Como juntar R$ 100 mil em até dois anos? Veja planos conforme seu perfil
Deseja chegar a R$ 100 mil acumulados no curto prazo, mas não sabe como? O UOL conversou com três especialistas que trazem estratégias práticas para o sonho sair do papel e se tornar realidade —seja para quem tem perfil mais conservador, moderado ou arrojado na hora de assumir riscos.
Confira abaixo como juntar essa quantia em até dois anos, que é o período considerado como curto prazo de acordo com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
Planejamento como aliado
Lai Santiago, educadora financeira da Open, diz que o investidor deve ter "os pés no chão na hora de se comprometer com os objetivos, sejam eles de curto, médio ou longo prazo." O alerta da especialista tem a ver com duas questões: as características da economia brasileira (com altos e baixos) e questões comportamentais dos investidores.
"Existe uma busca constante por uma rentabilidade maior, um retorno milagroso. Em vez de se levar em consideração a capacidade de poupança e o tempo que vai ser dedicado a isso, muitos [investidores] são levados apenas pela busca de rentabilidade e acabam tomando decisões equivocadas, escolhendo investimentos com base no efeito manada", diz a especialista.
Por isso, segundo Lai, o planejamento deve ser uma âncora para quem tem planos de aumentar o patrimônio.
Não dá para conseguir resultado milagroso com pouquíssimo esforço. Quando falamos de acúmulo de patrimônio, o que faz diferença é o quanto antes começamos a guardar e quanto maior for o valor. O tempo é o fator exponencial da fórmula de juros compostos.
Lai Santiago, educadora financeira da Open
Como juntar R$ 100 mil de acordo com seu perfil
Abaixo, veja as sugestões da educadora financeira Lia Santiago para quem quer acumular R$ 100 mil no curto prazo, segundo o perfil.
Perfil conservador (com rentabilidade mensal estimada de 0,40%)
Composição da carteira
- 60% em renda fixa pós-fixada
- 40% em renda variável (fundos, ETFs, ações, dólar e ouro)
Prazo x aporte mensal
- 1 ano com aporte de R$ 8.119,11/mês
- 2 anos com aporte de R$ 3.962,34/mês
Perfil moderado (com rentabilidade mensal estimada de 0,45%)
Composição da carteira:
- 50% em renda fixa pós-fixada
- 50% em renda variável (fundos, ETFs, ações, dólar e ouro)
Prazo x aporte mensal
- 1 ano com aporte de R$ 8.092,67/mês
- 2 anos com aporte de R$ 3.937,36/mês
Perfil arrojado (com rentabilidade mensal estimada de 0,50%)
Composição da carteira:
- 40% em renda fixa pós-fixada
- 60% em renda variável (fundos, ETFs, ações, dólar e ouro)
Prazo x aporte mensal:
- 1 ano com aporte de R$ 8.066,31/mês
- 2 anos com aporte de R$ 3.912,50
Para quem busca maior segurança
Daniel Marucci, especialista em alocação da Acqua-Vero Investimentos, destaca que o perfil conservador —aquele que busca mais segurança e não quer se arriscar tanto ao investir— é conhecido por não gostar de grandes oscilações na carteira ao longo do tempo.
Por isso, os melhores investimentos tendem a ser aqueles atrelados à renda fixa, com alocações podem ser feitas diretamente nos papéis, como os CDBs, LCIs e LCAs, além de títulos públicos. Ou ainda por meio de fundos de investimento em renda fixa.
"Para um perfil conservador e com utilização do recurso em até dois anos, uma alocação preponderante na subclasse pós-fixada (cerca de 80%), tática em inflação (cerca de 15%) e oportuna em prefixados (em torno de 5%) é apropriada", diz o especialista.
Para ele, com essa estratégia é possível ter um retorno anual de 12,45% sobre o investimento feito. "Considerando um investidor que não tenha nenhum recurso guardado ou investido e faça aportes mensais, o valor deve ser de R$ 3.715,00 para que em 24 meses tenha R$ 100 mil", declara.
Onde não investir
Segundo Marucci, como 2022 é um ano eleitoral e o que tem se visto no mundo são políticas monetárias contracionistas. Logo, existe o risco da volatilidade (sobe e desce da Bolsa de Valores e, portanto, de ativos ligados à ela, como as ações).
Cenário semelhante é traçado para outras classes de ativos, como fundos multimercados e fundos imobiliários. Por isso, não são recomendados para quem quer chegar aos R$ 100 mil em dois anos.
Prazo curto pede cautela
Assim como Marucci, Theo Linero, planejador financeiro CFP, afirma que em 24 meses normalmente não é necessário fazer alguma correção de rota —ou seja, rever a carteira de investimentos— por conta de variáveis econômicas.
"Ajustes se fazem necessários principalmente para prazos mais longos, quando as mudanças nas taxas que usamos na simulação tendem a ser mais representativas", diz Theo.
Na simulação, o especialista recomenda investimentos de menor risco por causa do prazo curto, de até dois anos. "É um intervalo de tempo pequeno, que não permite perdas". Por isso, ele recomenda a mesma carteira de investimentos para os três perfis: conservador, moderado e arrojado.
"Para esta simulação, foi considerada uma carteira de renda fixa, que poderia ser composta por produtos pós e prefixados", afirma. Ele ressalta que, caso o investidor opte por produtos prefixados da renda fixa, a recomendação é de que sejam escolhidos investimentos com vencimento próximo ao objetivo de dois anos. "Neste caso, considerado o curto prazo, os aportes mensais ficariam na casa de R$ 3.900", declara.
O planejador financeiro considerou na simulação que o investidor terá o valor de R$ 100 mil líquido, descontados eventuais impostos dos investimentos realizados. A alíquota de 15% (percentual médio) foi utilizada, uma vez que é a menor alíquota cobrada atualmente nos produtos que possuem cobrança regressiva (com exceção de produtos de previdência).
Independentemente do prazo definido para o acúmulo de dinheiro, a educadora financeira Lai avalia que o maior risco é ter uma carteira de investimento desalinhada com o perfil de investidor. Por exemplo, ser conservador e montar uma carteira arrojada. "No primeiro abalo o resgate é feito sem pensar duas vezes, ou seja, o investidor vai confirmar a perda", diz.
Não desvie do objetivo
Outro erro de quem quer aumentar o patrimônio de forma planejada é desviar do objetivo, o que Lai chama de "já que".
"A pessoa avalia que não está tendo sucesso no investimento ou que não tem perfil para juntar dinheiro e começa a deslizar no planejamento financeiro, acionando o 'já que'. 'Já que fez o resgate de R$ 10, no mês seguinte não tem problema fazer de R$ 5'. Ou porque deixou de investir em um mês, acha que tudo bem se deixar de aplicar também no mês seguinte", declara a especialista.
Linero, como planejador financeiro, orienta na mesma direção: afirma que um plano serve para ser seguido, mesmo que o mercado dê sinais de mudança. Segundo ele, é preciso ficar atento ao que motiva a decisão de investir: se um respaldo técnico ou emocional.
"Muitas vezes, quando extrapolamos limites de risco que estaríamos verdadeiramente dispostos a aceitar, sentimos mais certos movimentos —como quedas bruscas—, e tendemos a querer sair daquele investimento, ainda que seja algo momentâneo e a expectativa de recuperação dentro do período previsto para ele", declara.
Entenda o que o motivou a investir em determinado produto e, quando perceber que está prestes a quebrar o plano, volte a ele e veja se os fundamentos que motivaram a investir naquele produto se mantêm ou não. É no plano que você terá as respostas para ficar ou sair de um investimento.
Theo Linero, planejador financeiro CFP pela Associação Brasileira de Planejamento Financeiro (Planejar)
Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.
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