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Só tem R$ 100 para investir? Especialistas contam como é possível

Fernando Barbosa

Colaboração para o UOL, em São Paulo

01/12/2021 04h00

Muitos brasileiros ainda apostam na ideia de que só quem tem grandes fortunas consegue entrar no mercado financeiro. Mas não é bem assim: afinal, em entrevista ao UOL, especialistas apontam que é possível investir com pouco dinheiro e ter lucros.

Confira uma lista de opções para começar a investir com apenas R$ 100

1. Tesouro Direto

Planejador financeiro certificado pela Associação Brasileira de Planejamento Financeiro (Planejar), Victor Marques indica o Tesouro Direto. Assim, é possível obter títulos públicos federais como pessoa física, com compra pela internet, a partir de R$ 30.

O investidor que escolher esse caminho tem três modalidades de investimentos: os títulos prefixados, pós-fixados ou atrelados à inflação.

"Nos títulos pós-fixados, o investidor recebe um pagamento próximo da taxa Selic. No prefixado ele já sabe o quanto vai receber no momento da contratação. E, para aqueles atrelados à inflação, ele vai receber o pagamento do IPCA (indicador que mede o reajuste de preços no país) mais uma taxa prefixada", afirma Marques.

O planejador financeiro pontua que os valores contratados podem ser alterados, caso o mercado passe por um momento de volatilidade e o investidor opte por retirar o dinheiro antes do prazo de vencimento.

"Dessa forma, não há um respeito à curva dos juros, mas tem uma precificação da taxa de mercado. Então, esse título pode valer menos do que o contratado", diz ele.

O investidor deve considerar ainda que, enquanto as empresas podem pagar uma taxa maior para a emissão de títulos, na comparação com o governo, o risco de um calote é menor quando a escolha for pelo título público.

2. Títulos de renda fixa privados

Além do Tesouro Direto, a renda fixa conta com outras opções privadas, como o CDB, o LCA e o LCI, afirma a conselheira de wealth management do Banco Inter, Luiza Waeger.

Os três tipos de investimentos também dispõem de espécies prefixada, pós-fixada (que acompanha a taxa básica de juros e o CDI) e aqueles atrelados à inflação, a partir de R$ 100.

"Existem CDBs com liquidez diária e um ticket de aplicação mais baixo. Então, é uma ótima alternativa para a reserva de emergência ou para travar o dinheiro por um período, com uma taxa de retorno mais interessante", diz.

Luiz declara, também, que essas alternativas são extremamente conservadoras, com garantias do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), a mesma instituição que garante a poupança.

No caso das LCIs e LCAs, os investimentos são isentos do pagamento de Imposto de Renda — algo que no Tesouro Direto pode variar entre 15% e 22,5%, dependendo do prazo de vencimento.

3. Mercado de ações

Por valores acessíveis, o investidor também pode comprar ações da Bolsa de Valores. Os papéis da Magazine Luiza (MGLU3) estão cotados por volta de R$ 8, enquanto os da Via (VIIA3), antiga Via Varejo, têm preço aproximado de R$ 5,80, por exemplo.

"A questão é que, quando você trabalha com valores muito pequenos, nem sempre acaba sendo vantajoso [a Bolsa de Valores]. No começo, o indicado é fazer investimentos mais seguros, para depois escolher aqueles mais arrojados", diz Marques, da Planejar.

Lucas Collazo, especialista em investimentos da Rico Investimentos, acrescenta que uma das dificuldades em adquirir ações com pouco dinheiro é diversificar o portfólio.

"Com um valor menor no mercado acionário se torna mais difícil fazer a diversificação na sua carteira de investimentos, pois dificilmente o investidor conseguirá investir em ações de diferentes empresas", afirma ele.

4. Fundos de índices

Caso o investidor ainda não tenha experiência em ações, uma alternativa é investir em ETFs (Exchange Traded Funds), que são fundos negociados em Bolsas de Valores, como o Ibovespa, a Nasdaq ou a Bolsa de Nova York (Nsye).

Colazzo, da Rico Investimentos, acredita que investir em ETFs seja uma alternativa mais viável do que a compra direta de ações. "Dessa forma, será possível optar por uma carteira diversificada, sem ter a dor de cabeça de fazer a seleção das empresas", diz.

O especialista em investimentos e dono do canal 1Bilhão Educação Financeira, Fabrizio Gueratto, concorda. "Quando você investe com pouco dinheiro, fica mais difícil diversificar. Então, pode escolher produtos financeiros, principalmente os fundos de índices, em que é possível ter uma ampla diversificação", declara.

Atualmente, há ETFs acessíveis em corretoras a partir de R$ 7 a R$ 11. Mas é preciso levar em conta o histórico daquele índice para fugir de eventuais "furadas".

"A desvantagem que eu vejo é que, como o ETF pega todos os ativos de uma classe determinada, às vezes temos empresas que não são interessantes", diz Gueratto. A opção é considerada uma alternativa mais conservadora.

"No Ibovespa, há empresas de aviação, por exemplo. Particularmente, não é a minha opção porque eu entendo que é um setor muito arriscado. A coisa ruim é que nos ETFs você não escolhe, pode vir de tudo", afirma.

5. Fundos de investimentos

Luiza Waeger, do Inter, indica os fundos de investimentos, como os fundos em BDRs (Brazilian Depositary Receipts) a partir de R$ 100. Neste sentido, o investidor pode escolher fundos que dão acesso a títulos no exterior de empresas estrangeiras negociadas no Brasil, como as BDRs, com bastante diversificação das companhias em carteira.

"Por meio de fundos, o cliente consegue acessar opções mais sofisticadas, diversificadas e com gestão profissional, que seriam de difícil acesso", afirma.

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