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O que PEC dos Auxílios tem a ver com alta de Magalu e Casas Bahia na Bolsa?

Joa_Souza/iStock
Imagem: Joa_Souza/iStock

Lílian Cunha

Colaboração para o UOL, em São Paulo

12/07/2022 12h48

As ações de empresas de varejo, como Magazine Luiza e Via, dona das Casas Bahia, operam em alta nesta terça-feira (12), na expectativa da votação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) dos Auxílios, que deve liberar R$ 41,2 bilhões até o fim de 2022, ano em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) tentará a reeleição. A votação está prevista para acontecer a partir das 14 horas.

Entenda o que a votação tem a ver com as ações e saiba se elas devem continuar se valorizando.

Por que as ações estão subindo?

A valorização é puxada pela avaliação de que o varejo será beneficiado, visto que o comércio pode ficar com aproximadamente 40% dos recursos, segundo um estudo da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo). A PEC prevê aumento do valor do Auxílio Brasil, inclusão de pessoas que estão na fila do benefícios, ampliação do vale-gás e criação de auxílios para caminhoneiros e taxistas.

Dos R$ 41,2 bilhões, a CNC espera que R$ 16,3 bilhões sejam gastos em compras. Mais de R$ 5 bilhões podem ficar com supermercados, de acordo com a entidade. Outros R$ 2,3 bilhões, com lojas de roupas e calçados, e R$ 1,4 com móveis e eletrodomésticos.

Quem ganha com isso?

Com isso, granes nomes do varejo na Bolsa estavam entre as maiores altas do dia, até as 11h30. Magazine Luiza (MGLU3) liderava, com alta de 9,13%, sendo negociada a R$ 2,87. Via (VIIA3), dona das Casas Bahia, tinha valorização de 4,72%, a R$ 2,44. Natura (NTCO3), que além de fabricar cosméticos também atua no varejo, subia 4,7%, para R$ 14,27, e Americanas (AMER3) era negociada em alta de 3,91%, a R$ 16,22.

"Existe a expectativa de que o setor de varejo se beneficie no curto prazo com os novos auxílios", diz o analista da Terra Investimentos, Régis Chinchila. Mas, segundo ele, alguns ativos do varejo estão bem baratos, o que torna possíveis as valorizações. Como estão custando em torno de R$ 2, muitas ações, mesmo que se valorizem apenas centavos, apresentam percentuais muito altos.

Mas muitos investidores estão realmente buscando comprar mais ações no mercado brasileiro desde a semana passada, conforme explica Luis Novaes, também da equipe de análise da Terra Investimentos.

"Acredito que estejam aproveitando oportunidade em ativos descontados [baratos] e na expectativa de uma diminuição inflacionária à frente, com recuo dos preços de combustíveis e energia, e marginalmente alguma melhor na renda da população e consumo", diz.

Pode ser o fim do ciclo de quedas das ações de varejo?

"O cenário de inflação alta e de juros, além da perda do poder aquisitivo, ainda vai pesar muito no setor. O que acontece é que as ações caíram muito e acabam atraindo pontualmente compradores. Logo esse pessoal troca o pé, e as ações voltam a cair", diz Pedro Galdi, analista da Mirae Asset.

Os ativos das empresas de varejo foram um dos mais penalizados este ano. Via e Natura foram as que mais perderam, com queda de 76% acumulada desde 3 de janeiro. Magalu despencou 57%, e Americanas, 75%.

Por que PEC também pode prejudicar o comércio?

Na verdade, a PEC pode piorar a situação dessas empresas no longo prazo, segundo Wagner Varejão, especialista da Valor Investimentos. "No curto prazo, a PEC beneficia, mas essa conta precisa fechar. Se o governo gasta mais, o reflexo direto disso é o aumento de juros. E isso pode prejudicar ainda mais essas empresas", afirma.

A própria CNC alerta para isso. "Há efeitos reversos esperados, principalmente aqueles decorrentes do prolongamento do aperto monetário [alta dos juros]", publicou a confederação, junto com a pesquisa.

A CNC lembra que, na próxima reunião de agosto do Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, espera-se que o Copom eleve a taxa de juros em 0,5 ponto percentual, levando a Selic a 13,75% ao ano.

"O encarecimento do crédito tende a neutralizar parcialmente os efeitos positivos da PEC de forma gradual, podendo, em um caso mais extremo, anulá-los após nove ou dez meses de juros a 13,75% ao ano", publicou a entidade

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