Reserva de oportunidade: o que é e como usá-la para ganhar mais?
Diante de incertezas com a guerra na Ucrânia, alta dos preços e eleições à vista, é comum que a busca por opções de investimento mais seguras e com maior liquidez (possibilidade de resgate do dinheiro) seja maior. Para isso existe a chamada reserva de oportunidade —que não deve ser confundida com a reserva de emergência.
Especialistas ouvidos pelo UOL explicam abaixo como a reserva de oportunidade funciona na prática e quando deve ser utilizada para maiores ganhos. Ainda, apontam como e quanto investir nessa modalidade.
Reserva de emergência x reserva de oportunidade
Analistas lembram que a primeira etapa para aproveitar as chances de aumentar o patrimônio mesmo diante de mudanças —sejam elas de cunho político, econômico, setorial ou em empresas— é diferenciar a reserva de emergência da reserva de oportunidade.
A primeira serve para arcar com despesas inesperadas, que surgem, por exemplo, com a perda do emprego ou com um caso de doença na família. Por essa razão, esse é um recurso que deve estar disponível a qualquer momento e garantir os pagamentos das contas fixas por pelo menos seis meses.
Já a reserva de oportunidade deve estar atrelada a um investimento seguro e com liquidez (assim como a reserva de emergência), que pode ser realocado sem causar perdas. Seu objetivo é aproveitar momentos favoráveis para aumentar os ganhos com determinadas classes de ativos.
"Oportunidades de investimento aparecem quando há alguma mudança no cenário. Essa mudança requer por parte do investidor atualizações do portfólio como um todo e, às vezes, pontualmente, para o aproveitamento de algumas oportunidades táticas especificas", afirma José Cassiolato, sócio da Nexgen Capital.
Quando usar a reserva de oportunidade
A reserva de oportunidade pode ser utilizada, por exemplo, quando há quedas no mercado —ou seja, quando um ativo chega a um valor abaixo do potencial apontado por analistas. Agora serviria para reforçar a posição em produtos financeiros atrelados ao dólar, como os fundos cambiais.
Foi assim também em março de 2020, quando começou a pandemia. Naquele mês, a Bolsa de Valores teve perdas de 29,9%. Quem aumentou sua exposição a ações de empresas com potencial de recuperação conseguiu obter ganhos. No final, o objetivo sempre será trazer mais rentabilidade à carteira.
No entanto, como declara Roberto Agi, planejador financeiro CFP e sócio da Alta Vista Investimentos, nem sempre um ativo que se depreciou representa uma oportunidade futura de valorização. "Às vezes o preço está caindo justamente porque não é uma boa oportunidade, por isso quem tem o ativo optou por se desfazer dele", diz.
Como investir
O primeiro passo para identificar uma boa oportunidade, segundo Cassiolato, é fazer uma leitura de cenário e ver o que está acontecendo. Atualmente o que se vê é uma mudança no regime monetário internacional, impactado pela guerra entre Rússia e Ucrânia e pela alta dos preços das commodities (matérias-primas, como petróleo, minério de ferro, milho, soja). O portfólio de investimentos deve expressar esse contexto. Assim, será possível para o investidor alcançar seus objetivos.
Entre as formas de identificar boas oportunidades, de acordo com o sócio da Nexgen Capital, está a comparação dos ativos em termos históricos. Isso permite que se saiba se eles estão baratos ou caros em relação ao valor que o mercado atribui a uma unidade de receita, o chamado valuation.
O especialista afirma ainda que, no caso de ações de empresas, é importante levar em consideração o comportamento do papel em relação aos competidores, ao setor de atividade e às regiões de atuação. São informações que ajudam o investidor a ter uma melhor percepção sobre a real oportunidade.
Onde investir
Cassiolato enxerga nas commodities —em alta por causa da alta generalizada da inflação no mundo e do conflito entre Rússia e Ucrânia— uma possibilidade de aumentar os ganhos. Entre as empresas com ações em Bolsa ele cita a Vale (VALE3) como uma boa opção.
Também estão no radar do especialistas os ativos com proteção contra a inflação, como títulos públicos (Tesouro Direto) atrelados ao IPCA, fundos de inflação, ETFs (Exchange Traded Funds) de renda fixa, Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Letra de Crédito do Agronegócio (LCA), além das debêntures isentas de Imposto de Renda (principalmente as que são emitidas por empresas com boa qualidade de crédito).
Além dos produtos atrelados à inflação, Roberto Agi cita os fundos de investimento imobiliário (FIIs), principalmente os de papel —como são chamados os investimentos de renda variável que investem o patrimônio dos cotistas em instrumentos financeiros com lastro no setor imobiliário (como Certificados de Recebíveis Imobiliários, os CRIs; Letras de Crédito Imobiliário, ou LCI; e Letras Hipotecárias).
Educadora financeira da Open Co, Lai Santiago aponta como oportunidades no atual cenário os fundos cambiais. Não só pelo fato de a moeda americana estar desvalorizada em relação ao real, mas também por servir de proteção no caso de queda da Bolsa —já que os dois ativos costumam ter um comportamento inversamente proporcional.
Assim como os outros especialistas, ela inclui ainda as commodities —aquecidas por causa do conflito geopolítico na Europa, com destaque para o petróleo—, além de investimentos atrelados ao IPCA. "Eles podem dar retorno maior no longo prazo e protegem das perdas causadas pela alta da inflação", afirma.
Quanto investir
Agi prefere não trabalhar com regras na hora de definir quanto deve ser reservado para a reserva de oportunidade. Para ela, o percentual vai depender do momento, podendo variar entre 5% e 15% da carteira. "Um dos parâmetros é o sentimento do mercado. Quando ele está muito otimista, talvez seja hora de aumentar o percentual", diz.
Cassiolato salienta que é preciso tomar cuidado para não deixar que um investimento atraente atrapalhe a estratégia de longo prazo da carteira. Ele declara que a oportunidade é pontual, surge dentro de determinadas condições. Já o que se busca para o patrimônio como um todo deve estar atrelado aos objetivos traçados pelo investidor.
Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.
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