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Ele gostou da Bolsa ao ganhar com ação barata da Petrobras após Lava Jato

Rodrigo Crespi é especialista de mercado da Guide Investimentos - Divulgação
Rodrigo Crespi é especialista de mercado da Guide Investimentos Imagem: Divulgação

Fernando Barbosa

Colaboração para o UOL, em São Paulo

21/11/2021 04h00

Rodrigo Crespi, 30, experimentou na prática o velho conselho de comprar ações na baixa e vender na alta. Conseguiu ganhar um dinheiro com ações da Petrobras que ficaram baratas logo após revelações da Lava Jato. Fez o mesmo com os papéis do frigorífico JBS, após o Joesley Day (quando veio a público gravação de conversa entre o dono da JBS e o então presidente Michel Temer). Tomou gosto pela Bolsa com esses ganhos.

Crespi, que estudou na França e em Portugal, hoje é integrante da equipe de Equity Research da corretora Guide Investimentos. Ele participa do próximo Guia do Investidor UOL para dar dicas de como evitar armadilhas e ter sucesso na hora de investir na Bolsa de Valores. O evento acontece no dia 23, às 11h, nas páginas do UOL, do UOL Economia e do UOL Investimentos.

Habilidoso com números para fazer análises e projeções de mercado, Rodrigo Crespi, 30, membro da equipe de Equity Research da corretora Guide Investimentos, escolheu a graduação em marketing para seguir a carreira. Com o pensamento de atuar nas áreas de produtos de multinacionais de bens de consumo como Procter & Gamble (P&G) e Unilever, ingressou no curso superior da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) cedo, aos 17 anos.

"Eu nunca quis trabalhar em agências, mas olhava para essas corporações. Eu gostava do poder de influência dessas marcas", disse. Quis o destino, porém, que ele seguisse por outro caminho. Já na ESPM, começou a ter contato com algumas disciplinas de administração e economia, e também a renda fixa.

A prática sempre ganha da teoria

O primeiro estágio de Crespi foi na área de vendas institucionais na Câmara de Comércio Brasil-Alemanha, em 2013. Assim, desde muito cedo passou a lidar com diretores de empresas como Siemens, Faber-Castell, Thyssenkrupp e Volkswagen (o presidente da Câmara dirigia a montadora).

Mas o foco era atrair companhias menores do país alemão que pudessem investir no Brasil. "Eu era ainda mais novo, então, tinha que passar certa seriedade nas reuniões. Falava com pessoas de 50 anos. Por isso, precisava ter o discurso mais desenhado e preparado possível. Foi uma fase superinteressante", declarou.

Após o estágio, em 2015, ele foi trabalhar na área de contabilidade da empresa de seguros da família. Aproveitou esse período para estudar ainda mais o universo dos números com a pós-graduação em administração de empresas na Fundação Getulio Vargas (FGV) —um dos problemas de ter começado tão jovem é que, hoje, ele vê como um erro não seguir o campo das exatas logo de cara.

Se eu pudesse voltar no tempo, talvez optaria por algo mais como economia, engenharia de produção ou mesmo tecnologia da informação, na parte de programação. Tive finanças na faculdade, mas aprendi mais na prática mesmo. A prática sempre ganha da teoria.
Rodrigo Crespi é especialista de mercado da Guide Investimentos

A experiência fora do país

Dois anos depois de atuar na seguradora, o hoje analista decidiu fazer sua aplicação para o Erasmus, um programa de bolsas europeu de fomento à educação. O objetivo era caminhar com as próprias pernas e adquirir mais experiência rodando o mundo.

Dessa forma, foi selecionado para um mestrado com foco em gestão na Nova School of Business and Economics, na Universidade Nova de Lisboa, em Portugal, instituição de destaque na Europa que atrai o interesse de muitos brasileiros. Nesse meio tempo, também concluiu um MBA na Emlyon Business School, reconhecida escola de negócios localizada em Lyon, na França.

Daí surgiu a oportunidade de trabalhar na unidade lusitana do banco de investimentos francês BNP Paribas, em 2018. Durante a experiência, Crespi passou a atuar com produtos estruturados e derivativos, com vendas institucionais para companhias como Fiat, a holding francesa especializada em produtos de luxo LVMH (dona da Louis Vuitton, Tiffany e Dior) e também para times de futebol, como Manchester United e Juventus.

"Fui algumas vezes para a Itália e também estudei quando mais jovem. Quando fui contratado, o que eu sabia de italiano era muito mais informal. No meio do contrato do BNP, eu já fazia apresentações. Mas, claro, sempre com um frio na barriga. Qualquer erro de pronúncia ou escrita certamente um nativo poderia perceber", disse ele, que também fala inglês e tem noções em francês (o curso em Lyon foi no idioma americano).

Primeiros investimentos

O seu lado investidor começou a nascer entre a saída da seguradora e a jornada na Europa. Com R$ 200, ele iniciou com compras de papéis da Petrobras, ao preço de R$ 7 a R$ 8 cada.

Sempre gostei de investimentos e comecei a fazer por conta própria. Não era alguém da minha família falando que eu deveria comprar ações.
Rodrigo Crespi é especialista de mercado da Guide Investimentos

No entanto, sem conhecimentos profundos sobre o mercado, buscava conselhos com amigos que acompanhavam o segmento mais de perto, da época da FGV e dos tempos do vestibular, para montar a própria carteira. "Trabalhar no BNP foi uma boa oportunidade para entender mais. É um banco grande, isso me ajudou muito a investir", declarou.

Ele explica que algumas apostas o ajudaram a tomar gosto pelo mercado financeiro. Em especial, em duas oportunidades: a aquisição de papéis da Petrobras, após o escândalo da Operação Lava Jato, e a compra de ações da JBS, depois do Joesley Day. Com a retomada depois de um período de quedas acentuadas, ele conseguiu ter um bom lucro.

"Eu assinava relatório de casas de investimento e sempre investi de pouco em pouco. Na época, o que me deu confiança foi ter acertado. Acertei e pensei que era bom, mas foi muito mais um movimento de sorte. Depois, tive algumas perdas", afirmou.

Conselho para os iniciantes

Para quem está dando os primeiros passos na Bolsa de Valores, Crespi entende que é preciso buscar conhecimento que possa agregar a tomada de decisão no momento da compra de determinado fundo ou empresa.

"É necessário evitar o efeito manada. Entrar em algum investimento só porque alguém disse que é a oportunidade do ano ou do século. Ter conhecimento é lei. No fim do dia, você precisa fazer a lição de casa, e não apenas acompanhar o conselho de algum amigo", disse. Aliás, segundo o analista, o conselho vale para outros tipos de produtos, como os que fazem parte da renda fixa.

Quando o assunto é "day trade", a operação de compra e venda de um ativo no mesmo pregão, o analista da Guide Investimentos é cético sobre a possibilidade de obter bons retornos.

"Não recomendaria o day trade. Entendo o mercado de ações como uma coisa de longo prazo, para você virar sócio da empresa, com a mesma cultura empregada nos EUA", afirmou.

E também é mais saudável investir em empresas sólidas, com bons fundamentos. Você vai ter menos dor de cabeça e tem a chance de receber dividendos.
Rodrigo Crespi é especialista de mercado da Guide Investimentos

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Errata: este conteúdo foi atualizado
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