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Ações de Itaú, BB e Santander não acompanham alta do lucro; vale investir?

Raphael Coraccini

Colaboração para o UOL, em São Paulo

10/06/2021 04h00

A recuperação do lucro dos maiores bancos do país não demorou a acontecer. Em 2020, Bradesco, Itaú Unibanco, Santander e Banco do Brasil registraram a maior queda no lucro dos últimos 21 anos, de 24,4% —foram R$ 61,1 bilhões no ano passado frente aos R$ 81,5 bilhões do ano anterior.

O primeiro trimestre deste ano já mostrou que a história pode ser diferente em 2021. O Bradesco apresentou alta de 74% no lucro líquido, somando R$ 6,5 bilhões. O Itaú apresentou desempenho semelhante: R$ 6,4 bilhões, uma alta de 64% em relação ao mesmo período de 2020. Já o Santander registrou o maior lucro da história do banco, de R$ 4 bilhões, um aumento de 4,1%. O Banco do Brasil também teve lucro recorde, de R$ 4,9 bilhões, 44,7% maior que o registrado no ano passado.

O desempenho na Bolsa, porém, não acompanhou o ritmo dos resultados. Entre os quatro bancos, somente as ações do Bradesco apresentaram valorização de dois dígitos, de 15,89% (BBDC4) e de 11,58% (BBDC3), segundo dados da Economatica, plataforma de informações financeiras. As ações do Banco do Brasil (BBAS3) chegaram a cair 2,75% neste ano, até o fechamento da sessão da última segunda (7). O UOL Economia+ consultou analistas para entender se o setor é uma oportunidade para os investidores. Confira o que eles disseram.

Bancões perdem para os pequenos na Bolsa

O levantamento feito pela Economatica mostra que os bancos menores e digitais ganham em valorização das ações em relação aos grandes bancos listados em Bolsa. Até o último dia 7, as ações do Banco Inter (BIDI3) subiram 92,96% em 2021.

Phil Soares, chefe de análise de ações na Órama, destaca que a pandemia acelerou a digitalização dos produtos e serviços financeiros, o que deteriorou o posicionamento competitivo dos grandes bancos em relação aos emergentes, além de taxas de juros reduzidas e aumento da inadimplência. "O mercado refletiu esses componentes conjunturais", avalia.

Luis Sales, estrategista-chefe da Guide Investimentos, reforça o peso das novas tecnologias na ascensão dos bancos emergentes. Outro que teve valorização acima da média dos bancos grandes foi o Banco Pan (BPAN4), cujas ações apresentaram alta de 146,7%.

O robusto crescimento no número de novas contas digitais tem impulsionado os papéis do banco que, segundo Sales, podem chegar a R$ 30, uma valorização de 30%.

Ações dos grandes bancos podem subir, dizem analistas

A retomada em 2021 para os grandes bancos promete ser duradoura, principalmente por conta dos bons resultados nos segmentos de crédito e seguros. Soares prevê um preço-alvo até 22% maior para as ações do Santander (SANB11), chegando a R$ 56. O Bradesco (BBDC4) deve alcançar uma valorização de 21%, batendo R$ 34, e o Itaú (ITUB4) pode ter um aumento de 15%, chegando a R$ 38.

Nesse período de retomada, porém, os serviços oferecidos para as pessoas físicas, como conta corrente e crédito, devem seguir em baixa entre os líderes do mercado, mas impulsionando o resultado dos emergentes. O destaque fica por conta do BTG Pactual. As ações do banco (BPAC3) apresentaram alta de 87% neste ano, de acordo com a Economatica.

Apesar da alta, as ações do BTG ainda têm espaço para valorização, e podem chegar a um preço de R$ 179, um aumento de 46%, avalia Soares, da Órama. O lucro do banco tem rodado na casa dos R$ 4 bilhões, e crescendo. Além disso, o BTG superou a XP, sua principal concorrente, em valor de mercado —que soma agora os R$ 147 bilhões.

Setor bancário é oportunidade para investidores

Uma análise da Guide Investimentos sobre o setor aponta que o pior ficou para trás e as performances ao longo deste ano mostram uma recuperação consistente. Isso ajuda a dar sustentação à Bolsa como um todo por conta da relevância que os bancões têm no Ibovespa.

O destaque de oportunidade para os investidores são os bancos menores. Contudo, para os analistas, é preciso atenção com as ações do Banco Inter.

Para Beto Assad, analista do Kinvo, aplicativo especializado no mercado de ações, o Banco Inter não deve passar por grandes correções e os papéis só devem se tornar um bom negócio para quem compra se os preços caírem abaixo dos R$ 57 —o preço atual das ações está próximo dos R$ 63.

Seus números foram muito bons no primeiro trimestre, com crescimento de 20% na base de clientes e grande alta nos serviços ofertados. A expectativa do banco é dobrar sua base de clientes até o final do ano.
Beto Assad, do Kinvo

Roberto Nemr, especialista da Ohmresearch, também avalia que as ações do Inter chegaram ao topo e acrescenta que o banco precisa apresentar resultados operacionais mais robustos para seguir valorizando.

Quando valia R$ 5 bilhões, era mais fácil valorizar, agora, com R$ 50 bilhões, é diferente. Eu não consigo enxergar o Inter alcançando o patamar de um BTG, que vale o dobro, ou de uma XP, mesmo que tenha anunciado que vai estar em Nova York. Para seguir valorizando, o Inter precisa dar R$ 2 bilhões ou R$ 3 bilhões de lucro líquido por ano.
Roberto Nemr, da Ohmresearch

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