Pão de Açúcar e Carrefour apanham de inflação, mas uma ação se destaca
Ao contrário dos concorrentes Carrefour (CRFB3) e Assaí (ASAI3), que tiveram lucro no segundo trimestre, o Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) ficou no prejuízo. Focado no segmento premium, o grupo teve vendas crescendo menos que as despesas.
Assim, a empresa dona das bandeiras Extra, Pão de Açúcar Minuto e Compre Bem amargou prejuízo de R$ 172 milhões entre abril, maio e junho deste ano.
Focado num consumidor mais exigente, que gosta de produtos mais caros e de maior diversidade de itens, o GPA até conseguiu um aumento de vendas. O faturamento foi de R$ 10,11 bilhões, 9,3% a mais na comparação anual.
Resultados mostram tamanho do prejuízo "Registramos uma receita bruta com avanço de 6,3% (excluindo os postos de combustíveis), com destaque para a retomada do crescimento do Pão de Açúcar, registrando aumento de fluxo de clientes e ganhos de participação de mercado no mercado premium", destacou o presidente do Pão de Açúcar (GPA), Marcelo Pimentel.
O problema foi que houve uma piora das despesas financeiras pela alta de juros. Além disso, o Pão gastou mais para vender. Houve um maior gasto com promoções e com a logística, destacou o Itaú BBA. O custo do transporte, com o aumento do preço da gasolina, também influenciou.
O resultado foi impactado por aumentos de 63,2% nas despesas financeiras e de 11,4% nos gastos com vendas, gerais. As despesas financeiras somaram R$ 519 milhões e as de vendas, R$ 1,9 bilhão.
O destaque positivo do trimestre para o GPA foram as pequenas lojas de bairro, que passaram a vender mais produtos perecíveis, como frutas e legumes. O formato de proximidade teve alta nas vendas de 13,6%.
Como está a inflação? A prévia da inflação, medida pelo IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor - Amplo 15) desacelerou a 0,13% em julho, após registrar 0,69% em junho. Foi a menor variação mensal em dois anos, desde junho de 2020 (0,02%).
Considerando o acumulado dos últimos 12 meses, porém, o índice tem alta de 11,39%. O resultado está muito acima da meta do BC (Banco Central) para a inflação neste ano, de 3,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos — ou seja, variando entre 2% e 5%.
E a concorrência? Os rivais - que focaram em vender para um público à procura de preços mais baixos - tiveram lucro. O Carrefour, dono do Atacadão, teve lucro líquido de R$ 600 milhões no segundo trimestre de 2022, uma alta de 1,2% ante o mesmo período de 2021.
Consumidores buscando produtos mais acessíveis - como frutas amassadas, marcas próprias e carne suína versus a bovina - ajudaram o Carrefour Brasil. Sem o Grupo Big - ex-Walmart, que terminou de ser comprado pelo Carrefour em junho - o lucro teria sido ainda maior.
A rede de atacarejo Assaí lucrou R$ 319 milhões no segundo trimestre, 21% a mais que no mesmo período do ano passado. O irônico é que até 2020 o Assaí pertencia ao GPA. A separação da operação foi feita há quase dois anos, em setembro daquele ano. No ano passado, o grupo Pão de Açúcar também desistiu do formato de hipermercados e vendeu as principais lojas da bandeira Extra Hiper para o Assaí.
Carrefour vende mais fruta amassada No Carrefour, houve um crescimento de 82% na comparação entre os segundos trimestres de 2022 e 2022 no que a empresa chama de "produtos únicos": aqueles que não atendem aos padrões usuais em termos visuais, mas são adequados para consumo e vendidos a preços com desconto. Trocando em miúdos, são frutas, verduras e legumes com algum amassadinho, alguma pequena avaria, mas que ainda são bons para o consumo e que o Carrefour vende com desconto.
Outros alimentos mais em conta também foram destaque. Veja a análise das ações do Carrefour aqui.
Diferença no preço do carrinho se reflete nas ações Desde o começo do ano, as ações do GPA caíram 24,51%, enquanto as do Carrefour tiveram alta de 26,12%. As ações do Assaí tiveram alta de 25,79%.
E como tudo isso se reflete nas ações? Os resultados mostram que o GPA está tendo dificuldades e por isso, nesta quinta-feira (28), por volta das 13h30, as ações estavam em queda de 3,92%, indo para R$ 15,68.
Para o Itaú BBA, o preço do papel pode subir para R$ 32 em um ano, mas o risco é muito alto, principalmente por conta do cenário de juros altos e inflação, que aumentam as despesas do grupo. Por isso, o banco classifica o investimento em PCAR3 como neutro: melhor não comprar, nem vender.
Para a Ativa, a PCAR3 ainda é uma boa compra. A empresa estima valorização até R$ 40,10. Para a Eleven, também é compra, com preço alvo de R$ 28.
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