Xepa na Bolsa: 15 ações baratas para investir ainda em fevereiro
O Banco Central (BC) anunciou, na última quarta-feira (2), o aumento da taxa básica de juros, a Selic, em 1,5 ponto percentual, para 10,75% ao ano, o que incentiva investimentos mais conservadores (como a renda fixa) além do período eleitoral que está por vir. Mas, em meio a essas adversidades, é possível encontrar ótimas opções de rendimento na Bolsa de Valores.
Pensando nisso, o UOL conversou com analistas para listar as melhores oportunidades entre as 15 empresas que apresentaram ações baratas no mês de janeiro e que, portanto, podem ser excelentes investimentos. Confira abaixo.
Ações que mais caíram em janeiro
- Locaweb: -26,29%
- Alpargatas: -21,10%
- Irbbrasil: -18,66%
- Embraer: -14,68%
- Braskem: -14,68%
- Positivo: -14,13%
- Rumo: -12,05%
- Natura: -10,74%
- Méliuz: -10,79%
- Via: -10,79%
- Minerva: -10,10%
- Banco Inter: -9,07%
- SulAmérica: -7,60%
- JBS: -7,54%
- Sabesp: -7,02%
Os dados são da Economática. Especialistas entrevistados também mencionaram companhias que estão fora da lista acima, mas que representam uma boa chance de lucros ao pensar no longo prazo; além de ações que devem ser evitadas no momento.
Natura (NTCO3) e Rumo (RAIL3)
Assim como as varejistas, a Natura (NTCO3) foi afetada pela crise econômica no Brasil. Mas para Fernando Ferrer, analista da Empiricus, a empresa pode se recuperar no longo prazo.
"A Natura atua em um segmento de uma classe social mais baixa e que tem sofrido com essa alta de juros, inflação elevada e redução de estímulos pelo governo. Além disso, há todo o 'turnaround' [correção de rota] que ela está fazendo na Avon, o que traz impactos [negativos]", diz.
Ferrer vê um cenário similar para a empresa de logística Rumo (RAIL3). Os negócios da companhia foram afetados pela quebra de safra em diversas regiões produtoras no país.
Se o investidor tiver um viés mais de longo prazo, e não um ano ou dois anos, mas de três a cinco anos, acredito que existe valor na Rumo e na Natura.
Fernando Ferrer, analista da Empiricus
Além disso, como apontam Pedro Bruno, Lucas Laghi e Gabriela Ferrante, analistas da XP, em relatório, a Rumo foi afetada pelo aumento no preço do diesel em 2021. Mas mantém uma boa perspectiva para um horizonte mais longo por conta da demanda pelo embarque de grãos.
Alpargatas (ALPA4)
Com a queda acima de 20%, investir em ações da Alpargatas (ALPA4), empresa que controla as marcas de calçados Havaianas e Osklen, é motivo de controvérsia entre os especialistas. Apesar do crescimento de 34,1% do lucro líquido no terceiro trimestre (R$ 155,5 milhões), a operação para a compra da americana de calçados Rothy's por US$ 475 milhões (cerca de R$ 2,36 bilhões) em dezembro teve o preço questionado.
O head de renda variável da Levante Ideias de Investimentos, Flavio Conde, diz que as quedas recentes da ação foram acima do esperado. "A Alpargatas tem aumentado as vendas e a lucratividade. Além disso, conta com uma estratégia muito boa para expandir os negócios no exterior. O papel caiu de forma exagerada", afirma.
Por outro lado, Ferrer aponta dúvidas sobre os negócios. "A Alpargatas sofre por alguns motivos, como o aumento do custo de matéria-prima, o mercado consumidor mais sensível a preço e a aquisição realizada nos EUA, que não foi bem recebida pelo mercado. Uma aquisição muito cara e que não se sabe quanto de valor vai gerar para a companhia", declara.
Sabesp (SBSP3)
Em momentos de crise e incertezas na economia, o segmento de utilities (serviços essenciais, como água, gás e energia) é visto com bons olhos como uma estratégia de defesa da carteira.
Bruno Komura, analista da Ouro Investimentos, vê o segmento com boas perspectivas. Mas, por se tratar de empresa de capital misto, pode ser interessante esperar o resultado do pleito eleitoral para investir na Sabesp (SBSP3).
"A grande expectativa para a Sabesp seria a capitalização e privatização, que não devem ocorrer tão cedo. É preciso aguardar o resultado da eleição para governador para, somente a partir daí, começar a pensar no que pode acontecer", afirma.
Komura aponta também a possibilidade de a Sabesp participar de leilões de saneamento, o que poderia aumentar o valor de mercado da empresa. Já Conde, da Levante, vê o preço com desconto e como uma boa oportunidade.
A Sabesp está no radar para ser privatizada. Não deve ocorrer neste ano de eleições, mas será um fator positivo para a companhia caso venha a acontecer.
Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management
Varejistas e empresas de tecnologia exigem cautela
As empresas de tecnologia têm enfrentando um momento de correção dos valores em todo o mundo, incluindo a Nasdaq —índice da Bolsa americana que é referência neste segmento— e aquelas listadas no Brasil. As dúvidas estão relacionadas aos potenciais de geração de valor desses negócios no futuro.
Conde, da Levante, explica que o impacto é maior para as companhias listadas no Ibovespa, já que o mercado e as oportunidades para investimentos neste ramo estão menores. Entretanto, no caso do Banco Inter (BIDI4), o analista aponta que o recuo se deu porque um fundo do Rio de Janeiro estava alavancado no papel (operando acima dos valores que possui, visando lucro).
"Ela [ação] não está seguindo o balanço e o crescimento de clientes, mas sim o problema com o fundo. Há espaço para melhorar", diz sobre o Inter.
Já Ferrer, da Empiricus, vê com receio a compra de ações do Banco Inter, Meliuz (CASH3) e Locaweb (LWSA3). "O mercado está um pouco mais avesso a risco a essas empresas, que têm um fluxo de caixa mais lá na frente, [que são] notadamente as empresas de tecnologia", afirma.
Já no caso das varejistas, como a Via (VIIA3), há diversas interrogações quanto à sustentabilidade dos negócios. Analistas questionam a estabilidade dessas empresas diante da alta da inflação; da redução do poder de compra da população, especialmente da de classe mais baixa; e do aumento da competição com a chegada de concorrentes estrangeiros, como Amazon e Shopee.
"Ainda é muito incerto o impacto da Shopee e da Aliexpress no mercado brasileiro", diz Komura.
Gonçalvez, da Box Asset Management, orienta cuidado. "Na dúvida o investidor deve optar por ficar de fora ou alocar uma pequena parcela do seu capital [dinheiro] naquela [ação] que deseja, conscientemente, tomar maior risco", declara.
Conde, da Levante, tem uma opinião diferente. Ele entende que o cenário interno ruim já foi precificado nos papéis, com quedas que superaram a casa dos 60% em 2021, a exemplo do Magazine Luiza (MGLU3).
"Muitos investidores exageraram na venda e agora essas ações estão com preços muito atrativos. Elas não vão crescer de 30% a 40%, mas vão crescer entre 10% a 15%", disse ele, em referência também às ações de Renner (LREN3) e Lojas Americanas (LAME4).
Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.
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