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Ganhe com os juros: como escolher investimentos que rendem mais hoje

No cenário de juros altos, a renda fixa segue como uma boa aposta para a carteira dos investidores - Getty Images/iStockphoto/Gearstd
No cenário de juros altos, a renda fixa segue como uma boa aposta para a carteira dos investidores Imagem: Getty Images/iStockphoto/Gearstd

Paula Pacheco

27/06/2022 04h00

A renda fixa tem chamado cada vez mais a atenção dos investidores e, com a publicação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na terça-feira (21), foi confirmada a sua estratégia de manter a taxa básica de juros (Selic) em um patamar elevado na tentativa de conter a disparada da inflação.

Hoje a Selic está em 13,25% ao ano, e o Copom sinalizou na ata que "antevê um novo ajuste, de igual ou menor magnitude" para a reunião de agosto. A última alta chegou a 0,50 ponto percentual. Para especialistas ouvidos pelo UOL, a renda fixa segue como uma boa aposta para a carteira dos investidores não só por causa do atual patamar da Selic, mas pelo ambiente desfavorável para a renda variável, abalada pelas incertezas da economia internacional e no ambiente doméstico. É preciso ajustar a carteira? Quais são as melhores opções? Veja abaixo.

"No cenário atual haverá estrategicamente o aumento de participação dos investimentos em renda fixa na carteira, não apenas pelo menor risco comparado a outros ativos, mas pela maior rentabilidade. Com a alta da Selic, os ativos de renda fixa se tornam mais atrativos, e os investidores tendem organicamente a buscar uma maior exposição nessa categoria de investimento, que comumente é recomendada para todos os perfis de investidor", afirma Ariane Benedito, economista da CM Capital.

Head de Renda Fixa da Alta Vista Investimentos, Mateus Caldasso concorda com Ariane: "Aumentar a fatia na carteira da renda fixa sempre é uma estratégia prudente e que costuma ter bons resultados".

Na avaliação de Daniel Miraglia, economista-chefe da Integral Group, a Selic ainda terá mais duas altas, chegando a 13,75% neste ano. Com isso, a maioria dos investimentos em renda fixa deve continuar com bons resultados.

Caldasso diz que a renda fixa costuma ser o carro-chefe na montagem de qualquer carteira. Para o perfil conservador, a participação média no total de ativos é de até 40%, reduzindo para até 30% no perfil moderado e chegando a 20% no arrojado. O prazo dos investimentos em cada classe de ativos de renda fixa vai depender do indexador.

A renda fixa é composta por várias estratégias, como prefixada, pós-fixada e atrelada à inflação. Segundo Caldasso, no momento de inflação e Selic em alta, a preferência é por títulos atrelados à inflação e com vencimentos mais curtos. No horizonte de um prazo mais longo, no entanto, ele diz que pode haver um recuo na alta de preços.

Quais as melhores opções?

Entre as opções em renda fixa, a classe de ativos mais conservadora é a indexada à inflação, ou seja, ao IPCA, acrescida de uma taxa de juros.

Ainda segundo o especialista da Alta Vista, os investimentos podem ser feitos por meio de títulos isentos, como LCIs, LCAs e debêntures de infraestrutura. Ou ainda em títulos tributados, como títulos públicos, CDBs ou outras modalidades, como letras financeiras. Existe ainda a alternativa do Tesouro Direto, que permite aportes com valor bem baixos, mas há a incidência de impostos e outros custos.

De acordo com a especialista da CM Capital, os títulos referenciados, como CDB pós-fixados, são no momento a melhor opção, devido à flexibilidade de vigência e alta em percentual do CDI (investimentos que prometem pagar o CDI acrescido de uma porcentual).

Isso significa, segundo Ariane, que o mercado oferece taxas atrativas a curto prazo, o que os títulos públicos nem sempre ofertam. Segundo a economista, a tendência é de continuidade da alta de juros a longo prazo, o que torna o cenário vantajoso para o investidor investir a longo prazo em papéis indexados à Selic.

Para títulos de inflação, segundo o especialista da Alta Vista, os prazos menores podem ser mais recomendados. Já no médio e longo prazo, podem ser mais atraentes os títulos que tenham possibilidade de liquidez no mercado secundário. Por exemplo, debêntures de infraestrutura ou CDBs.

Mais importante do que a classe do ativo, diz Miraglia, é analisar a qual indexador ele está atrelado. Os principais são os prefixados, que têm resultados melhores quando os juros começam a cair, as aplicações indexadas ao CDI+ e percentual do CDI.

Já LCI e LCA devem ter uma participação menor na carteira e exigem cautela, principalmente por causa do cenário desafiador que se espera para a economia brasileira, que pode levar ao aumento do endividamento. Por isso, segundo Miraglia, é recomendado fazer a alocação nesses ativos via fundos de investimentos de gestoras que tenham um conhecimento profundo de crédito.

No caso do CDI+ e percentual do CDI, a expectativa é de um desempenho, olhando para um prazo de seis a 12 meses. São, de acordo com o especialista, as menos arriscadas em qualquer cenário. Desempenham melhor quando o juro está alto ou quando existe o risco de subir mais.

Por fim, o investidor tem como opção as aplicações de renda fixa em IPCA+, indexadas à inflação. São recomendadas para que o investidor continue com uma diversificação nesse indexador, segundo o economista-chefe da Integral Group.

"As carteiras que estavam com maior exposição em ativos no exterior ou em bolsa podem fazer um ajuste para aproveitar a melhor relação risco e retorno. Vale lembrar que o investidor deve ter cuidado com o prazo da renda fixa. É importante ter liquidez para comprar bons ativos com descontos quando o cenário desanuviar", sugere Sandra Blanco, estrategista-chefe da Órama.

De uma forma geral, segundo a estrategista-chefe da Órama, todos os ativos de renda fixa, inclusive fundos, estão entregando bons rendimentos. Por isso, na hora de escolher, a especialista sugere ao investidor atenção com as taxas e prazo de vencimento. Vale conferir também quais classes fazem parte do Fundo Garantidor de Crédito, que permite ao correntista e ao investidor recuperar créditos em instituições financeiras em caso de falência, intervenção ou liquidação, dentro dos limites definidos.

E de onde tirar o dinheiro?

Caldasso recomenda, de forma genérica, reduzir a posição em fundos multimercados macro. Focados em ativos variados, como câmbio e ações, esses fundos têm como estratégia a análise de cenários e indicadores macroeconômicos.

O especialista sugere ainda uma parcela menor de aportes em ações, que têm apresentado um desempenho acanhado na Bolsa brasileira e carregam um alto risco.

A economista da CM Capital também sugere que os fundos multimercados, principalmente aqueles com maior exposição em renda variável, percam espaço em aportes futuros. "As incertezas no âmbito econômico global, geram instabilidade no mercado acionário, impactando os resultados dos fundos multimercado e fundos de investimento em ações, que carregam em suas características uma maior volatilidade mesmo em momentos de calmaria", declara.

No momento, completa Ariane, para quem tem alocações em renda variável é recomendado manter posição para não efetivar perdas. Nos casos de novos aportes, completa, a renda fixa é uma ótima opção de recomposição da carteira e diminuição da exposição ao risco.

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