Shopee, Wish e Alibaba: vale comprar ações das varejistas gringas?

Nos últimos anos, a entrada de gigantes asiáticas no Brasil tornou a competição por espaço no setor varejista nacional ainda mais acirrada. Se antes marcas como Magazine Luiza, Lojas Americanas, Mercado Livre, Casas Bahia e Amazon disputavam a atenção dos consumidores entre si, agora as empresas contam com a presença de nomes como da chinesa Alibaba e da singapurense Shopee.
Mas vale a compra de papéis ou BDRs (recibos de ações, normalmente do exterior) de companhias como Alibaba e Shopee? E quanto às ações da americana Wish? Veja a opinião dos analistas ouvidos pelo UOL e saiba o que considerar na hora da aquisição de empresas do comércio eletrônico listadas em Bolsas lá fora.
Cenário adverso para varejistas asiáticas
Nos últimos seis meses, as ações da Alibaba e da Shopee apresentaram quedas acentuadas. A Sea Limited, holding dona da Shopee, tinha suas ações avaliadas em US$ 357,09 na Bolsa de Nova York (Nyse) em outubro, bem acima dos atuais US$ 108,58 —o que representa uma queda de 69,5% em seis meses.
Também listada na Nyse, o Alibaba passou de US$ 168 para US$ 95,49 no mesmo período —um recuo de 43%.
Para além de aspectos econômicos que impactam diversas economias em todo o mundo, como o problema nas cadeias de produção resultante da covid-19 e a disparada da inflação, essas companhias também passam dificuldades particulares.
Segundo Will Castro, estrategista-chefe da Avenue, corretora de valores que atua nos Estados Unidos, desde outubro de 2020 alguns fatores pesam contra a operação da Alibaba.
"Depois de emergir como uma grande vencedora durante a pandemia, a 'Amazon chinesa' recebeu a aplicação de multas para algumas das operações, e viu crescer o peso da regulação do governo sobre diversas empresas de tecnologia, além do desaparecimento durante alguns meses do fundador Jack Ma", afirma.
Atualmente, Alibaba e Sea Limited estão avaliadas em US$ 257,9 bilhões e US$ 60,5 bilhões, respectivamente.
Uma terceira novata estrangeira que vem tendo destaque entre os e-commerces no Brasil é a Wish, plataforma fundada em São Francisco, na Califórnia (EUA), em 2010.
Neste caso, a empresa tem valor de mercado bem menor do que as asiáticas. Hoje, a ContextLogic, sua holding, é avaliada em US$ 1,33 bilhão na Nasdaq. Nos últimos seis meses, o preço das ações passou de US$ 5 para US$ 2.
O estrategista da RB Investimentos, Gustavo Cruz, afirma que o crescimento da digitalização e o maior acesso à internet, aliados ao avanço da logística, fazem desses negócios alguns dos mais desejados por fundos de investimentos globais.
Entretanto, ele diz que é necessário ponderar a respeito da interferência governamental nas operações. "Em 2021, o Alibaba sofreu bastante quando a China passou a observar seus passos de perto e a dizer que era necessário reduzir o poder do mercado privado", declara.
Outra companhia no radar dos investidores é a Shein, varejista de moda da China. Em janeiro, a agência Reuters noticiou que a Shein havia retomado os planos para fazer seu IPO (abertura de capital, ou seja, entrada na Bolsa de Valores) na Nyse em 2022.
Vale adquirir os BDRs das varejistas estrangeiras?
Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management, diz que pesam contra as varejistas dúvidas em relação à lucratividade dos negócios.
"As empresas do varejo operam com margens curtas. Os riscos adicionais dessas três companhias [Alibaba, Shopee e Wish] precisam ser considerados na hora da decisão de investimento", declara.
Como alternativa, o investidor pode buscar negócios mais consolidados, como Costco, Walmart e Dollar General, além da Amazon, diz Gonçalvez.
O CEO da Box Asset Management afirma, ainda, que as BDRs (Brazilian Depositary Receipts) — espécies de títulos que representam as ações de companhias estrangeiras na B3 — de Alibaba e Shopee têm baixa liquidez (possibilidade de resgate imediato) e custos maiores.
Caso o investidor deseje a exposição aos ativos externos, a melhor forma é diretamente por meio de uma corretora no exterior.
Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management
Will Castro, da Avenue, concorda. Negociadas por meio de corretoras brasileiras, as BDRs não têm a isenção do Imposto de Renda (IR), são negociadas em menos dias do que as ações originais e ainda sofrem com o sobe e desce do câmbio.
Uma alternativa de investimento
Para quem está em busca de mais segurança e redução do risco, a alternativa para investir no mercado externo é pelas ETFs (Exchange Traded Funds), que são fundos que replicam determinados índices de referência, como a Nasdaq ou a Nyse.
Com posições em ativos como Amazon, Tesla, Nike e Home Depot, o Consumer Discretionary Select Sector SPDR Fund pode ser uma boa opção, segundo o estrategista-chefe da Avenue.
Quem procura uma opção de comércio online tem como alternativa também o Amplify Online Retail ETF (IBUY), que leva no portfólio companhias como Amazon, Booking, Uber e Airbnb, entre outras.
Este material é exclusivamente informativo, e não recomendação de investimento. Aplicações de risco estão sujeitas a perdas. Rentabilidade do passado não garante rentabilidade futura.
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