Para ser contratada no estágio, ela ligou para gestor global; hoje é chefe
"É só com pequenos atos de coragem que você alimenta uma coragem ainda maior". É assim que Betina Roxo, estrategista-chefe da Rico Investimentos, define o seu ato de ousadia cometido quando ainda era universitária, aos 23 anos. Quase perto do fim do contrato de estágio no HSBC, ela ligou para o chefe global de research do banco, onde iniciou sua carreira no mercado financeiro, para pedir a efetivação.
Betina estava prestes a concluir seu período de estágio na instituição quando revelou a seus chefes aqui no Brasil a vontade de ficar. Eles, que também queriam a aluna de economia do Insper entre os colaboradores efetivos, incentivaram a jovem a ligar para quem tomava a decisão.
Betina Roxo é uma das convidadas do próximo Guia do Investidor UOL, que vai mostrar tudo sobre renda fixa, e se ainda é possível ganhar dinheiro em investimentos conservadores. O evento é gratuito e você pode se inscrever no cadastro abaixo.
"Mandei um email dizendo que queria falar com ele. Marquei e liguei", conta a especialista em investimentos, presença na última Forbes Under 30.
Ela foi atendida pelo executivo em seguida. "Lembro que ele foi super legal. Foi uma conversa muito boa e ele disse que gostava do meu trabalho", disse a estrategista-chefe, que estará no próximo Guia do Investidor UOL.
A história caminhava para o final esperado por Betina, mas não foi bem assim. Ela não conseguiu a efetivação, segundo ela, apesar do apoio e das boas intenções do executivo inglês e da equipe aqui no Brasil. Ela cumpriu o ano de estágio e saiu do banco.
O anticlímax foi momentâneo e ela diz que não encarou a saída do HSBC como derrota, mas toda iniciativa em se posicionar e lutar pelo emprego como algo marcante na construção da sua personalidade.
No ano seguinte, a recém-formada economista já integrava o quadro de analistas do Bank of America, onde ficou por três anos, e seis anos mais tarde ocuparia o cargo de chefia na Rico.
Emancipação feminina
Hoje, Betina tem um trabalho que transcende a operação no mercado. Ela também atua como promotora da educação financeira para um público amplo nas redes sociais. São mais de 100 mil seguidores no Instagram, com uma parte importante de mulheres.
"Elas se interessam muito pelo assunto e gostam de conhecer antes de fazer a coisa acontecer. E investem pela realização de sonhos, muitas vezes, não só delas, mas da família, dos filhos", afirma.
Para ela, a educação financeira é um grito de liberdade para muitas mulheres. Um levantamento de 2019 feito pelo Ministério Público de São Paulo apontou que a dependência financeira é o principal motivo do silêncio diante da violência doméstica.
"A liberdade de forma geral começa com a liberdade financeira. Tem algumas mulheres que dependem dos maridos e acabam não conseguindo realizar seus sonhos ou mesmo sair de um relacionamento abusivo. E quando você depende de alguém, fica muito difícil de tomar suas próprias decisões", afirma.
Antes de ser uma referência para outras mulheres no mundo dos investimentos, Betina também teve as suas para se inspirar.
Uma delas é Sara Delfim, que fundou Dahlia Capital juntamente com Felipe Hirai, Jose Rocha, Felipe Leal, Alessandro Arlant. Ela conta que, até ver o exemplo de Sara, pensava que teria que abandonar o mercado de capitais caso optasse por ser mãe um dia.
"Eu imaginava que não dava para fazer os dois até conhecer a Sara, uma das melhores analistas do mercado, vencedora de prêmios por vários anos seguidos. Mãe de gêmeos e muito boa no mercado. Quando eu a vi, pensei, eu também consigo".
Exposição nas redes sociais incomoda, mas compensa, diz
Como o rosto da Rico e da XP nas redes sociais, Betina entende que a exposição excessiva pode trazer incômodos, mas que são compensados, segundo ela, pelo apoio de muitas mulheres.
"Pesa bastante essa exposição nas redes sociais, mas vale por cada mensagem que eu recebo, principalmente de mulheres que dizem que, de alguma maneira, eu as inspirei a negociarem o salário, que é um negócio super difícil, a subirem de cargo na empresa onde estão ou simplesmente mudarem e serem mais como elas são de fato", diz.
A trajetória de Betina em um ambiente de alta concorrência e pouco acolhedor com as mulheres é algo que a coloca como uma figura de força. Ela diz que ainda tem muito trabalho pela frente, mas aponta avanços, ao menos, na questão da diversidade de gênero.
"O Comitê de Igualdade da XP ajudou a elevar o número de mulheres dentro da empresa de 22% em janeiro de 2020 para 31% e o que a gente quer é chegar nos 50%. A gente tem feito muita coisa, por conta da conscientização de todas, mas ainda tem muito por ser feito", diz.
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