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Veja como a PEC do novo auxílio, aprovada hoje, afeta seus investimentos

Camila Mendonça

Do UOL, em São Paulo

12/03/2021 16h14

Depois de três dias de votação na Câmara dos Deputados, a PEC Emergencial foi aprovada nesta sexta-feira (12). O texto recria o auxílio emergencial e impõe medidas para controlar os gastos públicos.

Apesar da aprovação, algumas mudanças foram feitas durante a votação. A primeira foi sobre o fim dos repasses obrigatórios a fundos. O trecho foi retirado, mantendo, assim os repasses. O texto original também impedia as progressões e promoções de carreira de servidores e agentes públicos --trecho que também foi retirado da PEC.

Alguns analistas consultados pelo UOL dizem acreditar que essas mudanças representam certa desidratação da PEC Emergencial. Diante disso, como ficam os investimentos? Confira o que dizem os analistas.

PEC abre caminho para reformas

Romero Oliveira, chefe de renda variável da Valor Investimentos, afirma que a PEC não foi a "dos sonhos do ministro Paulo Guedes". Contudo, ele avalia que a desidratação das contrapartidas fiscais poderia ter sido bem maior e que a PEC abre caminhos.

A aprovação pode abrir espaço no Congresso para outras reformas, e também deve ajudar o mercado. Hoje, porém, o movimento de aversão nos mercados internacionais [quando investidores buscam ativos mais seguros] joga contra os ativos brasileiros.
Romero Oliveira, da Valor Investimentos

"Copo meio cheio"

O economista e analista Felipe Bevilacqua, da casa de análises Levante Ideias de Investimento, lembra que a Bolsa subiu na terça-feira (9) e na quarta-feira (10), em parte pela perspectiva de aprovação da PEC. Para ele, os investidores decidiram enxergar o "copo meio cheio".

"Da proposta original, a bem da verdade, sobrou apenas o esqueleto, e as medidas de ajuste fiscal aprovadas só devem ter efeito a partir de 2025, em média", avalia.

Idealmente, os R$ 44 bilhões previstos para o auxílio deveriam ter ficado dentro do teto e não entrariam via crédito extraordinário, mas a falta de consenso político sobre onde cortar gastos para incluir esse valor na conta do teto e o recrudescimento da pandemia abriram espaço para o acordo atual. Por agora, nossa visão é a de que o atual governo não deve recorrer ao populismo fiscal de modo mais agressivo, abandonando premissas que têm ancorado as expectativas de investidores.
Felipe Bevilacqua, da Levante

Bevilacqua acredita, no entanto, que qualquer afrouxamento nas regras de gastos a partir de agora pode fazer a lua de mel entre o mercado e o Executivo chegar ao fim, puxando os investimentos para baixo. "Vimos isso ocorrer no caso das estatais. As interferências políticas fizeram com que investidores revissem suas posições nesse grupo de ativos e adotassem cautela extra", relembra.

Como ficam os investimentos em Bolsa?

O teto de gastos é, de fato, a maior preocupação dos investidores, afirma Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos. Segundo ele, apesar da desidratação da PEC, a sinalização para o mercado é positiva, e os investidores podem ficar mais calmos, sem precisar fugir da Bolsa.

Claro que Brasília sempre nos surpreende com fatores de fora do radar, mas o desfecho dessa primeira prova de fogo do Congresso pode ser considerado favorável para que investidores se sintam confortáveis em colocar dinheiro na Bolsa.
Henrique Esteter, da Guide Investimentos

Gabriela Mosmann, analista da Suno Research, avalia que o cenário ainda é de incerteza, apesar da aprovação da PEC Emergencial. Contudo, a recriação do auxílio traz alívio às famílias e também ao mercado.

Os investidores, desde o início da pandemia, viram o mercado cair muito e permanecer sem definições por muito tempo. Isso fez com que eles buscassem posições mais de longo prazo. A queda do PIB foi menor que a estimada no início da crise, em muito, devido ao auxílio emergencial. Logo, esse recurso é visto com bons olhos. A recriação do auxílio é necessária, mas amplia a necessidade de outras medidas para reduzir custos.
Gabriela Mosmann, da Suno Research

Para a analista, mais do que se preocupar com a PEC, o investidor deve observar o que os políticos dizem e fazem. Diante disso, a analista afirma que o momento é de cautela.

Momentos de instabilidade nos mercados ocorrem com frequência, e é importante que os investidores iniciantes entendam que isso é padrão. Logo, precisam ter cuidado ao entrar no mercado financeiro. O estudo é o seu melhor aliado.
Gabriela Mosmann, da Suno Research

Como fica a renda fixa?

Não é só a Bolsa que sente os movimentos da aprovação da PEC Emergencial. A renda fixa também, segundo Camilla Dolle, analista de renda fixa da XP Investimentos.

O reflexo ocorre sobre o prêmio de risco [juros] que os ativos pagam. No caso dos títulos do Tesouro Direto, o efeito é mais claro, uma vez que os preços refletem diariamente as condições de mercado.
Camilla Dolle, da XP Investimentos

Marilia Fontes, sócia-fundadora da Nord Research, avalia que, com a aprovação, os ativos podem se valorizar no curto prazo.

A aprovação da PEC deve gerar otimismo no curto prazo e valorização dos ativos que sofreram recentemente, como ações e títulos de renda fixa. Com um fiscal controlado, o mercado se volta para a saída da crise e a vacinação em massa. Quanto mais rápido isso acontecer, mais otimismo haverá no mercado.
Marilia Fontes, da Nord Research

UOL Economia+ fará evento para quem quer investir

Entre 23 e 25 de março, o UOL Economia+ e a casa de análises Levante Ideias de Investimento realizarão evento online gratuito. O economista Felipe Bevilacqua, analista certificado e gestor especialista da Levante, comandará três grandes aulas para explicar ao leitor do UOL como assumir as rédeas do próprio dinheiro.

O evento é gratuito para todos os leitores UOL. Garanta o seu lugar no evento aqui.

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