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Retomada do setor de serviço abre oportunidades na Bolsa; veja onde apostar

Paula Pacheco

Colaboração para o UOL, em São Paulo

15/10/2021 04h00

Em agosto, o setor de serviços cresceu 0,5%, a quinta alta seguida, confirmando a tendência de retomada do setor que mais sentiu os efeitos da pandemia. Com esse resultado, divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o setor está 4,6% acima do nível pré-pandemia. Frente a agosto de 2020, o crescimento foi de 16,7%.

Com a flexibilização das regras para atividades produtivas e a reabertura gradual da economia, o setor de serviços apresenta oportunidades também para os investidores. É hora de investir no setor? Quais são as oportunidades na Bolsa? Veja abaixo o que dizem especialistas ouvidos pelo UOL.

Empresas de viagem, educação e transporte foram mais afetadas

"Nos últimos meses, com a ampla vacinação e a redução das medidas de isolamento, o setor, que foi um dos mais impactados pela pandemia, voltou a se recuperar em velocidade maior. Para as empresas, o choque foi expressivo no ano passado, com um forte impacto sobre receitas e lucratividade", afirma Igor Cavaca, gestor de investimentos da corretora Warren.

Gianlucca Montuori, assessor de investimentos especializado em fundamentos de renda variável da Acqua-Vero, assessoria de investimentos, cita alguns exemplos de empresas com ações negociadas na Bolsa que sentiram esse recuo. A Aliansce Shopping Centers, empresa de shopping, chegou a ter queda de cerca de 50%. A CVC, de viagens, desvalorizou por volta de 60%.

"Nos primeiros meses da pandemia vivemos um período de incertezas, ninguém sabia quando essas atividades voltariam ao normal, por isso houve uma forte pressão nos ativos. Vimos também as pessoas mais voltadas ao consumo de produtos em vez de serviços por causa do lockdown", diz.

Matheus Jaconeli, economista da corretora Nova Futura Investimentos, cita também empresas de viagem, educação e transportes.

"É o caso de Azul (AZUL4), com perda de 60,51%, impactada pela queda na renda e pela suspensão da mobilidade social, evento que também afetou companhias de serviços educacionais e de locação de veículos, como Cogna (COGN2) e Locamerica (LCAM3), que tiveram quedas de 60,36% e 50,43%, respectivamente, em março do ano passado, o mês mais problemático da crise", afirma.

Para o médio e longo prazos, setor é promissor

Montuori ainda vê sinais de oscilações por causa das incertezas trazidas pela pandemia que poderiam reduzir o ritmo de reabertura, como o surgimento de novas variantes da covid-19.

Por isso, o assessor não faz avaliações sobre oportunidades de investimentos para o curto prazo. Já no médio e no longo prazo, avalia o especialista, as perspectivas são mais promissoras.

Matheus Spiess, analista da Empiricus, também acredita em oportunidades na Bolsa para quem está de olho nas empresas ligadas ao setor, mas também no médio e no longo prazo.

Para ele, o que pode atrapalhar essa perspectiva positiva, contudo, é a interrupção do processo de reabertura da economia e a deterioração da percepção macroeconômica.

"No segundo trimestre, a gente surfou numa percepção aprimorada de revisões positivas para o crescimento brasileiro, de 4% a 5%, com dados de arrecadação vindo bem. Tanto que a Bolsa alcançou 130 mil pontos", afirma.

Contudo, os "ruídos políticos sistêmicos" afetaram o mercado e os preços das empresas na Bolsa. Isso faz com que os riscos para curto prazo sejam maiores.

Empresas que caíram muito se recuperam

"As empresas do setor de shoppings, por exemplo, estão subvalorizadas, negociadas muito perto do seu valor patrimonial por causa da pressão dos últimos tempos. Por isso elas podem representar uma oportunidade no médio e longo prazo", diz Montuori.

Segundo ele, é o caso da própria Aliansce. Otimistas, os analistas trabalham com um preço-alvo em torno de R$ 41 para o papel da empresa, o que representaria, a preço de hoje, uma valorização de 80%.

Outra empresa com perspectiva de alta é a CVC. Seu preço-alvo está próximo de R$ 33 —se confirmado, pode chegar a uma valorização de 70%.

No caso da Azul, que tem apostado em novas rotas e parcerias para o momento de retomada da economia, o mercado trabalha com um preço-alvo de R$ 47, o que representa um potencial de valorização de cerca de 30%.

"Mas vale sempre lembrar que os riscos da pandemia podem afetar os resultados. Além disso, ainda não sabemos quando haverá uma reabertura completa da economia. Por isso, até lá, esses ativos trazem um certo risco", diz Montuori.

Jaconeli, da Nova Futura, cita outros exemplos de empresas que têm conseguido mostrar recuperação na Bolsa.

Nas últimas semanas, entre os dias 27 de setembro até 13 de outubro, houve uma reação nas companhias do setor de educação, como Cogna (COGN3) e Yduqs (YDUQ3), com altas de 7,14% e 9,27%, respectivamente, e também entre as que prestam serviços em rodovias, como CCR (CCRO3) e Ecorodovias (ECOR3), com valorização de 4,57% e 2,28%, respectivamente.

Para o analista da Empiricus, há oportunidades no setor de segurança e limpeza, como é o caso da GPS Participações e Empreendimentos (GGPS3), recentemente listada na B3.

Apesar das oportunidades, é preciso diversificar

Apesar das boas perspectivas, Montuori explica que toda carteira de investimentos deve levar em consideração a necessidade de diversificação.

"Não dá para fazer uma carteira segmentada em serviços. Este setor sofreu muito na pandemia e ainda tem risco no curto prazo. Mas podem surgir boas oportunidades para o investidor, com espaço para valorização no médio e no longo prazo", diz.

Os analistas também chamaram a atenção para a desvalorização da Bolsa, e não apenas do setor de serviços.

"Existe espaço para a valorização desses papéis porque a Bolsa está parada, bastante desvalorizada, e se torna mais convidativa para investimentos, ainda que haja incerteza. Mas uma carteira deve contemplar diferentes setores", afirma Spiess.

Para Cavaca, da Warren, apesar do ambiente mais complicado, sempre existem oportunidades no mercado. Cabe ao investidor avaliar os ativos e verificar se o preço cobrado faz sentindo com a expectativa de geração de caixa e lucro da empresa.

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