Vale comprar ações da Eletrobras, após aprovação de privatização pelo TCU?
Depois do sinal verde para a privatização da Eletrobras pelo plenário do Tribunal de Contas da União (TCU) na última quarta-feira (18), há muita expectativa no mercado em relação ao futuro da companhia e a sua capacidade de gerar retorno para os acionistas.
Ao longo de 2022, as ações ordinárias da companhia de energia (ELET3), com poder de voto, registram alta de 34,2%, cotadas acima de R$ 43,80 nesta sexta-feira (20). Da mesma maneira, as ações preferenciais (ELET6), conhecidas pelo alto pagamento de dividendos, avançaram 33% no mesmo período e hoje estão próximas dos R$ 43.
Mas será que este é o melhor período para adquirir os papéis da Eletrobras? Qual o potencial de crescimento da empresa? As ações devem se valorizar nos próximos meses? Confira a opinião de analistas consultados pelo UOL.
Perspectiva positiva ao investidor
Para o estrategista da RB Investimentos, Gustavo Cruz, a privatização é benéfica para o investidor, principalmente considerando um horizonte de longo prazo. Mas ele pondera que é preciso separar o movimento das consequências de ter a companhia privada.
"Boa parte de o movimento da empresa ser privatizada já está embutido no preço atual. Isso ocorreu ao longo do ano e a Eletrobras é um dos destaques do Ibovespa. Agora, há um afastamento do risco político", afirma Cruz.
Algo igualmente positivo são as medidas da nova administração a partir da capitalização. "Eu entendo que vai fazer com que a empresa se torne mais competitiva, consiga investir mais e aposte em projetos de energias renováveis", diz o analista da RB Investimentos.
De acordo com o jornal O Estado de São Paulo, o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, sinalizou aos ministros do TCU que a oferta de ações deve ocorrer na próxima quarta-feira (25). Pelo projeto, a União deve reduzir a sua participação no capital com direito a voto, atualmente pouco acima dos 70%, para 45%.
Na visão de Marcelo Sandri, sócio e analista da gestora de investimentos Perfin, o crescimento da participação privada deve destravar valor para a companhia e seus acionistas. Essa expectativa se deve ao fato da empresa justamente ter mais liberdade para a adoção de novas políticas administrativas e redução dos gastos.
"Hoje, a Eletrobras é uma companhia altamente ineficiente na gestão das despesas. Comparando com as margens das concorrentes no setor privado, as despesas (calculadas pelo gasto de megawatt-hora de energia) são o dobro. Isso permitirá que a companhia capture muitas sinergias de gestão", declara Sandri.
Ele confia que a empresa pode retomar a sua capacidade e o fôlego para aportes, aumentando, assim, a participação no mercado.
A Eletrobras tem deixado de participar do setor elétrico em um contexto de abertura do mercado livre. Com a gestão privada, a companhia deve recuperar a capacidade de investimentos.
Marcelo Sandri, sócio e analista da gestora de investimentos Perfin
Vale a pena comprar ações da Eletrobras?
Entre os investidores, a grande dúvida é sobre comprar os papéis agora ou esperar o processo ser finalizado, e a privatização, confirmada. Para quem já detém, os analistas indicam manter as ações na carteira.
"Vale a pena manter, pois acreditamos ser algo positivo para o negócio. Os preços alvos desse ativo subiram bastante após a divulgação da privatização", afirma o especialista em renda variável do Grupo Aplix, Kaue Franklin. O analista estima um preço-alvo entre R$ 55 a R$ 58 para empresa.
No entanto, Franklin declara que comprar agora esperando o retorno não é o melhor dos cenários, uma vez que o mercado começa a precificar o negócio com antecedência.
"Se for começar a montar uma posição, pode ser válido. Mas de forma gradual, com a oportunidade de entrar aos poucos", diz.
Por outro lado, quem ainda não possui a Eletrobras no portfólio, o melhor caminho mais indicado é aguardar. Gustavo Cruz, da RB Investimentos, diz que o preço da energia deve ser reduzido ao longo do tempo.
Entendo que ainda há bastante para valorizar. Quem ainda não tem o papel, talvez precise esperar essa definição da questão política. O grande risco desse momento é essa capitalização, que deve ocorrer nas próximas semanas. Feito isso, continua interessante.
Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos
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