para não cair em golpes

Quanto ter de Bitcoin em carteira?

Gestores de recursos e consultores financeiros dizem que mesmo no caso de um investidor com perfil de risco mais agressivo, o Bitcoin deve representar apenas uma pequena parte da carteira.

Nossa recomendação é a fatia do Bitcoin na carteira de investimentos seja de um dígito, ou seja, de 1% a 9%, dependendo do perfil de risco, do mais conservador ao mais arriscado.
João Marco Cunha, gestor de portfólio da gestora de recursos especializada em criptomoedas Hasdex

Já o analista da Empiricus, André Franco, sugere que a fatia de Bitcoin na carteira deve ir a 5% no máximo.

Simulações de carteiras

O professor de finanças da FGV Alan De Genaro fez um estudo considerando a Teoria de Portfólio, do economista americano e Prêmio Nobel de Economia, Harry Markowitz, que explica como investidores racionais usam o princípio da diversificação para otimizar as carteiras de investimentos.

Considerando dados de mercado das criptomoedas desde junho de 2019, o estudo apontou que o Bitcoin pode ter ainda uma fatia maior para um investidor, mas sempre considerando a parte dos investimentos já separados para ativos de risco.

Veja uma simulação que considera uma carteira de renda variável que tenha Bolsa, representada pelo BOVA11, o ETF que representa o Ibovespa, e Bitcoins.

Com que frequência comprar Bitcoin?

Profissionais de mercado dizem que o ideal é o investidor ir comprando Bitcoins aos poucos para, dessa forma, pegar um valor médio da criptomoeda ao longo de um período.

Por exemplo, se a pessoa decidiu investir R$ 4 mil reais nesse ativo, ela pode ir comprando R$ 1 mil a cada mês. O investidor pode perder alguma oportunidade de valorização, mas também reduz o risco de entrar no pico e passar por uma queda na sequência.

Tentar acertar o momento exato para entrar em Bitcoin é muito difícil porque esse ativo tem muita volatilidade, aponta o planejador financeiro da Planejar, Filipe Deus da Nóbrega. Ele destaca que esse ativo deve ser visto como uma aplicação de longo prazo.

Por causa da volatilidade, o Bitcoin faz sentido para a fase de acumulação de patrimônio de um investidor. Se a pessoa já está na fase de usufruto da carteira, ou seja, dos saques, é melhor evitar esse investimento.
Filipe Deus da Nóbrega, planejador financeiro da Planejar

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