Ação de empresa em recuperação judicial sobe 247% no mês; vale investir?
Uma empresa chamou a atenção dos investidores nos últimos dias. O preço das ações da Lupatech (LUPA3), uma empresa fornecedora de peças e serviços para os setores de petróleo e gás, subiu 247% em março (até o dia 30), indo de R$ 2,18 para R$ 7,56. Em apenas seis sessões (entre 22 e 30/3), ela subiu mais de 200%.
Somente na sessão da segunda (29), as ações da companhia subiram mais de 60%. Contudo, a empresa perdeu fôlego e fechou com queda de 6,09% na terça (30). No acumulado de março, até o dia 30, o aumento foi de 246% no preço das ações. Essa escalada também chamou a atenção da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que pediu explicações à empresa. A empresa está em recuperação judicial há cinco anos.
Em comunicado, a Lupatech esclareceu que "não tem ciência de fatos adicionais àqueles já informados ao mercado e que possam justificar as oscilações registradas em termos de número de negócios, quantidade de ações negociadas ou cotação de suas ações no mercado". Especialistas ouvidos pelo UOL explicam o que aconteceu com as ações da empresa e dizem se vale a pena investir. Leia a seguir.
Ação já chegou a valer R$ 0,42
A empresa está em recuperação judicial há cinco anos, e o lote das ações da companhia já chegou a custar em torno de R$ 5.000 em 2007, caindo para apenas R$ 0,42 em 2016.
Um dos motivos que fizeram os investidores se animarem foi a divulgação de resultados. A empresa teve lucro líquido de R$ 20,578 milhões em 2020, após prejuízo de R$ 26,178 milhões em 2019. Além disso, a dívida bruta caiu de R$ 148,7 milhões em 2019 para R$ 126,3 milhões em 2020.
Alta pode ser especulação
Os bons números, segundo Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos, ajudaram a elevar o ânimo dos investidores, mas não justificam a valorização. "Acho especulação", avalia.
Sara Ferreira, especialista em renda variável da Valor Investimentos, também fala em especulação e aponta ainda um movimento técnico desencadeado quando o papel tem forte alta.
"Isso força os investidores que estão apostando contra o papel a recomprarem as ações", explica. A especialista diz não acreditar em bolha neste caso.
Boas notícias em pouco tempo
Além dos bons resultados, outras duas notícias positivas podem ter influenciado na valorização das ações, segundo Marcio Loréga, analista técnico da Ativa Investimentos.
A empresa ganhou um procedimento arbitral, uma espécie de processo, contra a GP Investments. Esse processo buscou o ressarcimento por perdas oriundas de descumprimento de obrigações e quebra de garantias no âmbito de uma aquisição feita pela Lupatech em 2012. Esse acordo rendeu mais de R$ 5 milhões à empresa.
Outro ponto, também na última semana, foi o reajuste de 28,95% no valor global de um contrato com a Petrobras para fornecimento de materiais. Antes do reajuste, o contrato tinha um valor de mais de R$ 82 milhões e validade de dois anos, renovável por até dois anos adicionais.
Foi um acúmulo de notícias boas em pouco tempo. Com essas informações, veio uma corrida desenfreada pelo papel. Passado esse fluxo todo, o ativo vai perdendo o fôlego. Então, há uma questão de euforia.
Marcio Loréga, da Ativa Investimentos
Vale a pena investir?
É uma empresa em recuperação judicial, de um setor que já tem muitas oscilações —que é o petróleo e gás. Será que vale a pena investir?
Sua situação financeira é bem delicada. Não é recomendado que ninguém opere uma ação com tamanha volatilidade [oscilação], sem que tenha extrema expertise. Nenhuma casa de análise cobre o papel, deixando a análise fundamentalista ainda mais difícil.
Sara Ferreira, da Valor Investimentos
Eu recomendo cautela máxima, porque a ação já atingiu R$ 10,79 -- uma região de preço que pode provocar recuos, como o que ela já está tendo. Para o investidor que quiser entrar agora, ele tem de aceitar o nível de risco gigantesco, como se estivesse colocando um recurso que se virar pó não vai fazer falta.
Marcio Loréga, da Ativa Investimentos
Se o investidor já tiver o papel, Loréga recomenda a venda de parte das ações para aproveitar esse momento de alta para recuperação de algum prejuízo que já tenha tido.
Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.
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