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Como um meme virou uma criptomoeda? Veja se vale a pena investir

Carolina Pulice

Colaboração para o UOL, em São Paulo

01/05/2021 04h00

A criptomoeda dogecoin, inspirada em um meme da internet, tem ganhado cada vez mais espaço no mercado e a atenção de investidores do mundo todo. A moeda dobrou o seu valor após o fundador da Tesla, Elon Musk, compartilhar no seu perfil de Twitter, no último dia 15, uma pintura de um cachorro olhando para a lua, do artista espanhol Joan Miró. Na legenda, Musk disse que o cão era um "Doge latindo para a lua".

De lá para cá, a moeda que já estava ganhando destaque cresceu ainda mais. Assim como as empresas na Bolsa, as criptomoedas também têm valor de mercado. No caso da dogecoin, esse valor cresceu 468% em um mês e 12.500% em um ano. Considerando a cotação, contudo, a moeda ainda vale pouco —segundo o CoinMarket Cap, ela operou na sexta-feira (30) abaixo dos R$ 2. O valor é bem menor que o da maior criptomoeda do mundo, o bitcoin, que vale hoje cerca de US$ 54 mil, ou da ethereum, que vale atualmente cerca de US$ 2 mil.

O valor é menor por conta da maior quantidade de moedas circulando por aí. Enquanto o bitcoin tem um número limitado de moedas - até o momento pouco mais de 18 milhões -, a dogecoin já tem 129 bilhões de moedas circulando e vai disponibilizar novos blocos a cada ano. Apesar disso, e considerando seu valor de mercado, a criptomoeda é considerada promissora, mas será que vale o investimento? Veja o que dizem analistas consultados pelo UOL.

Como um meme virou criptomoeda?

Em 2013 começaram a viralizar na internet imagens de um cão da raça Shiba inu em poses fofas que ganhavam legendas engraçadas. Naquele ano, dois engenheiros de software, Billy Markus e Jackson Palmer, tiveram a ideia de criar uma moeda digital com a cara do cachorro.

A moeda foi desenvolvida em apenas um fim de semana e era para ser apenas uma brincadeira. Além de seu peculiar desenho, a criptomoeda tem um dia só para ela, 20 de abril.

Em seu site oficial, a moeda é apresentada como uma "revolução" no mercado, por ser de fácil transferência entre países, ter transações completamente anônimas e por já ser aceita em lojas do varejo.

A moeda vai continuar crescendo e pode se destacar como uma das principais criptomoedas do mercado. Ela vai se consolidando por ter boa estrutura para ser meio de pagamento.
Ailtom Nascimento, vice-presidente global da consultoria Stefanini

Nascimento ressalta ainda que a moeda foi bem estruturada e tem performance rápida, quesitos essenciais para um meio de pagamento.

A dogecoin vale o investimento?

Segundo o especialista em criptomoedas da Valor Investimentos, Virgilio Lage, a moeda não apresenta um "histórico" como base, como o bitcoin ou a ethereum, o que pode demonstrar mais instabilidade do que outras criptomoedas. Ainda de acordo com o analista, há o fato de a moeda ser infinita — isto é, ela não tem um limite de produção.

Cada criptomoeda tem um projeto por trás, e a dogecoin é um meme, uma brincadeira que o pessoal acabou levando a sério. Ela não tem um número máximo. Isso significa que não tem proteção contra inflação que moedas finitas têm.
Virgilio Lage

Mas afinal, vale a pena investir na dogecoin? De acordo com analistas, a resposta vai depender do perfil do investidor.

Para quem for investidor não vale a pena. Para um investidor com perfil de holder [que compra e fica com o ativo], que quer investimentos mais saudáveis e de longo prazo, não faz sentido essa criptomoeda, porque não tem um projeto por trás, não é estável. Mas para quem for especulador, vale sim, porque não vai ficar com a moeda por muito tempo.
Virgilio Lage

É uma moeda que não tem lastro. Tem muita gente investindo, ela está alavancando, mas é uma moeda sem garantia. Se amanhã ela despencar, vai despencar até zero porque não tem nada que a sustente.
Ailtom Nascimento, da Stefanini

O crescimento especulativo pode atrair a atenção dos investidores de primeira viagem. Mas é preciso lembrar que o mercado de criptomoedas é ainda mais complicado que o mercado financeiro tradicional, e que promessas de retorno rápido e fácil geralmente podem levar a perdas ainda maiores.

Estamos num momento de muita vulnerabilidade econômica por conta da pandemia, com muitas pessoas necessitando de dinheiro. Isso nos torna mais vulneráveis a cair em golpe. Por isso é preciso cuidado ao investir em criptomoedas.
Gabriel Coelho, especialista de Segurança da Informação da empresa especializada em cibersegurança Trend Micro

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